afinal, o que é esse curso que eu faço na tal da Coexiste?

a Coexiste é a embaixada do Céu na terra.

é, eu sei o que você está pensando agora, fitando a tela do computador ou do seu celular com um olhar incrédulo e uma expressão de ‘até parece‘, obviamente imaginando que eu estou sob o forte efeito de drogas ou alucinógenos, ou ainda que comi doce demais e estou falando asneiras sob aquele torpor característico que só um bom e velho sugar rush pode proporcionar a qualquer um. e, há três anos, eu concordaria com você. fecharia com violência a janela do navegador e passaria o resto do dia resmungando que o mundo está cheio de loucos e que a gente precisa parar de alimentar a loucura alheia.

acontece que, como você bem sabe, há três anos eu estava depressiva, com fortes tendências suicidas, e o que eu mais fazia era passar o dia comigo mesma e os meus pensamentos infantis, ao mesmo tempo que xingava muito no Twitter sobre assuntos absolutamente irrelevantes para a humanidade. e digo isso com toda a tranquilidade que um coração razoavelmente curado pode dizer, porque são os fatos.

daí que, de dentro dessa minha bolha esquisita, com sensações horríveis e muitas lágrimas derramadas sobre a fronha já encardida do meu travesseiro, eu fui convidada pra assistir uma palestra em um lugar diferente, que eu só sabia que era muito longe da minha casa, e que iria até tarde. não lembro muito das conversas sobre o assunto, só que eram com uma das minhas melhores amigas de todos os tempos na época e eu confiava nela a ponto de contar todas as doideiras que passavam na minha cabeça – então, talvez, eu devesse dar atenção ao que ela tava falando.

foram seis meses do que eu imagino ser insistência dela e resistência minha até eu ir no tal lugar longe. até então, a minha cabeça era uma chuva de ‘nãos‘. ‘não dá, é muito longe‘, ‘não dá, acaba tarde‘, ‘não dá, tenho outras coisas pra fazer‘, ‘tenho que trabalhar‘ (mentira), ‘tenho terapia‘ (mentira), se pá cheguei a dizer uma vez que minha avó tava doente e tinha que ficar em casa (também era mentira).

mas eu fui. numa noite de janeiro, eu usava um moletom surrado e os óculos e tinha olheiras e tava com uma cara horrível. se vir o vídeo da minha primeira participação no programa A Verdade Está No Ar, eu acho que começo a chorar imediatamente por causa do meu estado – e é capaz de eu nem aparentar estar tão mal assim, mas eu sei exatamente o que eu sentia naquela época.

uma das primeiras frases que eu ouvi de verdade dentro da Coexiste era uma citação de Einstein (se minha lembrança não falha), e dizia algo sobre como era absurdo não duvidar das coisas, principalmente o que estava ouvindo ali, e eu pensei ‘fodeu, porque nada do que as pessoas estão me falando aqui parece absurdo’. na verdade, tudo me pareceu bem razoável e eu fiquei meio chocada com o dia seguinte – porque foi a primeira vez em muito tempo que eu vi cores.

não tô nem exagerando, e lembro de dizer pra minha amiga que eu tava enxergando tudo em HD. mal sabia eu que ali começava um processo que, três anos depois, me tornaria tutora de dois alunos mais novos do mesmo curso que eu completei no final de fevereiro (e tem até um vídeo contando um pouquinho do Jantar Romântico, lembra?).

foi ali, no dia 8 de janeiro de 2015, que eu dei o primeiro passo em direção a cura. ‘da depressão?‘, você me pergunta? não, da mente. a nossa mente precisa de cura, porque é ela, e só ela, que está doente. o que a Coexiste me deu de presente naquele dia de verão, e também em todos os outros desde então, foi a oportunidade de viver de um jeito diferente do que eu conhecia e do que eu achava que era verdade. do que eu acreditava. eles me mostraram que tudo o que eu sentia tem saída (isso mesmo, tem, no presente) e que é possível olhar pro mundo com outros olhos. enfim, é com olhos bem marejados, em plena madrugada de terça-feira, enquanto escrevo esse texto, que eu digo que eles me lembraram do meu propósito no mundo e porque diabos eu decidi vir pra esse lugar maluco.

é tudo sobre uma vivência (e a gente mostrou isso bem detalhadinho num vídeo incrível que explica sobre o lifestyle da Coexiste), sobre fazer junto e sobre entender que a gente não está sozinho. que temos companheiros fortes com a gente e anjos por todos os lados, que garantem o nosso retorno seguro pra casa.

talvez eu tenha conseguido a sua atenção com esse texto e você esteja se perguntando porque eu decidi fazer um post sobre isso agora, três anos depois de entrar de cabeça nisso tudo. eu também não sei dizer. mas alguém comentou no Instagram que gostaria de ver um post sobre no blog, e eu olhei e falei ‘bom, talvez seja hora mesmo‘, e aí eu cheguei em casa depois de mais uma aula incrível (a primeira que eu assisto pra observar um tutorado e ver como ele aceita o conteúdo) e a inspiração veio, o texto começou a tomar forma sozinho na cabeça e eu pensei ‘Ixi, será que vou ter que escrever isso agora e dormir tarde de novo?‘.

é, acho que sim.

então, cá estou. desconfortavelmente sentada na cama, com a luz do abajur acesa e tentando entender como as palavras estão surgindo na minha mente pra falar sobre um assunto que eu vi com tanta clareza um dia antes, durante o Treinamento de Tutoria, onde eu oficialmente virei tutora e recebi dois alunos pra cuidar.

bom, pra começar. a Coexiste é uma escola. e ela me ensina, todos os dias, a verdade sobre quem eu sou e sobre o que eu vim fazer aqui. e todos os dias, ela me convida a desistir das coisas horríveis que eu penso sobre mim e sobre o mundo pra viver de outra maneira. e, na maioria das vezes, eu topo. em outras, eu fico meio de birra, resisto um pouco, olho torto e tento ficar longe. mas não dura, sabe?

porque o principal que eu aprendi por lá foi a amar e ser amada.

‘amar quem?‘ todo mundo. ‘mas todo mundo mesmo?‘ isso, todo mundo mesmo. e é um treino constante, viu? não é tão simples quanto diziam os hippies (que provavelmente se irritavam com a falta de banho ou brigavam uns com os outros eventualmente). é um exercício diário de olhar de novo, e de novo, e de novo, até eu aprender que tudo o que eu vejo é um reflexo do que eu penso, e pra ver coisas diferentes, eu preciso mudar esse sistema de pensamento doidinho.

é difícil de entender? será que você consegue entender tudo o que eu expliquei até aqui ou será que te perdi em algum ponto do caminho? bom, se você precisa de algo mais palpável pra entender, eu posso dizer com todas as palavras que esse blog – sim, esse mesmo – é um diário do meu processo. olhando lá do começo até hoje, ele conta a minha história e o meu trajeto e tudo o que eu vi nesse meio tempo, começando pela terapia tradicional e depois no curso da Coe, e tudo isso apareceu aqui também – tipo a primeira vez que eu senti o amor.

também escrevo esse post – que já passa das 1200 palavras, diga-se de passagem – agora porque ontem firmei um compromisso com meus tutorados de que ajudaria cada um deles a colocar na prática o que a gente aprende em aula e que eu já vivo hoje. é isso. prática e treino. mas um treino alegre, um treino feliz e um treino junto. nunca sozinho e nunca solitário.

cada palavra que eu escrevi aqui nesses quase quatro anos de blog mostram de onde eu saí e onde eu cheguei – e ainda tem chão pela frente, viu? mas tudo bem, porque eu sei que vai ser feliz e eu sei que isso é o que eu mais quero.

a Coe foi um facilitador do meu processo. sabe essa coisa de você encontrar alguém incrível que faz tudo o que você sempre quis fazer e ainda tem disposição pra te dar umas dicas? ela dá as dicas, eu aceito conforme me permito fazer parte dessa vivência.

talvez esse post esteja com cara de publipost (não é), mas é impossível falar sobre isso sem querer que todo mundo vá pra lá já, porque todo mundo merece viver o que eu vivo e saber que a vida é feliz e que as coisas ruins que a gente sente têm saída. tem mesmo, sabe.

tem gente que já olhou pra mim e disse que eu sou uma pessoa iluminada. eu fico feliz, porque, apesar de ainda não ter chegado nesse patamar, esse é mesmo o meu objetivo e eu vou levar com muita alegria no coração aqueles que quiserem seguir esse caminho também junto comigo. ah, pronto. lá vou eu firmando mais um compromisso com você. mas eu já falei antes que esse blog é um lugar sem segredos e sem melindres, então agora você sabe.

senta direitinho na cadeira, pega uma xícara de chá e respira fundo. eu sei o quanto tudo isso parece loucura e eu tô meio que falando muito mais do que pretendia e o sono tá batendo e nem sei mais quem é que tá escrevendo esse texto de verdade (acho que é meu coração), mas eu só queria dizer que a gente pode fazer parte desse processo juntos. talvez você não queira nunca ir até a Coexiste (e tudo bem), pelo menos você consegue pegar um pouquinho dessa vibe, dessa vivência, com as coisas que você lê por aqui – e se uma palavrinha que seja fizer morada no seu coração, eu já serei eternamente grata pelo caminho que trilhamos juntos.

agora, se você quiser ir, tem jeito, viu? dá pra ver o A Verdade Está no Ar pelo Youtube ou presencialmente (tem só que fazer uma inscriçãozinha aqui – mas calma, que é de graça!), dá pra fazer o Workshop A Verdade Presencial, que é tipo um fim de semana inteiro só falando tim-tim por tim-tim tudo o que a gente aprende por lá, e que é a introdução pro curso básico, A Verdade Presencial. a gente abriu três turmas novas em abril, mas vão abrir outras mais pra frente, fica tranquilo.

‘ah, mas eu não moro em São Paulo‘. tudo bem, dá pra fazer o curso online (que tecnológico, né?). dá pra ser aluno presencial também. dá pra acompanhar só os programas e a gente pelas redes sociais. dá pra pegar a vibe por aqui. dá pra fazer um monte de coisa com a gente porque a gente é seu e você é nosso.

acho que isso resume bem, sabe? vamos num estilo palavras-chave: inclusão, verdade e amor. é isso que a Coexiste ensina. e é isso que eu tenho aprendido nos últimos três anos e pretendo continuar aprendendo por muito tempo ainda.

e o que me deixa de coração tranquilo é que todo mundo, mais cedo ou mais tarde vai ficar sabendo que existe um jeito amoroso de viver, de cuidar das pessoas que a gente ama e, sim, de amar todo mundo da mesma maneira – e é isso que deixa o nosso coraçãozinho em paz.

quase 2000 palavras de texto e só queria finalizar, já com as pernas dormentes e os olhos fechando, que a vida que eu levo hoje é infinitamente mais feliz do que três anos atrás. hoje, onde eu via tristeza, eu vejo uma oportunidade de correção. se antes eu fugia das pessoas, hoje eu conto os segundos pra ficar perto delas e corro do meu quarto vazio e escuro. se eu tinha medo até da minha sombra, hoje eu entendo que as pessoas são amorosas e confiáveis e eu não preciso temer. tá tudo bem com a gente. a gente só precisa de um lembrete, de um momento santo que nos faz acessar aquele lugar escondidinho da mente e que diz assim:

‘eu te amo, e isso é tudo‘.