cotidiano

É bem normal a gente soltar coisas assim ‘ah, é fácil ter um guarda-roupa incrível quando você é rica‘. Verdade, pode até ser o caso mesmo, mas, como diz o senso comum: carteira cheia não compra bom gosto.

Eu já comentei que ando repensando muito toda a coisa do armário-cápsula, principalmente porque acho que a ideia original da coisa perdeu a mão. Sabe aquela história que eu tenho repetido sempre sobre propósito? Então.

Quando a técnica ganha do autoconhecimento

Até no grupo sobre AC no Facebook eu fiz um post (sou uma das moderadoras) falando que a ideia toda da coisa era o autoconhecimento. Sustentabilidade e menos consumismo também, mas, principalmente, aprender mais sobre quem você é usando a moda como uma ferramenta.

Nesse meio tempo, acho que essa mensagem se perdeu e a ideia de que a gente tem que comprar coisas pra se adaptar a ideia, de ficar pedindo opinião sobre qual roupa é mais legal, qual a mais bonita, ganhou mais palco. E isso tomou o espaço da reflexão, da introspecção.

Eu conversei essa semana com a Dani Kopsch, do Less is The New Black, sobre o assunto e sobre porque ela decidiu aderir a uma versão mais ‘ousada‘ do AC, digamos assim. Ela se propôs a ficar um ano inteirinho sem comprar roupas e viver só como que cabia em uma mala: um total de 50 peças.

“Eu criei este desafio porque queria mudar. E todo processo de mudança é difícil, nos obriga a encarar coisas sobre nós mesmas. Qualquer energia que você empregar para mudar algo em si vai revelar muito. Por isso eu acho que o armário-cápsula foi um exercício que começou no armário, mas evoluiu pra vida toda”. Olha que importante isso. A Dani viu que a questão em si, não eram as roupas, mas sim o significado que ela dava pra uma coisa que, pra quem se identifica como mulher, é ‘importante‘: fazer compras.

Tanto que a Dani disse que, no começo (o projeto já passou do dia 250!), a vontade de comprar era grande, mas que a meta, na real, não era essa. “Percebi logo que o que me fazia comprar não era o objeto em si, mas o fator “novidade” que logo acabava depois que a peça ia para o armário. Comecei a substituir as compras por outras coisas novas na vida, o que só enriqueceu mais a minha rotina”.

A Gabi, do Teoria Criativa, e fundadora do grupo sobre AC no FB, também comentou como é importante um processo desses pra gente pensar sobre a gente, sobre o que funciona pra cada uma: “Se formos sinceras conosco, vamos descobrindo muitas coisas sobre nós mesmas. E, cada vez mais, vamos nos aceitando como somos. Claro que é um processo, mas o armário-cápsula é um pontapé nesse caminho.”

Se formos sinceras conosco, vamos descobrindo muitas coisas sobre nós mesmas. E, cada vez mais, vamos nos aceitando como somos. – Gabi Barbosa

Assim como eu, a Gabi também decidiu dar um tempo no formato original do AC, justamente porque a ideia original não estava mais se adaptando a vida dela. E isso é igualmente importante: a questão é que a técnica tem que se encaixar na nossa vida e não a nossa vida se adaptar a uma técnica.

O que eu quero dizer com tudo isso é que não importa MESMO o que as outras pessoas pensem do seu look. Ele tem que refletir o que você sente por dentro, o que você é, e não se adaptar a um formato externo. Por isso toda a questão do propósito. A Gabi falou uma coisa incrível sobre isso: “[O propósito do AC é] Mudar a maneira com a qual nos enxergamos – e sermos mais práticas. Pararmos de comprar roupas que não se encaixam na nossa vida e começarmos a nos vestir para quem somos hoje, para o nosso dia a dia”. Entende?

Isso significa que fazer algo como o armário-cápsula não vale mais a pena? Não! Não é isso, até porque a própria Dani comentou que a experiência ensinou muito para ela. “Comprar coisas que eu não precisava e que depois entulhavam o meu armário não estava me fazendo feliz. Mas tudo o que eu passei a fazer com o meu tempo me enchiam de energia. Comecei a correr, dançar, desenhar, isso sem falar no dinheirinho que sobra para projetos a longo prazo.”

Comprar coisas que eu não precisava e que depois entulhavam o meu armário não estava me fazendo feliz. Mas tudo o que eu passei a fazer com o meu tempo me enchiam de energia. – Dani Kopsch

O objetivo é esse! Você repensar o seu estilo de vida como um todo, e não se preocupar mais em comprar a última tendência do momento, em estar com o look igual a da famosa X ou da fashionista Y. É você usar a moda, uma coisa micro, pra repensar a vida toda, o macro, e entender quais são as suas prioridades e o que é importante pra você.

Você considera o armário-cápsula uma forma de autoconhecimento?

 

Compartilhe!
Escrito pelaMaki
Deixe seu Comentário!


Warning: Undefined property: stdClass::$comments in /home1/desan476/public_html/wp-content/themes/plicplac/functions.php on line 219
7 Comentários
  1. Eduarda rosa  em junho 12, 2016

    oi maki ! como tu tá?
    bom, de novo uma postagem linda e muito útil. eu conheci o bullet e agora o armário capsula por tua causa e bem, eu tento me adaptar, mas é difícil desapegar de várias peças, mesmo que eu não as utilize.
    Estou tentando levar o minimalismo pra dentro da minha casa, menos moveis, menos objetos, mas em um mundo consumista, tá sendo complicado.
    Eu tentei entrar no grupo do facebook, mas não diz que ele não existe mais, isso é verdade?
    Obrigada por compartilhar um pouquinho do teu mundo e essas dicas.
    Um dia podes falar sobre tua vida na frança? (ou já existe algo sobre?)
    um beijo!

    • Maki  em junho 13, 2016

      Oi, Eduarda, tudo bom?
      Olha, eu entendo, é difícil mesmo. E a questão é o minimalismo é um estilo de vida e não é pra todo mundo mesmo, então não fique frustrada se você não conseguir adotar totalmente. A ideia é justamente você pensar sobre a sua forma de consumir, entende? Não precisa para totalmente.
      Agora, sobre o grupo… Ela continua funcionando. Estranho ter dado isso. O link é esse aqui ó: http://bit.ly/1YoevfO
      E sobre a França eu posso falar mais, claro, mas já contei um pouquinho sobre isso aqui: http://bit.ly/1PYM9Hp
      Beijos!

      • Eduarda rosa  em junho 14, 2016

        Oi maki! eu comentei no post da frança :3

        E sobre o grupo, aparece uma mensagem de que está indisponível ou eu não tenho acesso. O grupo seria privado? Eu preciso de convite?

        estou tentando levar o estilo mais leve, um dia quero ser francesa por um tempo pra tentar me encontrar 🙂

        beijos!

  2. Gaby Rodrigues  em maio 02, 2016

    Amei teu blog e as tuAS PALAVRAS, CREIO QUE A PARTIR DE AGORA SEREI UMA VISITA FREQUENTE POR AQUI <3

    Gaby
    http://misslennox.blogspot.com.br/

    • Maki  em maio 04, 2016

      Oi, Gaby, que legal! Obrigada e volte sempre! ♥

  3. Aline  em abril 30, 2016

    CONCORDO COM VOCÊ QUANDO VOCÊ FALA QUE TEMOS DE ADAPTAR A TÉCNICA PARA A NOSSA VIDA E NÃO O CONTRÁRIO SE NÃO PERDE O PROPÓSITO!

    Eu lembro que quando vi sobre o AC pela primeira vez (aqui mesmo) eu pensei: “Poxa, que coisa legal, eu preciso mesmo dar um jeito de reduzir a quantidade de coisas que compro e não uso”. Mas quando pensei direito sobre o assunto, eu entendi que o AC não servia pra mim, mudei a estratégia e vou tentar pegar uma parte da idéia e adaptá-la para a minha rotina e necessidade. Não vai ser um armário cápsula, mas vai ser um armário meu.

    As coisas que a gente compra, ou coloca na nossa vida precisam ser boas para nós, nos fazer bem!

    Um beijo, Maki!

    • Maki  em maio 02, 2016

      Oi, Aline!
      ISSO! É isso mesmo. Você tem que fazer, sempre, o que é melhor pra você. E você só vai saber o que é melhor quando olhar pra você mesma, pra dentro, e se questionar o que vale o que não vale ser feito. Só assim a gente se conhece e fica mais de acordo com quem a gente é!