há um tempo, eu tive uma conversa com uma amiga que falava sobre como eu gostava de encontrar as pessoas na rua, e como isso é comum, morando tão perto de uma galera que tá no mesmo treinamento que eu (lembra que eu falei desse vídeo, que contava um pouco sobre a forma como eu vivo? então).
eu sei que isso vai parecer meio estranho, mas tinha uma época que eu ficava fugindo das pessoas. eu fingia que não via, me fazia de desentendida, saía pela tangente só pra não ter uma conversa que eu considerava desconfortável. a nossa mente funciona de um jeito estranho – ainda mais quando a gente quer se manter isolado, sabe? sozinho. eu achava que gostava tanto de ficar sozinha, na minha, que fugia de todo mundo, até das pessoas que eu gostava, e inventava desculpas mirabolantes pra continuar no meu quarto, enrolada nas cobertas, vendo os mesmos filmes de novo e de novo na Netflix.
é louco como mudar de ideia, mudar o que a gente pensa sobre a gente, tem um efeito absurdo na nossa vida, né? se antes eu fugia das pessoas, hoje eu fico tão feliz de encontrar alguém meio de surpresa na rua que parece até que foi combinado. tipo, imagina a alegria que é ver alguém que você conhece e entregar um pouquinho do seu amor pra ela?
o relacionamento é uma coisa tão absurdamente salvadora, sabe? não é brincadeira isso, porque ele te ajuda mesmo a sair da sua cabeça e perceber que você não tá sozinha. toda a sensação de solidão que a gente tem vem desse lugar isolado, de ficar pensando coisas e alimentando pensamentos ruins que nos fazem duvidar da nossa importância no mundo.
sei lá, hoje eu percebi o quanto eu tô cansada disso, sabe? dessa sensação de solidão, dessa coisa de ficar sozinha, pensando coisas horríveis que eu não consigo brecar, dando atenção pra uma voz estridente que fica gritando por atenção como uma criança mimada de 5 anos. essa coisa de fugir das pessoas, de dizer ‘odeia todo mundo‘, que as pessoas são horríveis, isso é mentira, sabe? não é verdade. você não odeia as pessoas. na real, se você um dia acordasse em um mundo sem ninguém além de você, provavelmente enlouqueceria de solidão, sentindo falta de ter alguém pra conversar.
que alegria que foi, dia desses, quando eu parei num ponto de ônibus esperando o meu para voltar para a casa e a multidão se abriu como numa comédia romântica clichêzona, revelando no meio daquela galera todo alguém que compartilha dessa vida comigo, e a gente veio o caminho inteiro falando de Hamilton e musicais e como a gente ama música.
ou o dia que eu pedi pelo amor de Deus por um sinal, porque tava difícil lidar com as vozinhas enlouquecidas, e me surge outro alguém disposto a me dar um abraço, um beijo e umas palavras de carinho, no caminho pra padaria. os sinais de volta pro nosso lugar quentinho tão em todos os lugares, é só a gente querer ver. não tem essa de ‘prefiro ficar sozinho’. talvez a gente precise mesmo de alguns momentos pra entender o que tá acontecendo com a gente, mas acredite quando eu digo que você gosta muito mais de ficar cuidando de alguém de verdade, vendo e sendo visto, ouvindo e sendo ouvido.
é por isso que eu amo encontrar as pessoas na rua, observar a vida passar, e lembrar que eu não tô sozinha. porque a minha cabeça insiste nessa ideia e eu preciso me lembrar que ela é mentirosa e que todo mundo meu. é só eu querer ver.
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2 Comentários
Maki, você me descreveu perfeitamente no segundo parágrafo (tirando o detalhe do netflix, porque não tenho rs). Eu gostaria de dizer que não sou mais assim, mas a gente está trabalhando nisso hehe
É incrível como você sempre fala de assuntos que eu nunca tinha parado pra pensar mas que estão no nosso dia a dia, nas nossas ações…
Ah e estou adorando te acompanhar nesse BEDA! ♥
Claudiiiaaaa! você sempre tão fofinha nos seus comentários! brigada mesmo por todo esse apoio ♥ e adoro que os meus textos te fazem pensar, é pra isso mesmo que eles servem ♥