rotinas com afeto

a minha cabeça tá uma bagunça. seria mentira se eu dissesse que não me sinto assim. um ano novo chegou e a sensação é que nada mudou. ao mesmo tempo… nunca me senti tão diferente de quem já fui quanto agora. talvez seja só falta de perspectiva da minha parte. a bagunça é tanta que minhas playslists estão confusas e o algoritmo não sabe mais se me entrega mais kpop ou uma sequência barulhenta de Queen + Linkin Park + o que mais ele achar que encaixa.

vai ver é exatamente por causa dessa confusão que tem algumas semanas que uma única palavra fica pulando na minha cabeça, de tempos em tempos. se “compromisso” foi a minha palavra de 2021, pra esse ano eu escolhi uma que parece muito mais séria. tem cara de promessa. cara de mudança de vida. cara de decisão pra todo sempre.

fidelidade.

não sei exatamente de onde isso veio. ao mesmo tempo, faz todo sentido que seja assim. quero ser fiel a mim mesma. sinto que me deixei muito na mão nos últimos tempos. mas também, a gente passou por uma pandemia e quem podia esperar que isso fosse acontecer, né? sinto que dei passos, muitos passos, nos últimos dois anos. mas, agora, parece que dar passos não é o suficiente. eu vou precisar pular mesmo.

a questão do pular é que eu não enxergo o outro lado e isso dá medo. preciso me agarrar em alguma coisa, porque as minhas unhas não são compridas o suficiente pra que eu me segure nas paredes enquanto caio. então, percebo que só posso me segurar em uma única coisa: eu mesma.

fui buscar o significado da palavra pra tentar entender melhor o que o meu subconsciente tava me falando e percebi que é exatamente o que eu preciso agora:

Fidelidade é o termo com origem no latim fidelis, que significa uma atitude de quem é fiel, de quem tem compromisso com aquilo que assume. É uma característica daquele que é leal, que é confiávelhonesto e verdadeiro.

peguei essa explicação de um site chamado, literalmente, “Significados”. senti que é tão precisa que nem sei muito bem o que dizer, mas meu lado cético ainda tinha dúvidas, então eu fui até o dicionário entender mais:

Particularidade ou qualidade do que é fiel; em que há zelo ou cuidado por algo ou alguém; lealdade. Ação de cumprir as obrigações e/ou compromissos que foram assumidos com uma outra pessoa. Cujos hábitos, comportamentos ou atitudes permanecem constantes. Comprometimento intenso com a ciência, com conhecimento ou com a sabedoria.

é isso. é por isso também que eu sinto que enquanto “compromisso” foi uma meta de um ano, “fidelidade” é uma decisão pra vida toda. ser fiel a mim, ao que eu acredito e, principalmente, ao que eu quero fazer.

eu tenho me observado muito, sabe? mesmo. e eu vejo como é fácil eu vender uma decisão que tomei pra mim por causa de outra pessoa ou de alguma situação. é o típico “tenho que fazer esse trabalho, mas me chamaram pra tomar um café e eu não podia recusar”. na verdade, podia sim, porque tomar o tal café me fez trabalhar de madrugada o que foi muito pior do que se tivesse aceitado que era aquilo que eu precisava e queria fazer naquele momento.

falo absurdos porque a minha mente anda meio absurda. eu me vejo brigando com o óbvio, querendo me manter num lugar que não faz bem pra ninguém. nem pra mim. inclusive pra mim. então, sento aqui, na minha cadeira confortável de escritório, ouvindo Faithfully do Journey (a versão de Glee é a minha favorita) em loop na expectativa de que a mensagem entre na minha mente e não saia nunca mais.

parei pra ler a letra da música de novo e teve um ponto que me chamou atenção:

E estar separado não é fácil
Neste relacionamento
Dois estranhos aprendem
A se apaixonar de novo
Tenho a alegria
De redescobrir você
Ó, garota, você fica comigo
Serei sempre seu
Fielmente

eu acho incrível como músicas de amor se adaptam a toda e qualquer situação e nesse caso, não é diferente. preciso aprender a me apaixonar de novo por mim. a me redescobrir. e por mais que isso pareça aquele discurso de autoconhecimento que a gente tá cansada de ouvir, eu sinto que é o tipo de coisa que a gente nunca parou pra prestar atenção mesmo, sabe? é fácil a gente pegar qualquer coisa e transformar em qualquer coisa.

escrevo sobre mim na esperança que ressoe em você. porque a redescoberta, eu percebo, só acontece com fidelidade. com o “descobri uma coisa gosta que gosto em mim e vou ser fiel a isso” e também com o “descobri uma coisa que eu quero fazer, então vou fazer mesmo”. é sobre as pequenas vendas pessoais que a gente faz de si mesmo em nome de… de que mesmo? nem eu sei dizer.

mas são pequenas vendas que acabam num rombo gigantesco que, lá na frente, ninguém vai saber explicar como começou também. mas é uma concessão aqui. outra ali. um “queria fazer isso e tive que fazer aquilo” acolá. são inúmeras e minúsculas traições cotidianas que nos dizem que somos algo que não somos e, principalmente, que não gostamos.

um brinde a fidelidade. a buscarmos o que ressoa de verdade aqui dentro. ao que fazemos sem aperto no peito. ao que realmente amamos e às pessoas que realmente admiramos. um brinde ao sermos fiéis a nós mesmos, porque a fidelidade é sempre recíproca e nunca ignora o outro. o que faz bem pra gente de verdade nunca é ruim pros demais, sabe? um brinde à coragem de irmos contra as nossas tendências e pularmos no escuro, mesmo sem saber o que espera do outro lado.

algo me diz que é muito bom.

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Escrito pelaMaki
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3 Comentários
  1. Amanda  em fevereiro 16, 2022

    Ah Maki, como eu preciso disso. Tenho tantas dificuldades em ser fiel a mim mesma e sempre disfarço isso com o “eu não tinha escolha”, mas quase sempre a minha escolha é ser infiel. Obrigada pelo texto, foi tocante.

  2. Priscilla Pinheiro  em janeiro 07, 2022

    amei, maki! eu nunca tinha pensado em uma palavra pro ano, mas me identifiquei muito com o que você falou sobre mudanças nesses dois últimos anos, e fidelidade é uma palavra linda. <3 um 2022 lindo pra ti!

  3. Emerson  em janeiro 05, 2022

    Isso aí! Se a gente não é fiel consigo mesmo, não ouvimos o que queremos ouvir, o que desejamos fazer e como agir na vida. Se a gente se trai, está tudo perdido. Que você psosa seguir nessa descoberta e meta.

    Boa semana e Feliz Ano Novo!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia