porque ter um diário

eu tenho a sensação que o Austin Kleon já escreveu um post sobre tudo o que tem na minha cabeça sobre escrita, e dessa vez não foi diferente. já trombei mais de uma vez com o post que ele fez sobre ter um diário e porque isso é uma parte tão importante do trabalho dele (inclusive, ele já deu a letra de como ele faz isso, também).

no começo do ano, eu passei a fazer as morning pages, que descobri primeiro num vídeo da Aileen Xu, pra depois saber que veio do livro (incrível) O Caminho do Artista (um dia eu termino de ler, juro!), e meio que entendi isso como escrever um diário. afinal, colocar no papel tudo o que você pensa, sem filtro, e todos os dias, consiste mesmo nesse exercício.

com a tal Grande Crise Criativa de 2018™, eu tomei um capote do cavalo e larguei mão das morning pages. fazia de vez em quando, dia sim, dia nunca mais, e perdi o ritmo mesmo. Eu comentei no post das pequenas metas pra semana que retomei um pouco o hábito, num estilo um pouco diferente, mas que tava funcionando pra mim: escrever 10 minutos, sem parar, todos os dias. isso tem rendido, em média, uma página completa de um caderno A4. não são as 3 folhas que a Julia recomenda, mas tem rolado todo dia, certinho, e quero tentar manter.

somado a isso, eu percebi um movimento diferente com o meu bullet journal. também já tinha comentado por aqui que ele tem ficado meio artístico e eu tenho sentido um prazer real em montar os spreads da semana, completar os espaços em branco com frases importantes que eu tenho escutado durante os meus dias, preencher o habit tracker direitinho… enfim, separar um tempo pra colocar coisas que me tocam, de verdade. de novo, não deixa de ser um diário, já que o bullet journal, como eu também já comentei por aqui, é uma mistura de agenda com diário, né?

não sei muito bem onde vou com tudo isso, mas o que eu queria dizer é que eu tenho percebido um desejo real de começar a manter diários. inclusive, recebi aqui em casa um caderninho fofíssimo da papelaria Infinito Criativo, pra me ajudar com um desafio super legal que eles lançaram pra esse mês (e que eu vou participar), e me deu um comichão de transformar esse caderno num diário estilo colagem. a Melzinha tem feito isso com um caderninho também, além do bujo dela, e fiquei muito empolgada com a ideia de ter um segundo caderno, onde eu só coloco frases inspiradoras, poemas, anotações… não sei. inclusive, me fez pensar que o meu próximo caderno pra bujo seja um no estilo aqueles da A.craft, em que eu consigo juntar vários caderninhos debaixo da mesma aba e usá-los com propósitos diferentes. vamos ver.

de qualquer maneira, esses tempos que eu fiquei sem escrever as morning pages e usando o meu diário em tópicos meio que no automático, me fez pensar em como esse hábito é legal e como ele pode ser importante. por isso que escrever as morning pages é uma das minhas metas pra primeira semana de setembro, mas ter um diário também vai ser a minha meta do mês. não importa a forma de fazer isso, se vai ser no bujo, se vai ser nas páginas matinais mesmo ou nesse novo caderninho que eu tenho vontade de montar, mas, com certeza, vai acontecer.

tem duas coisas nesse processo todo que eu acho muito legal:

1. escrever num diário me ajuda a ficar com a mente menos barulhenta: tipo, eu percebi que acordo com a cabeça cheia de coisa, e quando eu coloco no papel (mesmo que parcialmente e com o tempo contado) o que tem aqui dentro, fica mais fácil de focar nas coisas depois. parece que sai uma nuvem da frente dos olhos e eu fico mais tranquila.
2. é um registro do meu processo: eu já contei pra vocês sobre o curso que eu faço na Coexiste, mas, independente dele, manter um diário é tipo manter um registro do momento em que eu tô, do que eu tô passando, os passos que eu dei, quais são os meus enroscos e como eu consegui resolvê-los. e por mais que, lá na frente, isso não seja usado, eu tenho todo o meu caminho registrado no papel.

tem mais uma coisa interessante que é: as coisas nunca parecem tão sérias quando elas são passadas pro papel. eu acho que os monstros são muito gigantes na minha cabeça, mas na hora que eu escrevo cada um, eles ficam do tamanho de um camundongo. bem pequenininhos mesmo, e meio sem sentido. dá até uma vergoinha de perder a minha paz por causa dessas coisas, sabe?

sei lá, acho que o meu objetivo com isso é muito de incentivar a reflexão. não sei se você já reparou, mas a gente passa os nossos dias meio sem prestar atenção nas coisas, mas se eu me proponho a anotar, a escrever, a colocar numa folha de papel – o que seja -, eu meio que preciso prestar atenção. e, aí, fica meio fácil você generalizar a lição e querer prestar atenção em mais coisas (mesmo que com a desculpa de querer colocar no seu diário depois).

‘ah, mas eu já tenho um bullet journal, vou ter mais um caderno?’

se você achar que é válido, sim! eu tenho um caderno separado pras páginas matinais. a Rachel Miller (autora do livro Diário em Tópicos – que é incrível, recomendo a leitura!) escreve o diário no próprio bullet journal, fazendo algumas anotações sobre o dia dela ali mesmo. o Austin tem vários cadernos diferentes, incluindo um arquivo de furtos (eu amo tanto essa ideia!).

menos regras, mais registros. se você acha que é importante pra você e que te faz bem, é claro! acho que pode ser um treino legal, né?

você tem um diário? curte escrever nele todos os dias?