cotidiano

Eu não consigo lembrar a primeira vez que eu me comparei com alguém. Acho que desde que me conheço por gente eu me comparo com os outros por um motivo ou pelo outro. Eu costumava ser uma criança tímida e muito tranquila e recordo do meu pai comentando que gostaria que eu fosse mais extrovertida.

Quando você não se acha bonita o bastante, magra o bastante, inteligente o bastante, isso é sinal que você sempre acha que tem alguém que é melhor que você e que, no geral, você é inferior aos outros.

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Eu sempre me senti inferior aos outros. Sempre. Foram pouquíssimas vezes que eu realmente senti que estava m pé de igualdade com alguém e acredito que foi quando o meu TCC ganhou um prêmio Nacional de Jornalismo.

Ou seja, eu só fui sentir isso depois dos 20 anos.

Para mim, o pior dessa cultura de comparações é a inveja. Ô, sentimento desgramado. Aquela sensação de ‘puxa, eu queria isso também’, de ‘por que ela tem e eu não tenho?’, de ‘nossa, queria ser igual à ela’.

Já me peguei pensando isso tantas vezes que não tem como contar. E pode ser normal, mas me faz pensar muito sobre a força que a sororidade tem. Quando nós, mulheres, nos apoiamos e nos ajudamos, não tem porque a gente se comparar com a irmã do lado.

Mas as coisas não são bem assim, e além de ter que lidar com as pressões que a gente imagina que os outros colocam na gente (porque, muitas vezes, é tudo coisa da nossa cabeça #beenthere), temos que lidar com a pior de todas as coisas: a autocobrança.

Quando você coloca um padrão insano para tentar alcançar, realmente, é difícil não se comprar e não cair nessa de sentir inveja dos outros. Eu sempre lembro que, quando tinha o meu outro blog, vivia chateada porque não conseguia ter o alcance de publicação das outras pessoas, que queria pelo menos 1000 views por dia e quando eu passava bem longe disso, ficava desmotivada, não postava e o ciclo recomeçava.

Você pode me perguntar ‘Mas tem um jeito de sair dessa cilada?’.

Tem. Tem, sim, ainda bem, se não a vida ia continuar horrível, quando, na verdade, ela é linda. É preciso treino. Treinar a mente para ver o que a gente tem de legal. Eu posso não ter milhões de likes na página no Facebook, mas tenho quase 500 pessoas lindas que querem ler o que eu tenho pra escrever.

Eu posso não ter milhões de inscritos no Youtube, mas eu fiz amizades super bacanas online e que eu não trocaria por todas essas subscrições.

Eu ando percebendo, aliás, que tudo o que a gente quer e que os outros têm é subestimado. Aliás, tudo o que a gente quer é subestimado e ponto.

Ter tudo que eu queria não ia mudar a sensação de que eu nunca era o suficiente e de que provavelmente nunca seria. Essa mudança eu teria que fazer dentro de mim mesma. E, bem, é o que eu estou fazendo.

O buraco sempre foi muito mais embaixo e nem todos os likes do mundo cobririam ele inteiro. Quando você não tem confiança em si, não acredita na sua própria importância e utilidade, então, realmente, a comparação é inevitável.

Olhei muito para isso na última semana e aprendi uma lição essencial: eu sou muito importante. Eu sou essencial e útil. A vida dos outros não seria a mesma sem a minha. Ela não estaria completa.

E isso é longe de ser arrogante. É a verdade. Assim como a minha vida JAMAIS estaria completa sem você que me lê. Você é tão importante, útil e incrível quanto eu.

Então, vamos fazer o seguinte? Você me ajuda a não esquecer isso e eu ajudo você com isso também.

Fechou?

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Escrito pelaMaki
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9 Comentários
  1. Bela  em novembro 09, 2015

    É uma cultura estranha essa da comparação. Desde pequena é um tal de ‘nossa, mas seu bebê quase não chora, o meu chora a noite toda’. E aí você vai crescendo e as mamães soltam um ‘nossa, queria tanto que a Joaninha usasse lacinho que nem a mariazinha’… Até umas coisas que vão além do que possamos imaginar. E dá, que no final, a criança/jovem começa a se cobrar muito, se comparar… E o mundo tá a maluquice total por causa disso.
    Fico feliz que tenha superado <3

    • Maki  em novembro 11, 2015

      Oi, Bela!
      Sim, é exatamente isso. Começa com coisas que parecem ‘pequenas’, mas que a longo prazo fazem um estrago na nossa autoestima

  2. Mariana  em novembro 05, 2015

    Lindo seu post, Maki! Aliás, já disse algumas vezes por aqui, AMO seu blog, tudo e simplesmente tudo o que você escreve! Eu sempre fui de me comparar MUITO, sabe, mas depois que comecei a frequentar o Desancorando, e fazer algumas mudanças na minha vida, exclui esse mau hábito da minha vida (pelo menos um pouco), e acho que fez muito bem pra mim!
    Obrigada, você tem sido muito importante nesse processo, você não sabe o quanto (juro que não é exagero viu?)
    Xero grande

    • Maki  em novembro 06, 2015

      Oi, Mariana!
      AFE toda vez que você comenta no blog eu quase choro! Sua linda!
      Acho que isso da gente se comprar é ‘normal’ na sociedade atual. É um hábito muito incentivado, sabe? E se você conseguiu mudar isso em você, pelo menos um pouco, já é um baita avanço!
      <3

  3. Beatriz  em novembro 04, 2015

    Passamos o tempo inteiro nos comparando… E que mania difícil de se livrar né. Ainda bem que existe um blog como o seu Maki, gosto muito dos seus escritos e tento ler seus posts sempre quando tenho um tempinho. Sabe aquele afago que as vezes a gente necessita em dias difíceis? eu recebo toda vez que entro aqui e leio algo que você escreveu. Obrigada por esse post-afago,rs.

    • Maki  em novembro 04, 2015

      Poxa, Beatriz, que mensagem linda essa sua! Fiquei emocionada, de verdade!
      Espero fazer muitos outros post-afagos pra você curtir! <3

  4. Beatriz  em novembro 04, 2015

    Passamos o tempo inteiro nos comparando… E que mania difícil de se livrar né. Ainda bem que existe um blog como o seu Maki, gosto muito dos seus escritos e tento ler seus posts sempre quando tenho tempinho. Sabe aquele afago que as vezes a gente necessita em dias difíceis? eu recebo toda vez que entro aqui e leio algo que você escreveu. Obrigada por esse post-afago,rs.

  5. Cynthia  em novembro 03, 2015

    Oi Maki, eu também já me comparei muito outras pessoas. Ainda faço, confesso. Mas quando penso sobre me comparar com alguém não é porque tenho inveja. E sim, porque tenho vontade de melhorar. Se eu penso: “Puxa, queria entender a disciplina de Análise Matemática, como o colega tal” ( sou estudante de Matemática) eu terei de encontrar uma forma melhor de estudar para ter um melhor desempenho.
    A minha ideia de inveja é diferente disso. Por exemplo, quando eu desejo algo, e não condições para conseguir e impeço que alguém consiga. Um outro exemplo: ” Poxa, eu queria ter um carro como o da fulana!” Como eu não posso, eu vou lá e risco a lataria do carro dela.
    Bem, eu não sei dizer se a minha concepção de inveja é correta.

    • Maki  em novembro 03, 2015

      Oi, Cynthia!
      Então, eu acho que nós temos uma noção muito ruim de ‘inveja’. Acredito que inveja seja toda e qualquer sensação de que queremos algo que o outro tem. Sabe?
      E a noção de melhor e pior tá muito ligado a isso também. Essas comparações, mesmo que sejam para nos tornar melhores, afetam muito a nossa autoestima, porque implicam que não somos bons o suficiente e que sempre temos que melhorar, entende?