internet

eu criei um hábito muito traiçoeiro, tempos atrás, de entrar nas redes sociais a cada cinco minutos, no intervalo entre uma tarefa e outro no trabalho. hábito esse que por lado era importante e, por outro, muito exagerado: eu preciso ficar de olho no que está rolando no mundo, mas também não tem necessidade de ficar colada no Twitter 24 horas por dia. como a minha carga de trabalho diminuiu, e eu fiquei meio ‘ociosa’ (mentira, porque não tenho nada que achar que tô sem coisa pra fazer), e achando que é ok perder mil horas nas redes.

daí, olhando pra toda a bagunça que tá rolando nos últimos dias e levando em conta a experiência que eu tive quando um texto meu viralizou, eu me peguei pensando (bem Carrie Bradshaw mesmo) como é fácil a gente sentir raiva do que tá lendo. eu vejo as mensagens em caps no Facebook e já imagino as pessoas gritando, cheias de raiva, falando a torto e a direito as suas opiniões, pra todo mundo ouvir (quer dizer, ler). no Twitter, em momentos de crise, o riso rola solto, mas a raivinha tá lá também, meio escondida, a tal da indignação.

longe de mim dizer que todo mundo tem que ser  um poço de positividade online – a gente já sabe muito que as coisas não funcionam assim nesse mundão. mas, ao mesmo tempo, eu precisei olhar para o que eu estava sentindo e tomar uma decisão: ou eu continuava alimentando esse hábito e, de quebra, essa raiva, ou então eu desistia desse sentimento e passava a adotar uma postura de observadora. eu comecei a olhar mais e falar menos e, quando falo, penso muito bem antes de escrever.

eu comento o tempo todo sobre como a gente tem que colocar mais amor e compreensão na internet e isso não muda em momentos assim. na verdade, foi bem um lembrete de como eu estava me deixando influenciar por essa sensação e aprendendo a alimentar essa raiva basal que a gente sente toda vez que vê uma notícia de política no jornal. isso tudo não significa que a gente tem que deixar de prestar atenção no que está rolando, mas não deixar essa vibe virar uma norma (o que é muito comum, né?). dito isso, toda essa experiência me fez aprender algumas coisinhas:

1.comentários são combustível de raiva

não tô falando de comentários como os que eu recebo no blog (muito amorzinho ♥) ou então aqueles dos nossos amigos e pessoas com quem conversamos online. tô falando dos comentários de portais de notícia mesmo. eu já falei um pouquinho sobre isso no texto sobre a minha matéria de 13 Reasons Why (clica aqui pra ler), mas é sempre bom lembrar o quanto ler os comentários automaticamente coloca a gente numa posição de ataque e defesa (que, no fundo, são a mesma coisa): a gente briga para defender o nosso lado, o outro briga para defender o dele.

2.positividade atrai positividade

eu sempre ri daquela história d’O Segredo até o dia que estava assistindo o documentário sobre e pensei ‘nossa, queria muito um doce‘ – e lá veio minha mãe com uma panela de brigadeiro cinco minutos depois. é um exemplo bem tosco e muito superficial, mas é assim que a coisa funciona: se você despeja raiva, a raiva vem atrás de você. positividade atrai positividade, amor atrai amor e assim vai.

3.a internet legal é a gente que faz

não tem como eu só querer ver coisa linda e incrível na internet o tempo inteiro. eu posso fazer o máximo para não me expor a coisas que me façam mal, mas a real é que é a maneira como eu vou lidar com as coisas ‘ruins’ que importam. ok aparecer uma notícia polêmica na timeline, mas eu vou engajar numa briga, numa raiva ao ler o texto ou eu vou observar o que tá rolando, entender os fatos e seguir em frente? pois é.

4.a gente tem que lembrar que tem alguém do outro lado da tela

o foda da internet é que a gente esquece mesmo que tá falando com outras pessoas, sem vê-las. por isso parece que todo mundo tá gritando no escuro, sem saber exatamente com quem tá falando ou então quem tá lendo o que você escreve. dizem por aí que palavras doem mais que armas e a gente sai distribuindo coisas ruins o tempo inteiro, achando que não tem ninguém lendo e ninguém absorvendo o que a gente tá falando. é muita ingenuidade nossa achar que ninguém observa o que gente faz.

5.a gente tem que se olhar com mais carinho

a gente é crente que as pessoas se enxergam, se veem, mas na real não é isso o que acontece. cada um tá lutando contra os próprios demônios, tentando entender as próprias loucuras e isso fica muito claro quando você começa a perceber o tanto que coisa triste e nociva que tem online. quando a gente se interessa em entender porque o outro pensa como pensa, como ele pensa e porquê pensa, fica mais fácil de sacar que tudo tem um motivo, uma história por trás. e aí a gente sente compaixão. e quer ajudar e não atacar, entende?

a gente é e sempre vai ser livre para pensar e dizer o que bem entende, onde quer que seja, mas que que custa a gente fazer isso com um pouco mais de carinho, com um pouco mais de amor? por que insistir em reclamar e brigar quando a gente pode tentar fazer diferente e mostrar pros outros que o mundo não é um lugar tão horrível quanto a gente imagina?

me conta uma coisa: como você faria para colocar mais amor na internet?

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Escrito pelaMaki
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