rotinas com afeto

eu tô obcecada pelo álbum Red, da Taylor Swift. na verdade, eu nunca gostei de admitir que sou muito fã de Taylor porque tinha na minha cabeça que ela criou toda uma narrativa de vitimização ao longo da carreira e que muito me desagrada. mas se isso é verdade ou não, quem sou eu pra julgar? e, em segundo lugar, eu ando absolutamente obcecada pelo fato que ela tem refeito todos os álbuns da carreira dela não só porque o mundo da música é misógino e bastante babaca, mas porque ela quer. não tem a ver com os fãs. não tem a ver com o quanto essas músicas foram famosas. ela nem precisaria se dar ao trabalho e regravar os álbuns inteiros. mas isso tem uma importância pra ela que faz com que ela passe, sim, por tudo isso e recomece com a visão que ela tem hoje do mundo.

eu não tô falando da Taylor Swift só porque ela é uma artista maravilhosa – e isso não tem nada a ver com as minhas opiniões sobre ela (que, ainda bem, já mudaram muito). tem a ver com um processo interno pelo qual eu tenho passado e que culmina no título desse post – uma releitura, que tomei a liberdade de fazer, do título do livro O mundo que habita em nós, da Liliane Prata.

logo antes de sentar pra escrever esse texto, eu não tava muito inspirada e não tinha um conteúdo em mente, alguma coisa que queria dizer. mas tava lendo esse artigo que fala sobre o sonho da fama e riqueza que domina a vida na internet e todos esses pontos pareceram se ligar na minha mente.

tem a ver com reencontrar a minha motivação pra viver, quase.

talvez isso seja um exagero e o meu lado dramático (ah, esse ascendente em peixes) falando mais alto. mas me bateu uma sensação de que é isso. a emoção veio, os olhos ficaram meio úmidos, o dia tá lindo lá fora e All Too Well tá tocando no fone de ouvido. parecer ser o momento certo e o tópico certo pra discorrer sobre hoje.

é possível que eu já tenha comentado sobre isso aqui em algum momento, mas há alguns meses eu descobri um canal no YouTube de um cara muito legal. o Struthless fala muito sobre autodesenvolvimento e criatividade e em um dos vídeos ele falou uma coisa que não saiu mais da minha cabeça. ele tava explicando sobre metas e objetivos e que a gente deveria concentrar os nossos esforços em coisas que a gente pode controlar e não coisas que a gente não pode controlar. ele deu um exemplo que era:

eu quero 1 milhão de inscritos no meu canal no YouTube até o fim do ano.

a verdade é que é difícil controlar quem se inscreve ou não no seu canal e o porquê, mas aí ele fala sobre como o que ele consegue controlar é o que ele pode fazer e como, então, ele estabelece a meta dele em:

fazer 20 vídeos que ajudem as pessoas de alguma forma porque isso faz com que eu me respeite mais.

é outra coisa, né?

isso virou uma chave no meu processo criativo, porque eu comecei a olhar pro que eu faço de uma forma diferente. a gente tá o tempo todo tentando encontrar a fórmula mágica pra “chegar lá” na vida (o que isso significa, gente?), mas esse “chegar lá” é sempre pautado em coisas que as pessoas não controlam – como o número de likes numa foto ou de comentários numa postagem do Instagram.

eu voltei pro básico, e me lembrei do que eu gosto mesmo de fazer e qual é o lugar com o qual eu mais me identifico na internet. pra mim, é o blog, e colocar os meus esforços principais aqui têm sido essencial pra eu me respeitar um pouco mais e gostar um pouco mais de mim. tenho feito posts tão legais, a meu próprio ver, que isso me faz querer que outras pessoas vejam também e eu tenho entrado em uma bola de neve de produção. começa aqui e vai pra outros lugares.

e olha que loucura, eu tenho visto resultados muito legais.

parece óbvio, né? mas às vezes a gente tem que experimentar mesmo pra ver o que acontece. fazer textos pra cá que eu gosto, que são importantes pra mim e, por consequência, importantes pros outros de alguma forma, tem me ajudado demais a reencontrar o meu prazer de escrever.

outro ponto que tem sido essencial nesse processo é me reconectar com as coisas que eu gosto. vira e mexe me vem na mente um filme que já vi, uma série que gostei muito ou uma música que eu adorava quando era mais nova. tenho me deixado levar por essas lembranças e revisto e re-ouvido coisas que costumava gostar muito, hoje com um novo olhar, e isso tem me ensinado demais sobre mim e o que me inspira. mais ou menos como a Taylor Swift – só que numa escala muito menor, claro.

reler Orgulho e Preconceito e reassistir o filme estão nesse bololô. o mesmo vale pra rever Apostando Alto, um dos meus k-dramas favoritos (“primeiro você reza. depois faz acontecer”), e Scarlet Heart – Reyo, que é uma das produções mais bonitas e angustiantes que eu já vi. tudo isso diz coisas sobre o que eu gosto, o que chama a atenção e o que, em última instância, me motiva a fazer mudanças e testar coisas novas.

tem uma coisa muito bonita em se deixar reaprender com o que você já conhece e também se abrir para aprender com o novo, sabe?

e essa reflexão toda me levou pra um insight maravilhoso, que é:

encontrar soluções pra problemas do mundo é maravilhoso, mas encontrar soluções pras suas próprias questões e compartilhá-las com o mundo é melhor ainda.

no fim, acaba sendo a mesma coisa, né? num dá pra dizer que as suas questões não são as questões do mundo e vice-versa, mas eu sinto que a gente se prende muito à grandiosidade, vez ou outra, e esquece que melhorar a sua forma de criar é benéfico pro mundo tanto quanto você rever o comportamento de consumo.

pra mim, é tudo interligado de uma forma inseparável.

e não é pra isso que serve a arte? não é pra gente se conhecer e se compreender e compartilhar o que conheceu sobre si com os outros na esperança de que isso os ajude a se conhecerem e se compreenderem também?

pra mim, parece que sim.

esse post, eu sinto, é o resultado de uma série de pequenas reflexões que eu fiz na minha newsletter, a mar aberto, nos últimos meses. mais uma prova de que a gente pode achar que as coisas são separadas, mas, em algum momento, elas sempre se conectam. pra quem quiser assinar e receber mais textões meus a cada 15 dias, é só clicar aqui.

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Bianca  em janeiro 26, 2022

    ok, você tocou em um ponto muito fraco falando sobre o red logo na primeira frase, esse era meu álbum favorito até a regravação (a produção das músicas regravadas me dá uma enxaqueca lascada, tristeza absoluta). acho que essa coisa da suposta vitimização dela também “condiz” muito com a idade na época, nos álbuns atuais mesmo ela parece demonstrar uma perspectiva de que ela também tem a parcela dela em certas situações. e eu acabei de reparar que estou na minha maratona para ficar em dia com os seus posts enquanto escuto a versão piano do folklore.
    pela seu comentário sobre scarlet heart eu tenho a impressão de que você adoraria o kdrama doom at your service, cada cena é um gatilho para um milhão de reflexões diferentes.
    eu adorei sua reflexão sobre a motivação por trás da arte, do lado que cá eu posso dizer que além da questão de me entreter essa também está nos meus motivos para consumir a arte. ver a perspectiva de outros e aprender e me identificar (ou não) com isso me faz bem

  2. Tati  em novembro 20, 2021

    também amei o red regravado! (e também tenho minhas ressalvas com ela hahaa)
    realmente, muito interessante esse jeito de repensar algumas metas (sejam criativas ou não), acho que nunca tinha pensado nisso

    Limonada

  3. Emerson  em novembro 17, 2021

    A gente pode encontrar essa motivação quando ela estiver perdida. Sempre existe uma solução no final.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

  4. thais  em novembro 17, 2021

    Oi, Maki.
    Tudo bem?

    Eu nunca comento nada em sites e redes sociais (eu sei que todo mundo diz isso e se é verdade ou não, jamais saberemos. No meu caso é real, rs), mas tive que mandar este comentário para você.

    Estou saindo neste exato momento da terapia e estava me sentindo muito desmotivada exatamente por isso: lancei meu projeto pessoal há pouco tempo e já queria ver resultados nas redes.

    Sou aquarelista e ilustradora tradicional (mas trabalho em outra área para pagar as contas) e uma pessoa extremamente ansiosa por natureza.

    Essa mudança na chave, proposta pelo Struthless (que eu também acompanho há um tempo) pareceu providência divina. Precisamos fazer o que faz sentido para nós e quem sabe isso possa mover outras pessoas. Se a gente se apega meramente a números, a alma do que a gente cria se esvai.

    Teus conteúdos sempre me motivam e inspiram e eu queria te agradecer por isso. É difícil conseguir alguma coisa nessa nossa chamada “economia criativa”, em um mar de pessoas talentosas que nem sempre conseguem “aparecer” e um monte de gente que obtém sucesso com conteúdos patrocinados e parcerias duvidosas. Isso desmotiva pra caramba! Mas são conteúdos como os seus (e, com sorte, minhas artes, em breve) que podem realmente transformar vidas e visões.

    Enfim, não quero tomar muito do seu tempo. Só queria agradecer por isso e pedir pra você “keep up the good work!”, porque o que você faz, cada reflexão e texto, é muito precioso.

    Abraços,
    Thaís.