escrita criativa

impossível começar esse post sem falar da Karine, porque foi ela que finalmente me fez ler Só Garotos, da Patti Smith. esse é o livro favorito da K., e a gente tava flertando com a ideia de colocá-lo na nossa leitura coletiva há um tempo. calhou de acontecer em novembro e eu acho que vou passar o resto da vida agradecendo por ter me apresentado esse livro (e mais sobre a própria Patti).

acho que finalmente entendi porque esse livro é o favorito de tanta gente, sabe. ele realmente tem uma coisa que nem eu sei explicar direito o que é. o jeito como a Patti escreve é bonito demais e acho que vale a pena pegar dois pontos principais pra convencer você explicar porque vale a pena ler.

ponto 1: a visão da Patti Smith sobre arte é linda

eu não vou mentir pra você: também fui do time que olhava pra arte com um nariz meio torto. o que é estranho em muitos sentidos, porque arte é um tema muito amplo e, hoje, eu sei que tudo pode ter um pouco de arte – afinal, a criatividade é uma vivência coletiva, né? dá pra gente encontrar inspiração em tudo nessa vida.

mas, sei lá, ela observa o contexto em que ela vivia, nos anos 1960, com uma admiração que é difícil passar batido. ela mesma conta no livro que, muitas vezes, não sabia que estava conhecendo pessoas incríveis e vivendo a história, mas ainda assim dá pra perceber a admiração que ela tinha, principalmente, pelo Robert Mapplethorpe, fotógrafo e parceiro dela.

às vezes, eu noto como o olhar admirador faz a gente perceber coisas diferentes, sabe? é uma coisa que me vejo praticando quando paro pra observar coisas que eu gosto. como o Michael, que tá dormindo aqui no meu pé todo esticado, como se tivesse um terço do tamanho que ele tem de verdade. acho que o olhar admirador é uma das coisas que fazem a criatividade continuar viva e ajudando a gente a criar.

então, o que mais me chamou atenção nesse livro até agora, com certeza, foi a visão que a Patti tem do entorno, do que ela experienciava. ela e o Robert desenvolveram, juntos, um olhar que não deixava nada passar e tudo virava arte nas mãos dos dois. talvez fosse a escassez que eles viviam naquela época, mas, pra eles, qualquer coisa poderia virar alguma coisa e não existia nada sem potencial de transformação.

isso é muito poderoso.

ponto 2: a consistência dela é invejável

mesmo. você já viu o Instagram dessa mulher? aparentemente, ela vai todos os dias, to-dos-os-di-as, no mesmo café em Nova York pra escrever. com papel e caneta, tá? nada de computador ou telas pra Patti nessa parte do processo. eu acho isso impressionante e me deu muita vontade de levar os meus diários mais a sério, fazendo minhas as palavras da Clara, que também ficou hiper tocada com o livro. enfim.

ela posta quase todos os dias no Instagram usando um mesmo formato de poesia que começa com “This is…”, ou seja “Isso é…”, que é a coisa mais linda do mundo. longe de mim querer dizer que a gente tem que postar todo santo dia numa rede social (acho que já passamos dessa fase), mas sabe quando a coisa toda grita consistência? encontrei até uma entrevista em que ela fala um pouco sobre isso. especificamente, sobre a escrita:

eu tento fazer isso [escrever] todos os dias e muito da escrita é disciplina e trabalho. nós podemos nos inspirar a qualquer momento – no meio da noite, acordamos às três da manhã -, mas tem muito trabalho a ser feito, é bom desenvolver uma ética de trabalho e disciplina.

ela também fala muito sobre ter consigo sempre um caderno e uma caneta pra pegar as ideias que surgem de repente – e esse, confesso, é um hábito que nunca consegui desenvolver. talvez eu devesse tentar agora que tô envolvida pela história da vida da Patti com o Robert e como ela vê na escrita um catalisador criativo tão potente.

acho que a Patti Smith é uma das pessoas mais inspiradoras que eu já conheci. tudo o que li sobre ela desde o livro me dá um gás criativo que é difícil de explicar. mas eu acho que tem muito a ver com a dificuldade que a gente tem de ver a escrita como uma forma de arte. a Patti é poetisa, música, cantora… mas tudo isso tem uma mesma fonte, que é a escrita.

sinto que esse é mais um daqueles posts que são um aprendizado em voz alta, em que eu vou construindo o que eu penso sobre alguma coisa enquanto escrevo, e aprendo com a Patti ao ler o que ela escreve. inclusive, os próprios aprendizados dela também são um aprendizado, como ao dizer que ela não lê livros que ensinam sobre a escrita, pelo contrário, ela lê os autores que ama:

se eu quero aprender sobre escrever, eu leio autores que eu gosto. é assim que eu aprendo, lendo outros autores, vendo como eles fazem as coisas… como eles constroem uma personagem, a sua noção de ritmo. escritores são os melhores professores para aprender como escrever, eu acho.

não tenho nem mais o que dizer. eu acho que é isso. só isso. e assino embaixo. todas as minhas reverências à Patti Smith.

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Escrito pelaMaki
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3 Comentários
  1. Camila Faria  em dezembro 06, 2021

    Patti, porque tão maravilhosaaaaa??? Amo demais também.
    E recomendo muito o documentário Mapplethorpe (dir. Ondi Timoner, 2018), que é BEM bacana.

    • Maki  em dezembro 18, 2021

      AMIGA, SIM???
      por que tão maravilhosa??? eu tô muito impressionada com a história dela.
      e, olha, brigada pela indicação! vou assistir <3

  2. Emerson  em dezembro 01, 2021

    Não conhecia a autora ainda. Grato por me fazer conhecê-la. Eu amo ler e escrever. Acho que tenho muito dessa Patti.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia