Eu tenho falado muito aqui no blog sobre as mentiras que a gente conta, né? Aquelas coisinhas que vão acumulando ao longo do tempo e que vão deixando a gente cada vez mais distantes de quem a gente é de verdade.
Foto: Cassio Crow Fotografia
Eu gostaria de dizer que existe uma fórmula mágica pra gente se livrar dessas personas non gratas, mas a verdade é que é um baita trampo e a gente tem que tirar uma por vez da frente (tipo com os medos, sabe?): é, basicamente, um trabalho em dois tempos:
- Você identifica a mentirinha (ou mentirona)
- Você corrige a mentirinha (ou mentirona)
É um negócio de pensar ‘Ai, odeio morango’ e logo em seguida soltar um ‘Opa, peraí: será que eu não gosto mesmo de morango ou será que isso é uma coisa que eu inventei pra ser diferente?’. E olhar a sua mente, pra ver o que é verdade e o que não é. Eu tenho essas conversas na minha mente o dia inteiro, todo dia. (identifica, corrige, identifica, corrige, identifica, corrige e assim vai)
Assim como os meus medos, existem zilhões de mentiras que eu já contei. Sobre mim, sobre os outros, sobre mim para os outros, sobre qualquer coisa que eu não gostava, mas queria gostar só pra fazer parte da galera. Por exemplo:
- Eu já disse que tinha um compromisso inadiável só pra não ter que sair na sexta à noite com as amigas (na real eu queria ficar em casa isoladona mesmo)
- Eu tinha certeza absoluta que era feia
- Eu já disse que tava trabalhando quando, na verdade, tava vendo vídeos de gatinhos no Youtube só pra não ter que fazer o que a minha mãe pedia
- Eu tinha certeza absoluta que era burra
- Eu já disse que não gostava de alguém, quando na verdade eu gostava
- Eu já contei histórias que nunca aconteceram só pra ter alguma coisa pra dizer
- Eu me convenci de que nada valia a pena (inclusive a minha própria vida)
- Eu torcia o nariz pra comer espinafre, mas eu amo quando a roomie faz creme de espinafre com ricota (e repito o prato)
- Eu tinha certeza que era sempre vítima das circunstâncias
- Já tive uma conversa inteira sobre um vídeo que eu nunca vi (mas disse que vi)
- Eu já disse que tava ‘tudo bem’, quando na verdade eu tava quase morrendo por dentro
- Eu já disse que tava a fim de ficar com alguém, só pra não parecer a esquisita do grupo
- Eu tinha certeza que a vida de algumas pessoas era minha responsabilidade
- Eu já acreditei que as pessoas tinham o dever de me dar atenção no meu aniversário (pra mim era o único dia que todo mundo só pensava em mim – que ilusão, não é mesmo?)
- Eu tinha certeza absoluta de que eu não merecia ser amada.
Sabe o que essas mentirinhas faziam? Elas me machucavam. Acreditar em uma delas e perpetuar tantas outras, quase que de uma forma impulsiva e automática – muitas vezes eu só tinha consciência de algumas depois que aconteciam –, me corroía por dentro, até que eu cheguei num ponto em que estava tão engasgada com todas elas que eu quase entrei em colapso.
E, sabe, pode parecer que isso só acontece quando você tá num quadro depressivo, quando você sofre de ansiedade ou de qualquer outro transtorno desse tipo. Mas não, gente. Todo mundo faz isso o tempo todo. E a gente vai se machucando por conta disso, porque a gente mente tanto que tem que se punir em troca, entende?
A gente usa essas mentiras pra ficar longe de quem a gente é de verdade, porque se a gente entrar em contato com isso… Aí, gente, tudo acaba. O sofrimento, a tristeza, a dor… E a gente vê ganhos em sofrer. (e esses ganhos não necessariamente são coisas boas)
Então, eu quero propor uma coisa: vamos combinar que, a partir de hoje, a gente vai tentar parar com isso? De mentir pra gente e sobre a gente? Vamos fazer de tudo pra sermos o mais verdadeiro possível?
Se você não quiser ou se você achar que não consegue fazer isso sozinho, tá tudo bem. Eu me comprometo a fazer isso por nós. Eu me comprometo a voltar a ser quem eu sou, a parar de mentir sobre mim. Porque eu e você somos a mesma coisa, e eu me comprometo também a te lembrar sempre de quem você é de verdade quando olhar pra mim. Quem sabe assim você passa a acreditar que consegue também, né?
Qual mentira você gostaria de para de contar?
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2 Comentários
Oi Maki
Eu tenho várias mentirinhas para parar de contar também, acho que todos temos. Sâo detalhes, como você mesma disse no post, pra gente ficar de olho e ir corrigindo sempre que ele surgirem.
aos pouquinhos, tô me “admitindo” :}
P.s.:
Gosto muito daqui, sabe?
Existem poucos lugares onde a gente chega e se identifica com tudo. Me identifico muito com você e com o que você relata aqui no blog porque é bem próximo do que eu vivo. Acho que você me entende também. Isso dá uma sensação boa, haha <3
bj bj
Gabi, sua fofinha! Que bom te ver aqui ♥
Sim, eu sei bem. É ficar de olho o tempo todo pra ir tirando da frente o que não é a gente, né? Aí a gente vai se encontrando mais e deixa essas mentirinhas de lado!
Fico muuuuuuuito feliz de saber que você gosta daqui e que se sente bem vindo aqui. Isso fez o meu dia! Brigada mesmo! (e volte sempre porfavorzinho nunca te pedi nada!)
Beijos!