escrita criativa

eu amo um homem. seu nome? Austin Kleon Matt D’Avella. ele tem bíceps incríveis (segundo ele mesmo) e um humor autodepreciativo que me faz dar gostosas gargalhadas a cada vídeo. a nossa relação é super legal, sabe, a gente se dá super bem, é tranquilo, leve… tem só um probleminha:

ele não sabe disso.

matt davella curso youtube desancorando

pra quem não conhece, o Matt é um dos meus youtubers favoritos há um tempo (tá lado a lado com a Rowena Tsai!). tem alguma coisa nos vídeos dele que sempre me prende do começo ao fim – o que é bem raro em tempos como o que a gente vive hoje – e não é só sobre os assuntos que ele fala, que vão de minimalismo a produtividade. algumas semanas atrás o Matt anunciou que tava lançando um curso sobre YouTube e eu nem pensei duas vezes pra fazer. não é que eu esteja doida pra fazer vídeos ou alguma coisa assim (*piscadinha*), mas é que eu amo o Matt, o conteúdo que ele faz e sempre corro quando vejo uma oportunidade de aprender com quem eu admiro.

só que, nessa, eu descobri o que era essa alguma coisa que tem nos vídeos dele.

eu comecei a fazer o curso e, primeiro de tudo, fiquei completamente alucinada. o Matt desenvolveu um método tão redondinho, tão bem pensado que é difícil você, de fato, não querer começar um canal no YouTube imediatamente. segundo, as aulas são tão cativantes (e ele também) que fica difícil não querer pular pra próxima o mais rápido possível.

mas eu não tô aqui pra ficar fazendo propaganda do curso do Matt (que só vai abrir de novo no ano que vem, infelizmente), mas pra falar sobre como esse curso mudou uma visão que eu tinha sobre escrita.

juro, vem comigo que vai fazer sentido.

eu sempre achei que fazer vídeo era uma coisa, escrever era outra e as coisas não se comunicavam. até então, eu sabia que séries de TV e cinema dependiam de roteiros, muitos podcasts também e até alguns vídeos no YouTube. mas não sabia o trabalho que era montar um roteiro pra fazer um vídeo realmente legal. na real mesmo, era ingenuidade minha achar que a escrita não tinha espaço num vídeo – o que, pensando agora, não faz nenhum sentido, né? mas parece que, na minha cabeça, as duas coisas não se conversavam.

bom, em dado momento do curso o Matt explica muito sobre a construção de um roteiro e as formas diferentes em que ele pode surgir. tanto um roteiro completo, tipo aqueles de filme mesmo que a gente vê por aí, quanto um outline – algo como um rascunho, com os pontos principais que você vai abordar naquele conteúdo. é disso que eu quero falar um pouco mais.

por muito tempo eu senti que a criatividade e a estruturação, o planejamento, não funcionavam juntos. devo ter falado sobre isso em algum momento, mas eu sentia que ser organizada com a minha produção de conteúdo ia, de alguma forma, assassinar a minha criatividade.

afinal, a criatividade é aquele ser livre e espontâneo que aparece só quando quer e não lida bem com rotinas, né? ela não lida bem com rotinas, certo?

(insira aqui o meme do Anakin Skywalker.)

pois é. por muito tempo eu bati nessa tecla e falei que não dava pra programar conteúdos porque a criatividade é livre (eu escrevo quando to inspirada! planejamento mata a criatividade! eu quero ser espontânea!) e ela faz o que bem entende, eu só aceito as suas visitas de bom grado.

insira aqui também um grande: só que não. porque, o Matt me ensinou que dá pra fazer a coisa de um jeito que eu curto e os conteúdos são feitos com antecedência porque precisam de um cuidado a mais, porque eu penso melhor no que vou falar, porque eu delimito o assunto e não me deixo divagar sem fim, sem saber exatamente pra onde tô indo.

(é mais comum do que você imagina.)

tudo o que eu coloco aqui ainda é com proposito – ele fala muito sobre conteúdo com propósito no curso, algo que eu acredito 200% e tento aplicar o máximo possível por aqui. mas parece que isso ficou ainda mais claro quando eu encontrei uma ferramenta que me ajuda a deixar esse propósito mais claro, inclusive pra mim mesma. é colocar um pouco mais de coração em cada parágrafo, cada exemplo, cada referência…

eu ando pensando muito sobre isso, sobre como esse ano tem sido um ano de reformulação interna que tá refletindo muito no externo. acho que esse espaço é o lugar onde isso mais fica latente, porque é aqui que eu me permito explorar muito mais o que eu penso e sinto, as formas de escrever, o que tem chamado a minha atenção… foi o meu compromisso pra esse ano, lembra?

mas… o que mudou no meu processo de escrita?

bom, sendo bem sincera, o que eu faço agora é bem mais trabalhoso do que era antes. mas também me deixa muito mais alegre e empolgada com o que eu faço do que antes. então, acho que o trabalho extra, na verdade, tá longe de ser um problema.

apesar de nem sempre deixar os textos prontos com tanta antecedência quanto eu gostaria de verdade (ah, as cobranças perfeccionistas!), eu ainda tenho tido um tempo maior pra me preparar pra escrever um texto, eu deixo ele maturar, descansar, crescer na minha cabeça, depois que o rascunho tá meio pronto. meus textos viraram pães artesanais, desses que precisam de tempo e paciência pra ficaram prontos.

(sim, é isso mesmo, eu comparei o meu processo de escrita com um pão artesanal. não me julguem!)

mas vamos falar de coisa boa, vamos falar de TekPix do que realmente mudou no meu processo de escrita. são, basicamente, dois pontos:

  • brainstorm de ideias: passo mais tempo trabalhando diferentes vieses de uma ideia até encontrar um “título” que pareça interessante e que eu curta desenvolver.
  • estrutura do post: agora, divido o post em “quadradinhos”, cada um com uma função e um ponto a ser desenvolvido (a melhor coisa pra não me perder num assunto e esquecer do que eu tava fazendo / falando sobre).

não vou entrar em muitos detalhes sobre os dois porque acho que isso me faz sair do propósito do post (há!), mas esse são os dois pontos principais. primeiro, me vem uma ideia na mente e eu trabalho em cima dela, pensando como ela pode ser desenvolvida. escolho uma das vertentes e parto pro outline, em que separo em três blocos os três principais pontos que quero abordar sobre aquele assunto. ufa!

nesse esquema, eu tenho levado em torno de 3 a 4 horas pra desenvolver um post do começo ao fim. é bastante tempo pra alguém como eu, que tem muita prática em escrever conteúdo pra internet e faz isso de baciada no dia a dia. nos meus trabalhos, eu também comecei a aplicar alguns desses pontos (principalmente em relação à estrutura), mas aqui é onde eu posso brincar ainda mais com isso tudo, de forma mais livre.

e a moral da história?

claro que tem uma moral da história, senão, num é um post meu. a moral da história é: muita gente acha que quem sabe muito de uma coisa não aprende nada novo. ou que você tem que aprender a fazer alguma coisa de um jeito e esse jeito nunca mais pode mudar.

tudo mentira, viu?

tô aqui pra dizer que mesmo alguém experiente, como eu sou na escrita, pode aprender coisas novas sobre o próprio ofício e explorar esses novos aprendizados no que faz. e perceber isso foi importante pra mim, porque eu tava me sentindo repetitiva e até um pouco cansada do formato que escrevia antigamente, muito desorganizado e dependente da tal “inspiração esporádica”.

a coisa mais bonita é quando a gente usa o que tem disponível pra aprender algo novo e aplicar no que a gente ama. eu nunca esperei que um curso sobre YouTube me ensinaria tanto sobre escrita – e talvez esse tenha sido o maior insight que eu tive. porque parece que eu só posso aprender sobre isso com outras pessoas que falam sobre isso, que fazem isso da vida e que criam cursos sobre isso.

de novo: só que não.

e tem sido divertido, sabe? pensar em títulos interessantes, em tópicos que eu realmente quero falar sobre, nas referências que eu amo e que se encaixam nisso – até a estrutura do post publicado tá entrando nessa brincadeira, e eu tenho pensado melhor nesses formatos pra ficar mais confortável pra quem lê ou mais interessante visualmente.

sem querer soar repetitiva (hehe), mas já soando, ouvi o Austin num podcast outro dia, falando sobre como a gente pode ser realista sobre as referências que têm. se alguém com que você aprendeu muito se mostrou uma pessoa não-legal (J.K. Rowling, estou falando com você), tá tudo bem você se distanciar dessa pessoa, mas o que você aprendeu com ela continua válido. o importante é você usar esses aprendizados pra aprimorar a sua arte e transformar aqueles aprendizados em um estilo que é só seu.

(aliás, falei muito sobre isso no último encontro sobre escrita do clube de escrita desancorando – se você quiser fazer parte do próximo, daqui 15 dias, é só clicar aqui.)

e senti que foi exatamente isso que eu fiz com o conteúdo do Matt. ele oferece um monte de coisa nesse curso. algumas, eu sei que não vou usar. outras foram super úteis. o que vale pro que eu quero fazer, eu levo comigo e aplico pro que eu faço. o que eu não quero, tá tudo bem deixar pra lá – acabei de me ligar que outro dia, tive uma conversa incrível com a Luiza do Ateliê Mentha exatamente sobre isso!

enfim. as coisas se casam, se complementam, e a verdade é que a gente sempre pode aprender algo novo com as pessoas, mesmo que o assunto seja algo que você já domina. aprender a ser aprendiz sempre é uma coisa muito bonita (e gostosa!) de se fazer.

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Bianca  em julho 08, 2021

    sabe aquilo de se sentir bem em ver uma pessoa falando com tanta paixão sobre algo? é o que eu sinto toda vez que vejo você falando sobre sua relação com a escrita, é de verdade inspirador. não tenho muito para falar sobre o conteúdo do post, foi gostoso de ler como sempre é para mim! além disso, achei divertido que reparar que esses dois novos pontos no seu processo de escrita é basicamente o que eu faço para escrever uma redação do enem.
    espero que você esteja bem, xoxo

    • Maki  em agosto 07, 2021

      Bianca, eu dei uma risadinha aqui quando você falou do Enem porque eu nunca tinha pensado em como isso se adapta bem pra qualquer coisa, até uma redação “oficial”, né? que legal! e brigada pelos elogios, é sempre bom saber que consigo passar um pouquinho da minha paixão por aqui ♥︎

  2. Gabi  em julho 07, 2021

    Amei seu texto! Tenho um pequeno canal no Youtube e sempre te acompanho aqui. Peguei muitas dicas no seu texto. Sua escrita só evolui! Abraços! Gabi.

    • Maki  em agosto 07, 2021

      Gabi, muito obrigada por isso, mesmo! ♥︎