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simon vs a agenda homo sapiens desancorando

quando a Mel sugeriu que a gente indicasse dois livros para o infinistante desse mês, eu fiquei apreensiva e muito animada ao mesmo tempo. primeiro, porque os dois livros são de uma temática que eu não tenho o costume de ler – o universo LGBT -, e isso por si só já me deixou bem empolgada, já que a proposta do clube é a gente explorar obras que não estamos acostumadas a ler. e, segundo, porque eram dois livros pra ler em um mês e todo mundo sabe que eu ando meio travada com a leitura.

comecei por Simon vs. A Agenda Homo Sapiens, da Becky Albertalli, e fiquei muito feliz em entender porque esse livro é tão querido (e porque as pessoas estão tão ansiosas pelo filme!). o Simon é um personagem muito gente como a gente, carismático, meio nerd, cheio de inseguranças e dúvidas como qualquer outra pessoa, e que tem fantasias com a pessoa que ele (acha que) gosta. tipo, é muito fácil você se identificar com ele, sabe?

mas o que eu achei mais legal nesse livro não foi a trajetória do Simon ou a relação dele com os amigos (que é incrível, diga-se de passagem), mas como ele fala com a gente sobre a importância da empatia. tipo, a gente vive uma vida crente que sabe o que as pessoas estão passando, o que elas estão sentindo e como estão lidando com o mundo. a gente tem muitas certezas.

mas o Simon mostra pra gente que não é bem assim. que, por fora, a gente até pode achar que sabe as lutas da outra pessoa, que você tem direito de emitir uma opinião sobre isso, porque, afinal, você sabe o que está acontecendo. só que não. você não sabe. nunca soube e, provavelmente, nunca vai saber – a não ser que pare para prestar atenção.

a história do Simon com o Martin e a questão dos e-mails é a maior prova disso. o Martin tinha uma meta muito firme na cabeça dele – ele queria ficar com a Abby e tinha certeza que isso ia acontecer de verdade porque o Simon ia ajudá-lo. não só ele ignorou todo o dilema do Simon ser gay e ainda não ter assumido isso pra ninguém (nem pra família), como também culpou o suposto amigo quando o plano de ficar com a menina não deu certo.

aliás, ele culpou tanto o Simon por isso que decidiu vazar as mensagens dele na internet e contar pro mundo inteiro que ele é gay. o que faltou aí? sim, empatia.

sabe quando eu sempre falo sobre prestar atenção no contexto? então, tudo o que o Simon queria era ser considerado pelo seu contexto e entender como ele se encaixaria no contexto em que vive depois de assumir para as pessoas a sua sexualidade. ele passou boa parte da vida reprimindo algo sobre ele que influenciava a forma como ele se relacionava, ele era cauteloso e media as palavras e completava frases mentalmente com coisas que ele gostava de verdade e comentários sarcásticos sobre quem ele gostava (e o que ele gostava).

existia todo um contexto por trás da sexualidade do Simon que o Martin ignorou. assim como tinha todo um contexto por trás das ações do Martin que o Simon também ignorou (apesar de ele ter mais consciência do que o outro queria). e essa falta de interesse, de entender o contexto, gera conflito – e a gente não encontra empatia no conflito, né?

eu fiquei muito feliz de entender melhor os conflitos de alguém que não vive quem é de verdade o tempo inteiro, que precisa ficar se escondendo e cheio de dedos por medo do que as pessoas vão achar sobre ele. e foi legal perceber que muitas das coisas que o Simon sente, eu sentia também, mas relacionado a assuntos diferentes. no fim, todo mundo tem algum tipo de conflito interno, alguma coisa que te impede de exercer quem você é livremente. pro Simon, era o medo do que aconteceria quando ele assumisse que era gay para as pessoas que ama. o meu era nunca achar que eu era boa o suficiente.

de qualquer maneira, taí a importância da empatia. da gente se interessar pelo outro até entender o que ele sente, quais são os seus conflitos, o seu contexto. porque ele age como age, fala como fala. e como a gente pode ajudar essa pessoa e ficar mais em paz, e mais pertinho de quem ela é. mais livre, entende?

acho que deu pra perceber que eu curti Simon vs a Agenda Homo Sapiens, né? ( ou ‘Com Amor, Simon‘, porque adaptaram o nome do livro pra combinar com o filme). eu gostei mesmo. achei muito fofinho, deu um quentinho no coração, me deixou com um sorrisinho no rosto e me fez entender melhor uma visão de mundo que eu não entendia antes. foi uma lição, um aprendizado, um carinho.

você já leu esse livro? me conta o que você achou?

ah, quer ler junto comigo, com a Mel e a Loma no infinisntate? é só clicar aqui para fazer a sua inscrição. e você pode acompanhar a gente pelo Twitter também, clicando aqui. ah, o livro que vamos ler em abril é Em Algum Lugar das Estrelas!

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Paloma  em março 28, 2018

    Também senti um quentinho no coração lendo o livro. Acho engraçado como alguns livros conseguem isso de uma maneira aparentemente sem fazer muito esforço, enquanto outros são tão mais elaborados e você não sente essa alegria.

    • Maki  em abril 02, 2018

      nossa, sim! é verdade. é muito legal como isso acontece, né? só mostra que o carinho não é difícil, né?

  2. Ana Letícia  em março 27, 2018

    Olá, tudo bem? Simon vs. A Agenda Homo Sapiens é o livro favorito do meu amigo e foi graças a essa leitura que ele conseguiu se assumir. Ainda não li, mas adorei a forma como você descreveu o livro, mostrou uma visão diferente que ainda não tinha visto em outras resenhas. Estou mais curiosa ainda para a lê-lo, acho que vou ter que fazer um esforcinho a mais para meu amigo me emprestar o xodó dele. ( Serio, ele tem muito ciúme desse livro rsrs).

    • Maki  em abril 02, 2018

      aaaaaa leia, Ana! você vai adorar muito ♥