rotinas com afeto

o dia é 30 de junho de 2021, mas meu calendário interno me conta que ainda não saí de março de 2020. ao mesmo tempo, tanta coisa mudou de lá pra cá que é como se eu tivesse vivido um século em um ano e meio, décadas inteiras em apenas seis meses. viver uma pandemia não é simples. o primeiro semestre de 2021 pareceu um redemoinho: me pegou pelo pé e me fez rodopiar pelo céu em diferentes direções, sem me permitir ver exatamente pra onde tava indo. às vezes, ainda sinto o enjoou de girar pelo ar sem saber onde é pra cima ou pra baixo. pode parecer clichê (e talvez seja), mas eu tenho certeza que não sou mais a mesma pessoa que passou o Ano Novo em Jambeiro, no interior de São Paulo, sem acesso à internet (sério!). na época, tinha deletado as redes sociais do meu celular, uma tentativa de tomar distância do ambiente em que fiquei afundada os (pelo menos) nove meses anteriores. de lá pra cá, a sensação é essa: vivi uma vida inteira em 6 meses e me sinto totalmente outra pessoa. 

quem acompanha esse blog há mais tempo deve lembrar que por um tempo eu fazia revisões mensais (saudades, #resumaki), contando um pouco do que tinha vivido no último mês. perdi o hábito (e a vontade) depois de um tempo e nunca mais pensei no assunto. mas esse ano, decidi que a cada três meses eu pararia pra rever o que tinha rolado no trimestre, se eu tinha conseguido cumprir o que prometi que cumpriria ou se tinha falhado miseravelmente em mais uma tentativa de estabelecer metas pra mim mesma. ainda bem, o saldo tem sido mais positivo do que negativo e achei que compartilhar o que vivi e aprendi até aqui não só seria importante como necessário, tanto pra mim quanto pra você, que me lê. acho que em tempos tão confusos, quanto mais motivos a gente encontrar pra comemorar, melhor, né? e, apesar de tudo, eu percebi que tenho muita coisa pra celebrar. mas só é celebração mesmo quando a gente compartilha com os outros. por isso, cá estamos. (eu espero que você esteja acompanhado de uma bela xícara de café por aí, assim, a gente desfruta junto desse momento gostoso.) 

uma revisão de meio de ano baseada em gentileza

eu não sei você, mas a auto-cobrança foi uma protagonista da história que contei no último ano e meio. fosse pra acordar mais cedo ou ser absolutamente produtiva todos os minutos do dia, não foi simples lidar com esse crítico interno (descobri recentemente que isso é coisa de lua em virgem). então, quis pensar numa revisão que celebrasse as minhas vitórias, as coisas interessantes que vi, as relações que retomei, os livros bons que li. não é jogar as dificuldades pra baixo do tapete – elas surgiram e foram lidadas de acordo. mas é dar mais importância pro que me fez bem simplesmente porque me fez bem e não por ser resultado de uma grande provação (vamos combinar que essa coisa de se sacrificar primeiro pra ser feliz depois não tá com nada?). então, é isso, uma revisão gentil ou uma gentil revisão pra colocar olhos mais acolhedores pra tudo o que rolou num espaço tão curto (e tão longo!) quanto 6 meses.

parte 1: 6 livros

voltar a ler tem sido uma das minhas maiores vitórias. li 13 livros nesse tempo (!) e selecionei os melhores pra comentar rapidinho por aqui: 

  • Siga em Frente, Austin Kleon: terminei semana passada e é o tipo de livro que me dá vontade de sair correndo na rua, pegar as pessoas pelos ombros e gritar “VOCÊ JÁ LEU SIGA EM FRENTE? LEIA SIGA EM FRENTE!”.  fico impressionada toda vez com o quanto esse livro é atemporal e acalentador. é um abraço criativo, do tipo inspirador mesmo, que te dá vontade de fazer coisas boas por você e pelos outros. 
  • O Mundo que Habita em Nós, Liliane Prata: nunca chorei tanto ao ler um livro de filosofia quanto ao terminar O Mundo que Habita em Nós. que livro sensível e necessário. acho que nunca ficou tão palpável pra mim o quanto a gente é conectado e interdependente quanto depois de lê-lo. virou um dos favoritos da vida. 
  • Romancista por Vocação, Haruki Murakami: o primeiro que eu li do autor e que também já entrou pra minha lista de favoritos da vida. acho que nunca me identifiquei tanto com alguém falando sobre escrita quanto com o Murakami. 
  • Resista: Não Faça Nada, Jenny Odell: pensa num livro que me deixou BOLADA. foi Resista. me fez questionar tanto o quanto eu presto atenção na vida ao meu redor, como me relaciono com as pessoas e até com a própria internet. um livro muito necessário e esclarecedor. 
  • Grande Magia, Elizabeth Gilbert: a visão da Liz Gilbert sobre criatividade é uma das coisas mais bonitas que eu já li. é inspirador demais perceber o quanto ela ama a criatividade e como a criatividade é uma coisa viva na vida dela. dá vontade de ser igual. 
  • Um Lugar Bem Longe Daqui, Delia Owens: não só de livros de criatividade e escrita vive uma Makizinha. Um Lugar Bem Longe Daqui é um dos livros de ficção mais bonitos que eu já li. a história é muito envolvente, sim, mas a forma como autora escreve é um show à parte. fiquei impressionada de verdade, do tipo querer bater palmas em pé.

parte 2: 6 amores

teria tanta coisa pra colocar aqui que foi difícil escolher só 6, mas queria deixar uma menção honrosa pra todas as pessoas maravilhosas que fazem parte da minha vida e com quem tive inúmeras conversas necessárias e deliciosas ao longo desses meses. fora isso, tem o seguinte:

  • Taemin: o meu amor por k-pop segue vivíssimo e eu descobri nesse meio tempo toda uma admiração pelo Taemin, que além de ser parte do meu grupo favorito, o SHINEe, também é um artista solo tão maravilhoso que eu não tenho nem palavras pra descrever. a música Think of You virou a minha favorita da vida, e eu sou todinha o mood desse clipe. 
  • videogame: é isso mesmo, depois de uma fase meteórica na adolescência, voltei a me apaixonar de vez por videogames. já finalizei dois jogos desde que retomei esse hobby, Final Fantasy VII e Final Fantasy X, um dos jogos que mais gostava quando era ~xóvem~. 
  • rotinas matinais: eu sei, tá todo mundo meio cansado de ouvir falar sobre rotinas matinais, mas eu juro que descobri todo um novo amor por pequenos rituais que, principalmente, me mantém longe do celular e do computador. a minha tá tão sólida que é impossível pensar em pular essa rotina sem um motivo muito, muito, muito bom. 
  • Michael Scott: parceirinho de quatro patas, esse tapete pretinho que me segue o dia inteiro e virou amigo de longas caminhadas pelo bairro, quando ele precisa gastar energia e eu, clarear os pensamentos.  
  • clube de escrita: esse projeto virou uma das poucas coias que me animavam por um tempo, e eu sinto uma gratidão imensa por ver tanta gente que confia no meu trabalho e topa as minhas loucuras por lá. 
  • descansar de verdade: do tipo me propor a parar de trabalhar num certo horário e parar de verdade verdadeira, não fazer nada além das coisas que eu quero ou gosto. ainda trabalho a maior parte dos finais de semana, pelo menos um pouco em cada dia, mas o tempo de descanso tem sido precioso e eu tenho visto a diferença que isso faz na minha vida. 

parte 3: 6 pequenas vitórias

talvez soe um pouco repetitivo em relação à parte anterior, mas vamos lá: 

  • bater – e ultrapassar – a meta de inscritos no clube de escrita (já somos 45 pessoas por lá! a minha meta era chegar aos 24 até julho).
  • passar menos tempo na frente de telas ao longo da semana – um respiro necessário. 
  • voltar a ler! (cheguei a ler quatro livros num mês e isso foi incrível – mas não é uma obrigação, que fique claro!).
  • estudar muitas coisas novas e colocar (uma parte) em prática. 
  • ser convidada pra contar a minha história num podcast maravilhoso
  • postar no blog (quase) todas as semanas – foram 21 posts em 26 semanas!

parte 4: 6 lições aprendidas

aprender, eu tenho aprendido (!), é uma coisa maravilhosa demais. compartilhar o que eu aprendi, então, nem se fala. 

  • eu não preciso seguir o ritmo do mundo. tá tudo bem seguir o meu próprio. 
  • eu não sou obrigada a fazer o que eu não gosto. eu posso focar no que gosto e pedir ajuda com o restante. 
  • organização é um amigo, não uma bola de ferro presa no meu tornozelo. seja com o que eu faço aqui no blog, ou com a minha rotina no geral, ter uma organização me dá um norte, um caminho a seguir. 
  • descansar é produtivo. num dá pra dizer que não é, né? se me ajuda a recuperar as energias pra trabalhar, é produtivo, sim. 
  • eu não estou e não sou sozinha. contar com as pessoas não é um sinal de fraqueza, pelo contrário. 
  • ideias são apenas isso, ideias. e mudar de ideia é uma coisa maravilhosa.

e agora, José? 

fazendo minhas as palavras de Austin Kleon, tenho vivido dias da Marmota que eu tenho amado, e essa, eu acho, é a minha maior vitória dos últimos meses. agora, é um momento de reflexão e até de introspecção. pra onde vou daqui, só o tempo (e o meu planejamento) vai dizer. mas me sinto esperançosa e animada. me sinto interessada em descobrir e me colocar à prova, me desafiar. de novo, não no sentido de me sacrificar pra conquistar algo, mas de trabalhar com amor em coisas que amo e ver o resultado que isso traz. não tem como ser ruim, né? 

queria dizer que achei tão legal fazer essa revisão que queria convidar você a fazer o mesmo: como seria a sua revisão gentil? me conta nos comentários algumas das coisas maravilhosas que você viveu nesse primeiro semestre.

como sempre, me vem na mente uma coisa que ouvi há um bom tempo: a gratidão é o sentimento mais próximo do amor verdadeiro que a gente pode experienciar no mundo, então, fica aqui o meu mais sincero “muito obrigada” por você ter feito parte desses seis meses – e de toda história desse blog. assim como eu, esse espaço não é o mesmo desde que o ano começou e você faz parte de todas essas mudanças. obrigada.   

obs: esse post conta com links afiliados! isso significa que a cada compra feita, eu recebo uma pequena comissão.

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Escrito pelaMaki
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6 Comentários
  1. Emerson  em julho 07, 2021

    Que seis meses intensos e interessantes você teve, não é mesmo? Também tenho seguido uma rotina nessa pandemia, mas já estou vendo que vou ter que mudá-la em breve, pois voltarei a trabalhar presencialmente.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

    • Maki  em agosto 07, 2021

      Emerson, foram intensos mesmo! mas muito bonitos também, então é isso que importa, né?
      espero que você tenha conseguido mudar a sua rotina com tranquilidade!

  2. Bianca  em julho 04, 2021

    como sempre seus posts sempre trazem as emoções a tona para mim. foi bom ler um pouco das coisas boas da sua vida nesse período louco que estamos vivendo.
    acho que se eu fosse fazer uma revisão gentil da minha vida nesses últimos meses os pontos que eu citaria são:
    – gentileza: minha gentileza me permite ser uma pessoa melhor para aqueles ao me redor e me permitiu cultivar bons (e até novos) amigos, que tem sido um canto de conforto em meio a tudo isso
    – livros: sempre foram uma parte tão presente da minha vida e sinto que esse ano só li coisas fantásticas, algumas até fora do que costumo ler, graças ao clube do livro que entrei
    – céu: eu tenho uma paixão muito grande pelo céu e continuar olhando para ele e fotografando me trouxe tanta paz
    – pequenos rituais: aprender e desenvolver os pequenos rituais que tornam meus dias mais leves se tornou um game changer para ter uma vida mais serena e doce
    – continuar estudando: apesar de o mundo está um caos lá fora, a vida não parou, então só de eu conseguir estar estudando um pouco para o vestibular eu me sinto satisfeita

    • Maki  em agosto 07, 2021

      Bianca, amei a sua revisão gentil ♥︎
      (depois me conta o que você anda lendo? fiquei curiosa!)

  3. Marina Menezes  em julho 03, 2021

    Eu tava aqui na época do Resumaki! rs adorava, inclusive tenho vontade de fazer resumos mensais no meu blog só por causa de você! Nunca fiz, porque um mês passa muito rápido e costuma não dar tempo de postar ou escrever sobre muita coisa (nem de viver elas), então nunca aconteceu de fazer. Três meses eu achei uma excelente ideia, fica mais leve de escrever também

    Sobre essa cobrança interna, já tive muita, ainda tenho um pouco, mas é libertador se livrar disso. Com essa pandemia eu praticamente larguei essa cobrança que vinha no meu ouvido o tempo todo, simplesmente porque, bem a gente está numa pandemia, já estou fazendo o suficiente não surtando e ficando viva.

    Espero que você continue cada vez mais no seu ritmo e se cobre cada vez menos!

    • Maki  em agosto 07, 2021

      ahhhh Marina, mentira! e eu super entendo, um mês passa rápido demais, né? até um trimestre eu tô achando rápido, mas parece que dá mais tempo pra assimilar as coisas todas hehe
      enfim, muito obrigada mesmo pelo seu cometário!