isso não deveria ser uma surpresa, né? mas foi. teve um dia que eu mandei várias mensagens pra minha nutróloga, com alguns feedbacks sobre a minha nova alimentação e tudo mais. e falei pra ela que eu tava com dificuldade pra dormir, tava com o corpo bem cansado, sentindo fome o dia todo e o meu cabelo caiu um pouco também. daí ela, com toda aquela calma e bom humor de alguém que acordou às seis da manhã pra responder mensagem de paciente, me pergunta:
marcela, você tá estressada?
eu quase soltei um ‘oi?‘. na verdade, eu acho que soltei mesmo. e falei que aquilo não fazia sentindo algum, afinal, eu tinha todo um treinamento pra ter uma vida mais leve e tranquila. como assim eu tava estressada? não, não, querida nutróloga, sinto informar que você está louca.
ela me explicou que muitos dos meus sintomas tem a ver com estresse e a minha alimentação deveria aliviar tudo isso – e não o contrário. fiquei com a pulga atrás da orelha e fui comentar com a Loma e a Mel, meio brincando, meio sério, o que ela tinha falado. qual não foi a minha surpresa, de novo, ao receber de volta um:
mas amiga, isso é meio óbvio?
daí eu decidi parar pra olhar. e, minha nossa, num é que era verdade? é muito louco como a gente deixa de prestar atenção no próprio corpo de vez em quando e o nível de tensão que eu tava colocando em mim mesma era absurdo. não era à toa que eu tava tão cansada, dormindo mal e até com dor na mandíbula por causa do bruxismo. era estresse mesmo.
e eu parei pra pensar. parece que o fato de eu estar estressada é porque eu tenho muita coisa pra fazer, porque eu trabalho muito, mas isso não é verdade. sabe, assim como eu não sou as coisas que eu penso, eu uso as coisas que estão fora de mim (tipo o trabalho) pra alimentar uma coisa que eu tô sentindo e quero continuar sentido. então, se eu tenho 10 coisas pra fazer na lista de afazeres daquele dia, mas só três horas de trabalho, eu vou ficar maluca falando que tenho que correr muito pra terminar o que eu tenho que fazer e ai meu deus não vai dar tempo alguém me ajuda.
dor no corpo. sono ruim. fome. bruxismo. cabelo que cai.
imagina qual não foi o meu trampo perceber que toda vez que eu começava a escrever um texto, eu tensionava o corpo num nível que chegava a dor. até o rosto. a boca. tudo tenso. e aí o trabalho inverso: relaxar o corpo e a mente, lembrar do porquê eu tava estava escrevendo aquilo e que eu era livre pra fazer diferente.
aliás, a minha meta de abril tem muito a ver com isso, porque era um jeito de eu meio que institucionalizar (a minha nova palavra da semana, como vocês devem ter percebido depois de ler esse post também) essa nova postura na minha rotina. tô conseguindo? olha, vamos continuar observando, mas é um fato que eu não fico mais tão tensa quanto antes, que voltei a dormir melhor e que sempre sei quando eu tô criando uma tensão que não existe.
eu achava que era uma pessoa muito ansiosa até entender que eu mesma tava colocando essa ansiedade toda na minha rotina, nos meus dias. não é à toa que agora me sinto mais relaxa do que antes.
mas que foi um choque ouvir que tava estressada, ô se foi.
foi meio que um choque de realidade, sabe? e eu fiquei muito grata pela minha nutróloga e pela Loma e a Mel por me ajudarem a prestar atenção numa coisa que me causava um desconforto diário e que, de alguma maneira, precisava ser olhado. a gente olha pra corrigir, e hoje eu fico bem mais ligada no que acontece comigo e onde eu tô colocando as minhas energias (vamos combinar, se eu não conseguia dormir e tava com o corpo cansado é porque eu tava colocando MUITA energia nessa doidera, né?).
Foto: Luisa Chequer
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6 Comentários
Estamos juntas!! Eu tbm fico muito estressada mesmo quando a vida parece está tudo tranquilo!! Às vezes por alguma coisa bem besta e que na minha cabeça é o maior problema… Hoje em dia eu consigo identificar de fato quando estou estressada e infelizmente ainda não estou num nível de conseguir me acalmar (pelo menos ainda não sei como fazer isso :/).
Aos poucos estou me conhecendo e vou aprendendo como lidar com o estresse e ansiedade!
Força aí, estamos juntas 😀
Bjão!
Bia, o mais legal é conseguir encontrar pelo caminho ferramentas que ajudam a gente nisso. pra mim, o que mais funcionou e me ajudou a sair desse estresse todo foi primeiro lembrar que eu não sou obrigada a fazer as coisas nervosa e, segundo, que o relacionamento é a única saída pra esses momentos de doidera mental. eu saio pra conversar com alguém, peço uma ajuda, um abraço e lembro que eu não tô sozinha ♥
a primeira vez que falaram que o meu problema era stress eu fiquei muito chocada também. tava acostumada a ouvir qualquer coisa mais “simples”. tipo estar com dor de cabeça porque não comeu, ou com dor no estômago porque não se alimentou direito. ai de repente falam que é stress, que é emocional e tu fica meio WTF. na época ainda peguei aquele tempo turvo e intenso de separação dos pais com mais um combo de outros problemas. só que né, não estudava e acho que na época nem trabalhava. ai meu corpo começou a ter uns colapsos. passei alguns meses desmaiando por “nada”. só que eu sempre achava que era pressão baixa, cansaço, muito sol, qualquer coisa, menos stress. até o dia que eu convulsionei e foi assustador pra caralho. sai correndo fazer mil exames achando que tinha alguma doença série, sei lá. ai minha médica, sabendo da história da família e tudo mais, simplesmente falou “não meu anjo, tu tá é estressada. tu tá tão estressada que teu corpo, pra não te trazer mais problemas de saúde, tá de dando avisos. é como se entrasse em curtos, ai ele desliga” e eu fiquei boquiaberta! na época precisei tomar calmante pra dar uma segurada mas descobrir qual o ponto do problema tornou aquilo um pouco mais fácil de resolver. foi quando sai de casa e tentei me afastar ao máximo do que me consumia até “tudo se ajeitar”. o foda é que a gente acha que vira mestre em entender o nosso corpo, os sinais, mas a verdade é que a gente sempre é pega de surpresa. “como assim tô estressada? mas eu tô bem de boa” HAHAHA é foda!
(talvez eu tenha me empolgado aqui, sorry) ♥
menina, que história mais maluca! tô choquita. mas que bom que agora tá tudo bem e você tá melhor. é louco, porque o corpo dá avisos mesmo, mas a gente insiste em não ouvir, sabe? daí parece que é uma surpresa, mas quando você para pra olhar não tinha como ser alguma coisa diferente disso!
(e amo suas empolgações hehe)
O principal sintoma para eu saber que estou estressada é dormir, dormir e não me sentir descansada.
Ultimamente está difícil mudar essa realidade. Último ano da faculdade está simplesmente destruindo minha saúde mental 🙁
Mas vamos ficar bem <3
menina, entendo! no meu último ano de faculdade eu tava assim também. mas olha, agora tá melhorando viu? passado o mês do BEDA eu acho que consigo descansar mais e pelo menos colocar um pé no freio.