cotidiano

tem alguns anos que eu comecei a pesquisar sobre o movimento slow – e até já fale por aqui sobre o slow blogging, uma vertente que ganhou o meu coração de uns tempos pra cá.

bts_jin

mas, sabe, eu acho que se há algo de interessante (porque eu me recuso a dizer ‘positivo’) que eu tenho tirado dessa quarentena é uma reflexão sobre como eu gosto de andar mais devagar.

por muito tempo eu vivi numa correria maluca, muitas vezes sem nem levantar da cadeira. acho que você sabe do que eu tô falando: aquela velha máxima de trabalhar demais, descansar de menos, e competir comigo mesma pra ver se chego mais rápido na linha de chegada. uma linha, diga-se de passagem, que nem eu mesma sabia onde ficava.

e não me entenda mal, eu ainda amo trabalhar demais e não me vejo parando tão cedo – mas acho que tem uma história de consciência, e que eu eu identifico no slow living, que quero começar a levar a sério.

quando eu li O Pequeno Livro do Hygge (um presente da Melzinha, esse doce de pessoa), eu fiquei muito impressionada sobre como o segredo dinamarquês da felicidade tinha a ver com tempo. os pratos levam horas pra serem feitos; as bebidas aconchegantes, também. os ambientes não são criados de um dia pro outro, mas levam o seu tempo pra se construírem. é tudo manual, tudo junto, tudo mais devagar.

a ideia principal de todo e qualquer movimento slow é desacelerar e criar uma relação mais significativa com o meio ambiente, os recursos, as pessoas, é buscar “conviver com mais afeto“. eu amei isso, de verdade.

e tenho visto cada vez mais essa necessidade. criar uma rotina não é sobre fazer o maior número de coisas em menor tempo, é aproveitar o tempo que se tem e cada tarefa inserida ali. é fazer cada atividade com consciência, com gentileza, com alegria – mesmo que sejam coisas que você faz todos os dias, os tais dos hábitos.

e eu percebi que acredito muito nisso. nesse fazer consciente, nesse tempo bem aproveitado. não é à toa que eu tenho pensado muito nesse tuíte do Jason Fried de 2017, mas que eu descobri outro dia (não lembro onde, mas tenho quase certeza que foi num post do Austin Kleon):

produtividade é para máquinas, não para pessoas. não há nada significativo em agrupar uma quantidade de trabalho em algum tempo, ou fazer mais com menos. pense no quão eficiente você está sendo, não o quão produtivo.

Jason Fried

até porque, produtividade, além de ser uma palavra batida, é algo tão relativo, né? hoje, eu vejo produtividade como tudo aquilo que eu faço com intenção, e a boa notícia é que isso nem precisa ter a ver com trabalho, né? se a intenção é genuína, com certeza já é produtivo, que seja tomar um cafézinho sentada no sofá, num domingo de manhã.

agora, voltando ao título desse post, que tá longe de ser uma pegadinha, eu ando refletindo nisso tudo porque, tem um tempo também (êta, palavrinha popular hoje) que eu vi aquele vídeo do BTS fazendo um discurso de formatura no YouTube, e eu, que sempre gostei muito do Jin, fiquei mais encantada com ele depois que falou isso aqui:

às vezes, eu ficava incomodado vendo os meus amigos indo tão à frente de mim, e tentar acompanhar os passos deles me deixava sem ar. eu percebi que o ritmo deles não era o meu. o que me manteve seguro naqueles dias foi uma promessa que fiz a mim mesmo de “ir devagar”. eu iria no meu próprio ritmo, consistentemente.

Kim Seok-Jin

considerando que já vi o próprio Jin falar disso outra vezes, e os outros membros do grupo comentarem como admiram isso nele também, acredito que seja uma reflexão sincera. e, poxa, se o cara de um dos grupos musicais mais famosos (e ocupados) do mundo atual consegue ir devagar, quem sou eu pra dizer que não dá?

acho que essa coisa de ritmo é muito maluca, mas ao mesmo tempo muito libertadora. quando eu parei de correr, parece que tudo ficou mais gostoso. quando comecei a pensar melhor no que eu queria pros meus dias, tudo ganhou uma camada extra de verniz e ficou mais brilhante. quando eu comecei a me ouvir mais e levar mais a sério a consciência que eu colocava em cada gesto, em cada tarefa, em cada ação, fazer qualquer coisa virou divertido de novo.

eu amo trabalhar muito. mas eu amo trabalhar muito no ritmo que eu considero compatível com a linha de chegada que eu quero alcançar (e que, ainda bem, fica cada dia mais clara).

e, com isso tudo em mente, parece que a motivação ganhou novo gás, e eu senti uma vontade de fazer que é totalmente nova e deliciosa pra mim.

brigada, Jin, por fazer um discurso um dia que deixou na minha mente essa pulguinha do ritmo próprio. brigada, Jason, Hygge, movimento slow e todas as outras pessoas que um dia pensaram sobre isso também. e brigada você por tirar uns minutos do seu dia corrido pra ler um texto que, se tudo colaborar, vai te fazer querer andar um pouco mais devagar também.

num mundo repleto de lebres, sejamos a tartaruga. ou, se analogias com bichinhos não é o seu forte, sejamos todos um pouco mais Kim Seok-Jin.

Compartilhe!
Escrito pelaMaki
Deixe seu Comentário!


Warning: Undefined property: stdClass::$comments in /home1/desan476/public_html/wp-content/themes/plicplac/functions.php on line 219
10 Comentários
  1. Andreia Bacarin  em setembro 04, 2020

    Pesquisando sobre Tracker parei aqui. Amei!!! Obrigada por escrever e continue… Beijos

    • Maki  em setembro 07, 2020

      Andreia, que bom que você gostou! fico muito feliz! (mesmo!)

  2. Hadassa Loyris  em julho 29, 2020

    Sim, também me identifico com as palavras dele. O tempo não é o mesmo para todo mundo, por isso que se diz a tempo de viver e morrer, tempo de chora e sorrir. No que se refere a mim só tenho escolha de um, o tempo de lutar e sobreviver.

    • Maki  em agosto 16, 2020

      que bom saber que você também se identifica, Hadassa!

  3. Gabi  em julho 08, 2020

    Obrigada pela dica do livro. Muito identificada com seu texto. ❤️

    • Maki  em julho 12, 2020

      ❤️❤️❤️

  4. Luciana Souza  em junho 29, 2020

    Eu me peguei pensando muito nas palavras do Jin depois desse discurso, poxa eu estava (talvez ainda esteja) em um período tão louco, mesmo em meio a pandemia, me cobrando e olhando o colega do lado me comparando com os feitos dele, e bem as palavras do Jin foi como um balde de água fria e percebi que talvez fosse a hora de desacelerar, como você disse se ele que faz parte de um grupo tão famoso e ocupado consegue ir num ritmo mais devagar eu também posso, é um luta diária tentar ir com calma, mas tem dado certo. Amei o post Maki, sabias palavras, obrigada por isso.

    • Maki  em julho 12, 2020

      nossa, Luci, é isso mesmo. se ele consegue quem a gente é pra dizer que não dá né?
      brigada pelo seu comentário <3

  5. Nara  em junho 29, 2020

    O Seokjin é maravilhoso, o BTS é maravilhoso. Eu assisti o discurso que eles fizeram no dia e a mensagem deles é muito importante porque, além de mostrar a personalidade de cada um, foi muito importante ouvir eles dizendo “tudo bem ir no seu tempo” eles são a prova disso e eu acho que muita gente esquece isso.

    E eu já tinha ouvido antes na música Paradise do album Tear (fav junto com Dark & Wild e Wings)

    “Está tudo bem parar
    Não há necessidade de correr sem ao menos saber o motivo
    Está tudo bem não ter um sonho
    Contanto que haja momentos em que você sinta felicidade”

    > https://www.youtube.com/watch?time_continue=98&v=obH7iPDAn2Q <

    Ou seja, BTS dando lição de vida.

    Adoro seu blog ♥

    • Maki  em julho 12, 2020

      menina, sabe que eu nunca tinha prestado muito atenção na letra dessa música?
      vou ouvir com mais carinho, agora <3