rotinas com afeto

pois é. eu e você, a gente vai precisar ter essa conversa. mesmo. não sei se você percebeu, mas semana passada não teve post. foi a primeira vez em cinco meses que eu fiquei sem postar aqui. mas a última semana e meia antes de quarta-feira passada foi tão complicada que eu precisei fazer uma escolha consciente entre duas opções:

  1. escrever qualquer coisa só pra cumprir o calendário, meio na pressa, fazer uma foto improvisada e publicar no meio da tarde.
  2. assumir que eu não queria fazer nada corrido e tirar o dia de folga porque eu tava esgotada.
descansar

bom, considerando a falta de post, você já deve ter deduzido o que eu escolhi. quarta passada, tirei uma “metade de folga”. fiz só o que era estritamente necessário em termos de trabalho e nada mais. deixei tudo pra depois. os prazos tiveram que esperar, a agenda cheia também. fiz só o que eu quis, cumpri com algumas reuniões, e foi isso. não teve post aqui nem no Instagram. não quebrei a cabeça pra publicar qualquer coisa, uma solução rápida pro feed vazio. eu não quis.

e não dá pra dizer que isso não é uma resposta pra todo o estudo que eu tenho feito nos últimos meses. sim, eu tenho estudado muito e tenho lido muito também. sinto que o livro Resista – Não Faça Nada, da Jenny Odell, é um desses que você vai ver muito aqui, porque é uma leitura que tem me marcado demais e mudado a minha visão sobre descanso e, principalmente, sobre como eu uso a minha atenção.

tem um trecho, logo no começo, que mexeu bastante comigo:

e é preciso uma pausa para me lembrar disso: uma pausa sem fazer nada, apenas ouvir, para me lembrar o que somos, quando e onde estamos.

eu falo tanto de esquecimento por aqui que não tinha me tocado do quanto esse esquecer é profundo. bombardeada de tanta informação o tempo inteiro, a gente esquece coisas básicas do tipo quem sou eu, onde eu tô e o que eu to fazendo aqui.

tenho também topado com muita gente que fala sobre a importância de reconexão a partir de um lugar mais físico, no sentido da gente retomar consciência do ambiente que tá, da natureza, das pessoas, do nosso contexto, sabe? tanto a Jenny quanto o Byung-Chul Han, de Sociedade do Cansaço, falam disso.

e eu tenho percebido essa vontade mesmo. de passar mais tempo offline do que online. e, quando tô online, de ser mais assertiva com a minha atenção e o meu interesse. não me permitir ficar nessa loucura de mil abas por segundo, sabe? enfim, de aprofundar o meu conhecimento das coisas ao invés de deixar tudo no superficial.

e não é simples, sabe. a gente já foi condicionado demais, a ponto de parecer quase contraintuitivo descansar e não acompanhar o ritmo das redes sociais. então, queria compartilhar alguns aprendizados que eu tive nesse meio tempo.

1.não fazer nada dá medo

outro dia, decidi colocar em prática tanto uma ideia que a Jenny aborda no livro quanto a Rita propõe no projeto minimalismo digital: não fazer nada. nada de telas, de música, de livro, de TV… nada. coloquei dez minutos no timer e parei na janela, observando a vista daqui de casa. logo no comecinho, entrei em pânico. me passou pela cabeça as centenas de pendências que tinha pra fazer e que aquilo ali era uma perda de tempo. depois, eu coloquei em prática a coisa da atenção, até pra me ajudar a acalmar a cabeça: observei primeiro as árvores, depois os prédios, as pessoas na rua… no fim, já tava ficando agitada por não ter nada pra fazer, mas gostando da experiência. coloquei na minha agenda pra semana que vem um lembrete pra fazer isso todos os dias. aliás, já tinha visto uma vez num vídeo da Beatrice, do The Bliss Bean, e tinha achado estranho, agora entendo a importância desse exercício.

2.descansar é mais fácil se me imponho limites

normalmente, meus sábados eram meio doidos. eu ficava num misto de querer descansar e ter que trabalhar e adiantar coisas pra semana. tem umas três semanas que coloquei na cabeça que o prazo máximo pra ficar no computador de sábado é entre 15h30 – 16h. depois disso, não encosto mais até a tarde de domingo, quando preciso assistir aula. curiosamente, deu certo, e quando eu fecho o computador às 16h, sinto que a cabeça desliga de verdade. o mesmo vale pra durante a semana, em que impus o limite de trabalhar até as 21h.

3.mudar de ambiente tem sido importante também

no caso dos sábados, separar um pouco o lugar de trabalho do lugar de lazer tem me ajudado bastante. eu trabalho no quarto (o que, em teoria, não é o ideal), mas tenho feito questão de sair do quarto e ir pra sala sempre que termino, vou fazer uma refeição ou ler. acho que isso tem feito a minha cabeça entender que sala = descanso e quarto = trabalho.

4.respeitar os sinais do corpo é essencial

meus olhos têm ficado muito cansados no fim do dia, principalmente se eu tenho muitas reuniões por videoconferência. algumas vezes, descansar um tempo, parar pra comer e tirar o foco de uma tela ajuda a recuperar e eu consigo continuar por mais um tempo. outros dias, nem isso resolve e não adianta forçar a barra. tenho sido mais gentil comigo, sabe? porque meu corpo e minha mente têm sentido os efeitos de uma pandemia, de mais de um ano dentro de casa, com interações limitadas. então, o melhor que eu posso fazer, como disse Fê Negrão numa aula que vi esses dias, é operar no mínimo.

acho que ainda vou descobrir muita coisa sobre esse assunto porque a importância do descanso ganhou um novo estágio de prioridade na minha cabeça, mas isso é ótimo! quanto mais eu experimento e aprendo, mais eu consigo compartilhar o que deu certo (e, quem sabe, isso encurta o caminho pra você!). você tem conseguido descansar? me conta o que você tem feito nos comentários!

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Escrito pelaMaki
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14 Comentários
  1. Camila Faria  em maio 30, 2021

    A que nível chegamos, de ter que (re)aprender a descansar, né Maki? Eu preciso muito fazer esse exercício, sinto isso de TER que aproveitar cada segundo dos meus (breves) momentos de folga ~ mas é sempre exaustivo e pouco recompensador. Precisando muito me conectar mais com esses momentos de não-fazer-nada, me permitir mesmo… Beijo, beijo :*

    • Maki  em julho 05, 2021

      Cami, eu juro que tem horas que tô tranquila, jogando o meu videogame e penso “talvez eu devesse fazer alguma coisa mais produtiva como meu sábado”. e não, sabe? é louco mesmo que a gente tenha que reaprender isso, mas se a lição veio… que sirva pra gente aprender de vez, né?
      beijo <3

  2. carol justo  em maio 29, 2021

    Eu amei esse post. Recentemente passei pelo mesmo dilema, é tanto stress, tanta coisa pra fazer, tanta cobrança e eu acabo surtando, tive que aprender na marra a dizer não e entender quando eu preciso parar e descansar, pelo meu próprio bem

    beijosss
    http://www.justoeublog.blogspot.com

    • Maki  em julho 05, 2021

      menina, aprender a dizer não é uma das ferramentas mais poderosas que a gente pode ter na nossa caixinha de coisas incríveis. pra quem quer equilíbrio e descanso, então, nem se fala, né?

  3. Luly Lage  em maio 28, 2021

    Meu Deus do céu, QUE POST É ESSE!

    Não sei nem como começar a falar sobre ele, porque pensar tô pensando, e muito. O que mais me lembrou foi umas semanas atrás, conversando com uma amiga com quem falo muito em um fim de domingo, em que ela me perguntou se eu tinha conseguido descansar no fim de semana. Automaticamente comecei a relatar todas as coisas importantes que tinha feito e pior: o que NÃO tinha feito, me sentindo 100% culpada por isso. Ela então me interrompeu no meio da fala dizendo “Mas eu não perguntei isso, perguntei se você conseguiu DESCANSAR”. E fiquei calada refletindo sobre aquilo, e segui assim por dias.

    Descansar virou um verbo muito difícil de colocar na prática, e não só por mim, né, mas todo mundo. Esse desespero que você mencionou do “fazer nada” realmente, é pavoroso, porque o mundo muda muito, a cada segundo, e não acompanhar parece ser a pior coisa que existe, mas não é. Tem que existir equilíbrio, sabe-se lá como…

    O passo 4 parece óbvio, mas é tão gigante! Uma revolução pra esse planeta vai ser quando geral aprender…

    • Maki  em julho 05, 2021

      Luly, estou te mandando um abraço virtual agora e torcendo pra que você tenha conseguido descansar de verdade nos fins de semana que se seguiram a esse comentário! eu juro que sigo tentando e hoje me sinto muito melhor, mais tranquila, mais focada no que eu quero e no quanto esse equilíbrio é importante, sabe? num é louco que “descansar” virou quase uma ofensa? quando deveria ser uma prioridade pra formar e manter as pessoas sãs, né?
      eu espero que você esteja bem!
      um beijo!

  4. Claudia Hi  em maio 28, 2021

    Sempre me admiro quando você fala exatamente das situações que eu ando passando Maki!

    Eu vivo de “pausas criativas”. Reconheci que elas também fazem parte do meu processo (acho que é por isso que existem as férias rs). E a meditação também ajuda muito! É daquelas coisas que a gente sente falta quando não faz.

    Espero que você esteja melhor. Bom Junho pra você ♥

    • Maki  em julho 05, 2021

      Claaaauuuu!
      que saudades de ver por você por aqui! já estou melhor sim! (mas você deve ter percebido que eu dei uma sumida em junho! hehehehe)
      cara, você já leu Siga em Frente, do Austin Kleon? ele fala justamente sobre essa história de estações do ano criativas, essa coisa de entender quando você tá mais aberto a compartilhar e criar e quando tá mais fechadinho, apenas absorvendo e compreendendo. ando me sentindo meio assim, ultimamente!
      bom julho pra gente!

  5. viectoria  em maio 27, 2021

    oie, tudo bem?
    quando você entende que: está tudo bem descansar e não é preciso se culpar por isso, as coisas vão clareando.
    super compreendo você e espero de verdade que esteja aproveitando melhor esses momentos 🙂

    • Maki  em julho 05, 2021

      oie! tudo bem e com você, viectoria?
      sim, com certeza! tenho aproveitado muito! (ainda bem!)
      espero que esteja tudo certo por aí também!

  6. Bianca  em maio 26, 2021

    ótimo tema e tão pertinente nessa nossa realidade de agora. tive que aprender na marra a descansar. ano passado quando tudo isso começou eu estava tentando operar do mesmo modo que antes. levou umas três semanas até meu corpo colapsar, literalmente. foi um ano todo trabalhando a minha mente pra aceitar que eu devia fazer o que eu conseguia fazer e que tudo bem passar um tempo descansando. hoje acho que cheguei numa relação saudável com o descanso da qual eu sinto orgulho. em meio a loucura de ser vestibulanda, ainda mais durante uma pandemia na qual eu estou “em paz em casa”, a gente é condicionada a pensar que todo momento que não estamos estudando é improdutivo. foi um longo processo pra entender que cuidar de mim, da mente e das outras áreas da minha vida também ao longo dessa jornada é tão produtivo quando estudar. fiquei em paz com isso e aprendi a trabalhar com os meus limites e o meu cansaço. confesso que o descanso mais difícil pra mim é o da tela, reparei que acabei com todos os livros da estante e estava sentindo falta desse momento de leitura e de outros momentos longe do computador, estou cuidando disso no momento.
    espero que você esteja bem, xoxo

    • Maki  em julho 05, 2021

      Bianca, isso que você aprendeu (ainda que de um jeito complicado) é tãaaaaao importante. leve isso com você, sério, porque essa improdutividade parece que tem só a ver com estudo e depois você só transfere isso pro trabalho. se cuide, mesmo, seja gentil com você e trabalhe (ou estudo!) da forma que é mais confortável e benéfica pra você. e descansar é tão importante pra você fazer uma prova com calma e bem, né? boa sorte com as suas, inclusive!

      (e tudo certo por aqui <3)

  7. Emerson  em maio 26, 2021

    Super me identifiquei com o seu texto, Maki. Tenho tirado um dia na semana e no final de semana para descansar, relaxar e ver as séries que gosto. Isso tem se tornado primordial, ainda mais que estou em homeoffice total agora.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

    • Maki  em julho 05, 2021

      Emerson, eu tenho feito a mesma coisa! trabalho no fim de semana só até o começo da tarde de sábado e depois é só descanso! e durante a semana tenho colocado mais horários de descanso também. tão importante, né?