cotidiano

Olhando as pessoas passearem pela Av. Paulista, enquanto eu tomo um chá preto tall (quente, claro) no meu Starbucks preferido, eu acho difícil encontrar alguma coisa na vida que não vale a pena. Olhando pra esse monte de gente, cada uma com as próprias ideias na cabeça, indo de um lado para o outro, aproveitando o sol e só… Sei lá, vivendo, de alguma forma, é algo que me deixa bem emocionada (sim, sou dessas).

Diário #65 - Um meme e uma reflexão sobre existir

Por muito tempo, e você já tá careca de saber disso, eu não sabia o que era viver. Ou, pelo menos, era isso que eu acreditava. Eu tinha certeza que eu era aquele meme da internet que se pergunta ‘será que estou vivendo sou só existindo’. Pra mim, eu estava ‘só existindo’, como se isso fosse uma coisa ruim, sabe? E na minha cabeça era mesmo.

Acho que todo mundo tem essa ideia de que viver e existir são coisas diferentes, sendo uma delas melhor do que a outra. Se você está por aí fazendo coisas, construindo alguma coisa, criando alguma coisa, fazendo outras coisas com outras pessoas, viajando, etc., etc: você está vivendo. Agora se você acha que não está fazendo coisa alguma, parada no mesmo lugar, com aquela sensação de bloqueio, então você está só existindo. E aí, minha amiga, a perda é sua, claro.

A gente acha que ‘viver’ está totalmente ligado ao ‘fazer’. Você tem que fazer alguma coisa pra viver de verdade. Vai pra balada, beija uns carinhas, vai viajar, conhecer o mundo, sei lá, vai fazer uma pós-graduação em história da Polinésia, vai aprender a andar de bicicleta ou aprender a tocar um instrumento. Não fica parada aí sem fazer nada.

E a sensação de que eu não estava fazendo nada parecia me matar um pouquinho a cada dia. Eu usei – e muito – a minha depressão como uma desculpa pra não sair do lugar. E mesmo quando me esforçava pra isso, eu não queria de verdade sair dali. E não é que isso é ruim, eu só acreditava muito que precisava fazer de algo pra viver e quando não fazia eu me sentia muito culpada, me sentia pior ainda e aí…. O ciclo é eterno.

Até que eu entendi que fazer as coisas não é segredo da felicidade. Nem de perto, muito menos de longe. Se a gente existe, e digo isso no sentido literal mesmo, de existir (oi, eu existo e você também, viu?), então, pronto. Tá tudo feito. A vida é incrível por si só, ela não precisa de mais nada. Ela já é, entende? Ela é incrível e perfeita e a gente só precisa usufruir pra conseguir tudo o que ela oferece. Não precisa fazer nada.

Mas a gente é bem tipo formiguinha no formigueiro. Não consegue ficar parada e não entende que não fazer nada é fazer alguma coisa tanto quanto andar de bicicleta na Paulista no domingo de manhã. Essa sensação não está aí. Não tem nada a ver com o seu currículo ou com quantas línguas você sabe falar.

Tem horas que a gente não sabe mesmo como fazer pra sair dessa sensação ruim de ‘eu só existo, eu não vivo’, mas é fácil: é só lembrar que você é perfeita como é, sem tirar nem pôr, por mais clichê que isso possa parecer. Você não precisa melhorar, você já tão incrível quanto possível. A gente tem que usar essas coisas todas desse mundão só como um lembrete: a gente tem que lembrar as outras pessoas que elas são tão incríveis quanto a gente, porque elas esqueceram.

Assim como eu uso esse blog pra lembrar você. E você usa os seus comentários pra me lembrar. A gente tá sempre junto, sabe? Tem que parar de acreditar que todo homem é uma ilha e lembrar que, na Vida, é tudo farinha do mesmo saco. E isso é o mais incrível de tudo.

BEDA2016

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Marina  em agosto 20, 2016

    <3! Nunca levei muito a sério essa perguntinha do vivendo ou existindo, porque as pessoas que falam isso sempre acham que "viver" é ir pra balada pegar vários caras, ou viajar pelo mundo, ouvir música alta e fazer coisas que eu não gosto (gosto de viajar, lógico, só não tenho grana pra isso). Pra mim fazer esse monte de coisa e dizer "estou vivendo" é tentar tapar o sol com uma peneira. na verdade me parece um estilo de vida meio falso, mesmo que seja divertido fazer essas coisas, você não vai fazer todo dia, e vazio vai aparecer de novo. viver é isso aí, num dia sentada lendo um blog, no outro se divertindo com amigos, depois sem nada para fazer dentro de casa… qualquer coisa que fuja a isso é novela.

    • Maki  em agosto 22, 2016

      sim, isso é muito verdade, Marina! mas viver vai além sabe. na real é fazer qualquer coisa em contato com o que a gente é de verdade, com a vida que tá dentro da gente, sabe? nisso até ficar em casa sem nada pra fazer se torna uma coisa alegre ♥

  2. Juliana Rosa  em agosto 15, 2016

    sim! enquanto lia seu texto lembrei daquela frase: “viver não está no lattes”. acho incrível ela!

    a gente tem muita dificuldade em lidar com o vazio, né? tá tudo na nossa cabeça. eu me surpreendo muito com o potencial que nossa mente tem, tanto “bom” quanto “ruim”.

    beijo, maki!

    • Maki  em agosto 15, 2016

      nossa, você falou tudo! a nossa cabeça tem um potencial incrível de criar coisas que não existem. e a gente fica preso nessas coisas num nível que é difícil sair, né?