inspiração

não lembro quem foi que me falou isso ou onde foi que eu ouvi, mas tô com essa ideia na cabeça desde que ela se enfiou ali, no meio de todas as caraminholas.

ano novo não é sobre começar do zero, é sobre continuidade.

continuidade

fiquei intrigada porque eu, como tantas outras pessoas no mundo, passei os anos contando com o fato de que primeiro de janeiro abria uma porta pro novo. é como uma boa e velha segunda-feira que determina que tudo vai ser diferente – “agora, sim! a coisa vai rolar.”

mas percebi também que é aí que mora a frustração. verdade seja dita, não é que as coisas mudam, não é que num passe de mágica tudo ganha uma nova camada de tinta e acabamentos recém-finalizados e você tem a chance de começar do zero.

já parou pra pensar que a gente nunca começa nada do zero?

sempre tem um aprendizado, sempre tem alguma coisa diferente, sempre tem alguma ideia nova na nossa cabeça. as circunstâncias nunca são as mesmas, por mais que o momento pareça igual. o sol que brilha hoje não é o mesmo que brilhou ontem e as nuvens que encobrem a lua hoje nunca serão as mesmas que eu vi quando criança e assim por diante.

parece que é novo, mas é contínuo. é tipo aquela frase do Walt Disney que eu tanto amo e, agora, começou a fazer ainda mais sentido do que antes:

Aqui no entanto nós não olhamos para trás por muito tempo. Nós continuamos seguindo em frente, abrindo novas portas e fazendo coisas novas, porque somos curiosos…e a curiosidade continua nos conduzindo por novos caminhos. Siga em frente.

Walt Disney

siga em frente. olhar pra trás nunca ajudou ninguém, mas achar que a gente tá entrando em qualquer lugar zerado é ingenuidade, né? não tem como deletar tudo o que aconteceu da meia noite do dia primeiro de janeiro e achar que dá pra começar do zero. só não dá.

aqui, no entanto, nós não olhamos para trás por muito tempo. porque não tem sentido sabe? a gente anda pra frente e tudo mais. por isso que tem a ver com continuidade e por isso que a gente tem que considerar o que tem até agora pra entender onde a gente quer chegar.

não sei, me pareceu tão simples. tão verdadeiro. tão… salvador. é uma continuidade. um ano segue o outro e a gente só continua seguindo em frente, usando o que tem pra chegar onde se quer.

é um processo, entende? não é um projeto pontual com começo meio e fim, um sprint de duas semanas tal qual definem e defendem os amantes do scrum (não recomendo buscar entender isso assim, de supetão, porque eu mesma já estudei muito e ainda assim não entendo direito).

a gente olha pra frente buscando o que vai deixar o nosso caminho mais confortável do que era ontem e não amaldiçoando tudo o que fez até agora. a gente agradece, claro, porque as coisas aconteceram como tiveram que acontecer e a gente entende o que tem que entender e aprende o que tem pra aprender e segue em frente.

é sobre continuidade. e por isso é lindo. porque todo processo uma hora acaba – e eu garanto que o fim desse caminho é lindo -, mas ele se adapta, se molda, muda de rota, faz um retorno, abre uma nova trilha, busca fugir dos penhascos e dos rios, mas dá um jeito de continuar seguindo quando encara um desses obstáculos com olhos cheios de determinação.

ainda bem, a vida não é um videogame, que você reseta o jogo e começa de novo quando fica preso naquela fase difícil ou não consegue derrotar o chefão.

ainda bem mesmo. porque é um processo, é contínuo, é fluido – se a gente quiser que seja. então, pense que você vai começar do zero, que vai ser tudo diferente que, agora sim, vai ser tudo novo.

só não vai.

mas pode ser incrível, pode levar pra alguma coisa diferente, sim, pode ser tudo novo, sim. só não como um passe de mágica, mas como um resultado da sua avaliação consciente do próximo passo a ser dado.

eita, ficou difícil, né? eu tenho mesmo um gosto especial por palavras difíceis e frases de efeito. mas, pra facilitar, pode ser tudo de maravilhoso se a gente começar a ser mais honesto com a gente mesma.

para pra se olhar com um pouquinho mais de cuidado, se analisar com um pouco mais de carinho, se buscar entender mais onde quer chegar e parar de se deixar atropelar por motivos diversos (*insira o seu preferido aqui* – o meu é trabalho). é sobre honestidade e auto-carinho e auto-perdão. o que já foi, já foi.

agora, a gente só segue em frente. ainda bem.

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Escrito pelaMaki
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5 Comentários
  1. anonimo  em dezembro 29, 2021

    queria dizer que estão roubando esse seu texto em uma outra rede sem os direitos autorais, ainda está colocando como se ela estivesse escrevendo…

  2. Vanessa  em janeiro 10, 2020

    Sempre pensei isso, as pessoas agem no fim do ano como se tudo fosse mudar radicalmente na virada do ano, sendo que será apenas mais um dia, mais um mês…na verdade se a gente não muda, nada vai mudar, será um ano como outro qualquer. É gerar muita expectativa em algo, como se a gente jogasse a nossa felicidade nas mãos de algo maior, do destino, sei lá, só pra nãoter que assumir o BO.

    • Maki  em janeiro 11, 2020

      isso, Vanessa! se a gente não mudar, nada muda. tem um movimento nosso pra acontecer antes de mais nada, sabe? senão, de nada adianta fazer mil coisas e estabelecer mil metas.

  3. Lysia Saraiva  em janeiro 06, 2020

    tenho a impressão de que todos nós temos essa consciência de que nada é novo, do zero, no início do ano. mas queremos acreditar que é, pois é mais fácil. e aí vem a frustração inevitável, como você mesma falou. espero que esse ano consigamos absorver essa “continuidade” cada vez mais como algo bom e necessário à evolução.

    muito boa a reflexão, maki! não conhecia o blog mas conseguiu me conquistar já no primeiro post hahaha

    Um abração.

    • Maki  em janeiro 11, 2020

      oi, Lysia! siiiiim, eu acho que é isso mesmo <3 que nesse ano a gente consiga diminuir as frustrações <3