inspiração

Jojo Rabbit é um dos filmes mais maravilhosos que eu já vi na minha vida e facilmente ganhou um espaço na minha lista de favoritos. tem só duas semanas que assisti a primeira vez e, desde então, uma das falas da Rosie, a mãe do Jojo, para a Elsa não me sai da cabeça:

como manter a calma

“esse é o poder que você tem. enquanto ainda houver alguém vivo por aí, eles perdem. eles não a pegaram ontem, hoje, e amanhã será a mesma coisa.”

Jojo Rabbit

comparar o que está acontecendo agora com uma guerra é extremo, eu sei, mas o mote desse post não é sobre isso, exatamente. é sobre esperança.

muitas vezes, a gente olha ao redor e tem certeza que chegou no fundo do poço. se não por conta de todas as coisas que acontecem fora da gente (tipo, no mundo, propriamente dito), por causa das coisas que a gente sente e que a gente pensa.

acredite, eu já estive nesse lugar e não é dos mais agradáveis.

no escuro, cercada de musgo, com água até as canelas, meias molhadas, tremendo de frio até os ossos, fica difícil perceber que a saída tá ali em cima. pode parecer distante, claro, mas ela tá ali.

pra algumas pessoas, a situação é tão desconcertante que a luz que vem de cima parece mais uma alucinação do que a saída. pra outras, tentar chegar até lá é a meta, mas elas tão cansadas e acostumadas com os pés molhados, não parece realista querer chegar até lá. pra quem tá lá fora, no alto, o desafio é mostrar pra quem tá lá embaixo que a chance de sair dali existe e que é possível – e esse tem só que tomar cuidado pra não se deixar escorregar na borda e acabar no fundo do poço também.

o que eu to querendo dizer com isso é que a gente tá num momento de escolha. olhar pro que tá acontecendo agora pode ser assustador. pode ser incerto, inseguro, perigoso. mas a gente não pode se deixar levar pelo medo.

o medo é mal-caráter, sabe? parece que ele tá ali pra ajudar, pra estender uma corda pra gente escalar, fazer o nosso senso de urgência bater e os nossos sentidos ficarem mais aguçados. mas ele é a típica bomba-ninja. surge de repente, nubla sua visão e te deixa com a garganta ardendo no final.

sentir medo não vai ajudar a gente a sair dessa, entende? pelo contrário. o medo vai fazer a gente desconfiar uns dos outros, a ignorar o contexto e não pensar em quem tá do lado. a deixar o cuidado de lado e tomar decisões imprudentes. vai fazer a gente esquecer de coisas básicas, como a gentileza e a empatia. vai fazer a gente pensar mais em si mesmo do que no todo.

talvez o ponto chave – e o porquê de eu querer escrever esse post – é que o medo vai fazer você se sentir sozinho. e isso não é verdade. eu já falei sobre isso na newsletter da semana passada, mas acho importante reforçar aqui: eu preciso que você cuide de você. por mim. pelas pessoas que você ama. por aqueles que você nem conhece, mas com quem cruza todos os dias.

a gente vai sair dessa. mas a gente vai sair dessa juntos. “nenhum homem é uma ilha”, já diria John Donne, em uma daquelas máximas que já virou tão clichê que a gente se dessensibilizou pro seu verdadeiro significado. mas, sim, nenhum homem é uma ilha e a gente precisa começar a lembrar disso mais vezes no dia do que esquece.

e se cuida. faz a sua parte que a sua parte ajuda o todo. por mais que pareça sem efeito. por mais que pareça sem sentido. faz a sua parte, porque você importa. você é parte do meu continente, porque “nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; são todos parte do continente, uma parte de um todo“.

aproveita e olha pra cima. to jogando uma corda, tá vendo? tá segura, eu amarrei forte numa árvore aqui perto. não fica com medo, eu te ajudo subir. vem com calma. devagar, porque nós temos pressa. tem muita gente pra ajudar. você topa fazer isso comigo, né? que bom. que bom. vamos juntos, então. assim, é bem melhor e a coisa resolve mais rápido. eu confio que sim.

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Letícia  em março 25, 2020

    ah, obrigada por isso, Maki! ler textos como esse tem me mantido calma e afastado o medo.
    tá mais do que na hora de nos unirmos, John Donne estava certíssimo.
    eu também confio que sim 🙂

    • Maki  em março 26, 2020

      exatamente, Le! vamos juntos e fortes e belos. vai ficar tudo bem <3

  2. clara rocha  em março 22, 2020

    esse post me fez um bem danado.

    • Maki  em março 26, 2020

      aaaa clarinha <3 fico feliz que ele tenha te ajudado. mesmo!