livros

 

tudo que é belo desancorando

eu acho que não falei sobre isso por aqui antes, mas eu nunca li um livro de contos. ou de pequenas histórias. tentei ler um no Natal, mas não deu certo. na minha cabeça vidrada em Harry Potter e todo tipo de literatura jovem adulto, eu sempre precisei de grandes histórias, de continuidade, de drama. tinha que ter uma coisa comprida pra eu passar horas lendo e imaginando os mínimos detalhes. tanto que nem gostava de fanfics one shot, daquelas que tinham um capítulo pra só. pra mim só valia de 15 pra mais.

pois é, eu sempre amei muito ler.

daí que quando a Mel sugeriu o livro desse mês, de um coletivo chamado The Moth, eu fiquei muito empolgada porque era o tipo de coisa que eu nunca tinha lido antes. O livro Tudo Que é Belo é uma coletânea de 45 histórias reais, contadas em eventos feitos por essa organização.

vamos entender um pouquinho melhor. o The Moth é uma ONG, um coletivo, que tem como missão “promover a arte de contar histórias e honrar e celebrar a diversidade e comunalidade da experiência humana”. sobe até um arrepio na espinha de tão incrível, né? então, é assim: o The Moth cria um monte de eventos com temas variados e chama uma galera pra contar histórias curtas das suas vidas relacionadas com esse assunto. daí, eles pegaram 45 dessas histórias, as mais incríveis de todas, e colocaram num livro de mais de 300 páginas. não tem como dar errado, sabe?

eu posso dizer com 100% de certeza que tô apaixonada. ainda não terminei de ler tudo, mas já passei da metade e tenho umas 15 histórias na lista de preferidas. ele é dividido em alguns temas (como “Coisas que vi”) e cada texto, de alguma maneira, se relaciona com o tema central.

de todas as que eu li até agora, duas ficaram muito na minha cabeça. a primeira é Déjà vu, da Cole Kazdin, em que ela conta como perdeu completamente a memória depois de um acidente. o mais louco é ela explicando que começou a anotar coisas que falavam sobre ela pra ela entender quem ela era. tipo, como se ela tivesse que reconstruir a própria personalidade, sabe? ela foi pegando elementos aqui e ali (como “sou vegetariana”) até lembrar de tudo.

mas essa coisa de ter que ir pegando os detalhes que os outros falavam e anotando… tipo, sem ir olhar por si mesma quem ela era, sem buscar nela a verdade sobre ela. eu achei muito louco. e muito humano mesmo, sabe? mostra muito como a gente depende do mundo pra falar quem a gente é.

tudo que é belo

a outra foi uma das primeiras que li: Normalidade Incomum, do Ishmael Beah. o Ishmael é de Serra Leoa e foi pra Nova York quanto tinha 17 anos. ele foi um soldado-criança e foi usado na guerra civil daquele país. pegou em armas desde criança e nunca soube o que era se divertir no parquinho ou ser tratado com carinho. daí ele cai de paraquedas nessa cidade que não sabe o que é uma guerra há algumas centenas de anos e tem que aprender a se virar.

ele tem que ir pra escola, fazer amigos, tentar entender o que é ter uma “vida comum”. mas, principalmente, ele precisa lidar com o quanto as pessoas têm uma visão distorcida pras coisas. pros amigos dele, brincar de paintball era radical, se fazer de durão era legal, mas ele tinha um conhecimento de violência que ia muito além do que essas pessoas achavam que a violência era. sabe, o quanto as pessoas estão descontextualizadas e não têm ideia das coisa que elas mesmas falam, que fazem? o quanto você dá um aval pra violência, sem perceber os efeitos que isso tem? o quanto você fica fechado no seu mundinho, sem olhar pro lado, achando que não existe nada além das quatro paredes do seu quarto? e fica imaginando coisas sobre o que é violência? pois é.

Tudo Que é Belo é cheio de historinhas assim, que fazem a gente pensar. questionar. dão um quentinho no coração também e você percebe que coisas que você sempre pensou e sentiu, outras pessoas pensaram e sentiram também. é bem lindo, sabe? é um livro incrível pra ler no inverno, como disse a própria Mel, porque te deixa com a sensação de que o mundo é muito mais diverso e grande do que a gente imagina, mas tá todo mundo sentindo a mesma coisa e tentando entender qual o objetivo disso tudo. sabe?

nem sei se tem muito mais o que falar, porque eu confesso que tô enrolando pra terminar a leitura e lendo só uma história por dia pra fazer o livro durar mais. é tipo um grande retrato da cultura e do pensamento humano e eu acho isso bem incrível e bem gostosinho de ler. é legal que cada texto termina com um pequeno perfil do autor e fala quando aquela história foi contada, ao vivo e a cores, num dos eventos do The Moth. parece que deixa tudo mais palpável.

tudo que é belo

se eu recomendo a leitura? MUITO! por favor, leiam esse livro, porque ele é maravilhoso! (você pode comprar clicando nesse link: Tudo Que é Belo – The Moth– lembrando que eu ganho uma pequena comissão se você comprar por aqui!) é uma delícia descobrir tantas pessoas incríveis contando um pouco de si a cada página. é impossível você não sentir empatia pelo menos por uma delas. é um livro que deixa a gente com o coração compadecido, sabe?

cada dia mais eu fico feliz pelo infinistante me dar essa oportunidade de ler coisas diferentes e que me trazem tantas reflexões incríveis. aliás, se você quiser ler comigo, com a Loma e com a Mel, você precisa se inscrever na newsletter do clubinho, pra receber os livros do mês no seu e-mail, tá bom?

falando nisso, tô animadíssima pros livros de julho, porque a gente vai ler HQs! e são duas opções dessa vez: Nimona e Faith. já quero muito.

você já leu Tudo Que é Belo? me conta o que achou?

Compartilhe!
Escrito pelaMaki
Deixe seu Comentário!


Warning: Undefined property: stdClass::$comments in /home1/desan476/public_html/wp-content/themes/plicplac/functions.php on line 219
6 Comentários
  1. Divana  em julho 03, 2018

    Maki, preciso muito destacar uma parte do seu texto e dizer o quanto eu concordo contigo: ” mostra muito como a gente depende do mundo pra falar quem a gente é.”
    Esse pensamento, quando algumas pessoas lerem, vão discordar bastante. E o fato do conto tratar desse tema, mostra muito mais a importância que existe nas pessoas à sua volta pensam de você, e te tratam, do que a gente viver sem se importar com a sociedade.
    Sou daquelas que pensam que não é bom viver de qualquer maneira, sem dar a devida importância para as pessoas e para o que ‘pensam’ da gente. Isso chega a ser fundamental, uma hora.
    Beijão!

    • Maki  em julho 09, 2018

      é, o fundamental mesmo é a gente ter senso de contexto, sabe? não agir achando que as coisas que a gente faz e fala não tem um evento no que acontece a nossa volta… e isso e tentar entender quem a gente é não muda só porque as pessoas pensam coisas da gente, né?

  2. erika  em junho 29, 2018

    Fiquei muito curiosa com o livro e com essa ONG, obrigada por me apresentar isso!
    Um beijo,
    http://www.espelhodoreino.tk/

    • Maki  em julho 09, 2018

      vale a pena ler, Erika! brigada você pelo comentário!

  3. Bru Aliatti  em junho 28, 2018

    Confesso que já li livros com contos, mas nenhum deles me prendeu mesmo, mesmo sendo livros muito bem escritos e bons. Dois deles eram do Paulo Coelho e eu perdia mais tempo refletindo do que realmente lendo. Claro, muitos livros tem realmente essa função, mas eu me distraio muito fácil da leitura e acabo deixando de lado. Essa sua indicação eu achei muito bacana e merecedora de uma lida. Vou até anotar o nome pra não esquecer hahaha
    Adorei o post! As imagens são lindas também…

    • Maki  em julho 09, 2018

      Bru, vale a pena mesmo. porque são histórias reais, sabe? não são contos fictícios. e é muito legal ler sobre visões de vida tão diferentes umas das outras