o que aprendi voltando a escrever à mão

as páginas matinais viraram uma coisa tão institucionalizada na minha rotina que eu acho muito estranho quando escrevo menos do que o proposto (acontece com uma certa frequência) ou quando não escrevo (com menos frequência, mas já aconteceu). apesar de fazer bullet journal há três anos, e escrever à mão todos os dias desde então, eu percebi que tem uma diferença quando a gente faz isso por mais do que algumas páginas – como na época da escola, né.

daí que todo esse exercício (já são quase dois meses de páginas matinais, yay!) me mostrou algumas coisinhas bem legais. olha só:

1.o teclado deixou a nossa mente muito doida

tipo, a gente escreve tão mais rápido com um teclado que parece que a nossa mão não consegue acompanhar o que acontece com a cabeça, sabe? fica um gap entre uma coisa e outra e eu me senti meio tonta não conseguindo escrever com a mesma rapidez que eu digito (no meu antigo trabalho falavam que eu era a notinha mais rápida do oeste, pra você ter uma ideia da agilidade de digitação que eu tenho).

tipo, as coisas passavam tão rápido pela caminha cabeça que eu precisei respirar fundo algumas vezes e organizar a cabeça pra saber o que era prioridade, sabe? porque é fácil a gente se perder nessa espiral de pensamentos e não saber o que colocar no papel primeiro. o que me leva à minha segunda lição sobre escrever à mão:

2.é uma forma de meditação mesmo

não tem como negar que eu precisei acalmar a minha mente para saber o que tava passando ali e deixar cada pensamento se apresentar pra ser colocado no papel depois. eu sempre considerei a escrita uma terapia (principalmente a escrita pro blog), mas voltando a colocar a mão na caneta e a caneta no papel, eu percebi como isso é uma terapia de verdade verdadeira.

é por isso que as morning pages acalmam e são um ótimo exercício pra quem tem ansiedade. você precisa colocar a cabeça em ordem pra saber o que tem ali dentro e conseguir olhar pra tudo o que você pensa. é uma meditação porque você para alguns minutos no seu dia pra colocar uma lupa em cima de tudo o que fica girando na sua mente de novo e de novo, e você só consegue fazer isso se acalmar as vozinhas doidas que não param de matracar. ah, e isso me faz lembrar de outra coisa:

3.você nunca sabe o que tem ali dentro até parar pra arrumar

o legal desse exercício é que você escreve sem julgamentos e sem filtros, então é óbvio que vão aparecer muitas coisas que você nem imaginava que estavam enterradas ali. o que pode ser assustador, mas eu prefiro ver como extremamente incrível! é uma oportunidade maravilhosa de você entender a forma como você pensa, o que te leva a agir do jeito que você age. é uma ferramenta muito poderosa de autoconhecimento e eu tive muitos insights escrevendo as minhas páginas matinais.

4.é muito legal colocar o foco nas mãos

eu não sei você, mas eu escrevo tão rápido no computador que é como se tivesse perdido o costume de usar as mãos de verdade. tipo, é óbvio que eu uso as mãos pra digitar, mas é diferente quando você tem o hábito de fazer alguma coisa e quebra esse hábito pra tentar outra. você fica meio desengonçada por um tempo, mas é um treino de foco muito interessante, porque você percebe como os músculos funcionam de outro jeito e a força vem de outro lugar para segurar a caneta. sei lá, essa coisa de usar as mãos é muito legal – tipo quando eu crio moodboards e recorto adesivos e faço desenhos diferentes e tudo mais. é divertido mesmo, sabe? e o foco fica em outro lugar.

alguém me perguntou uma vez se era permitido mostrar as morning pages pra alguém (como um terapeuta), e eu acho que isso não é um problema mesmo, viu? eu mesma, muitas vezes, levo coisas que eu escrevi pras minhas tutorias na Coexiste, porque são insights muito ricos pro meu treinamento e pra entender como eu penso. mas acho que, acima de tudo, esse é um treino pra você se observar, se entender. e usar as mãos de outra maneira pra fazer isso é muito legal.

tem horas que eu ainda sinto dor tentando alcançar a velocidade dos meus pensamentos com a escrita no papel – e às vezes eu até consigo. mas na maior parte do tempo, esse é um treino muito importante de dar um passo pra trás e ouvir o que a minha mãozinha tá dizendo, e acompanhar o ritmo dela pra descobrir o que tem de interessante na minha cabeça.

você gosta de escrever à mão?

vê isso como uma terapia também? me conta o que você sente nos comentários!