como lidar com pensamentos ruins?

eu tenho uma relação de amor e ódio com as redes sociais. digo isso porque ao mesmo tempo que elas me dão ideias incríveis de posts, também são um poço sem fundo e é capaz de eu entrar em uma e só sair em 2019. no caso, a ideia do texto de hoje veio de uma leitora da Mel, que pediu uma ajuda no Twitter para lidar com pensamentos ruins – o tuíte foi uma resposta pra uma postagem sobre um projeto que a gente fez (num lembro qual agora), e eu acabei sendo marcada também.

conversei com a Mel também sobre isso, na época. de como queria escrever sobre o assunto e cá estamos. esse é mais um daqueles posts que eu demorei pra escrever por muitos motivos, mas o principal é que só existe um jeito de ‘lidar’ com pensamentos ruins:

reconhecendo que eles não são reais.

vou contar uma coisa pra você. agora são 19h40 do dia 18/04 e eu tô escrevendo o post do BEDA em cima da hora, depois de um dia que me sugou muitas energias. não porque foi ruim, mas porque me coloquei numa posição incrível que nunca estive antes e isso foi meio assustador, mas muito mais incrível do que eu imaginava e, como resultado, não eram nem duas da tarde e eu já queria reinstaurar a hora da soneca que a gente tem no jardim da infância e dormir até a minha mãe me acordar pro jantar.

tô falando tudo isso, porque mesmo depois de um dia tão incrível, cheio de descobertas e revelações e um treino claro na mente pra colocar em prática, eu fiquei bem propensa a ter pensamentos ruins sobre mim. ‘tô muito cansada‘. ‘não aguento mais‘. ‘não sou capaz de continuar com isso hoje‘. ‘eu não vou dar conta‘. ‘eu não sou boa o suficiente‘… e acredite quando eu digo que isso tudo é fichinha perto do que eu já pensei sobre mim há alguns anos.

agora, entre um gole e outro da minha deliciosa vitamina de banana com água de coco, eu estou me lembrando, de novo e de novo, que esses pensamentos não são reais e que tá tudo bem comigo. e acho que é a única coisa que a gente pode fazer, sabe? não é aceitar que eles estão ali, não é deixá-los de lado ou ignorar a existência deles. é reconhecer que eles não são reais.

acho que a coisa mais comum no mundo é a gente se confundir com as coisas que pensa. se alguém diz que a gente é um martelo ou uma girafa, a nossa reação é dar risada, porque isso não tem sentido algum. mas falam que a gente é incompetente, a coisa muda de cenário. o significado pra ‘incompetente‘ é diferente daquele que a gente dá pra ‘girafa‘ e isso fica girando na nossa cabeça ad eternum. até escrever a palavra parece meio agressivo. você faz qualquer coisinha e já vem um ‘ai, eu sou muito incompetente mesmo‘, ou não faz nada e pensa a mesma coisa.

mas, minha gente, você não é o que você pensa.

as coisas que passam na nossa cabeça não definem quem a gente é, nem o nosso valor. a gente foi ensinado a ter pensamentos ruins porque passamos a vida inteira aprendendo com pessoas que também foram ensinadas a mesma coisa. não tem como dar outro resultado. mas só porque o resultado é esse, não significa que ele é verdadeiro.

tem uma diferença entre quem a gente é e o que a gente pensa – porque a gente só pode pensar se for alguma coisa antes, entende? tipo, a gente não é essa vozinha que fica falando coisas na nossa cabeça. isso não é a gente. a vozinha que diz que você é incompetente não é você. você é quem está por trás dessa vozinha, você é quem manda nessa danada.

‘nossa, mas isso significa que eu sou uma pessoa horrível que fica falando mal de mim mesma‘. a parte do ser horrível é mentira. mas a de falar mal de você mesmo é verdade, porque todo mundo faz isso, em algum nível. como eu comentei ali em cima, a gente foi ensinada por pessoas que aprenderam a mesma coisa. esse é o único resultado possível, mas não significa que precisa continuar assim.

sabe, coisas muito loucas começam a acontecer quando a gente questiona as nossas certezas. quando a gente começa a se perguntar ‘por que eu acho isso de mim?‘ ou ‘mas será que isso é verdade?‘. porque, como diz o senso comum, mentira tem perna curta e é difícil manter uma coisa que não é verdade. você tem que repetir isso pra você mesma de novo e de novo até parecer que é assim mesmo e você não conseguir se ver separado das coisas que pensa.

naaaaaada, menina. é tudo invenção. o que você pensa não é a verdade sobre você. e o exercício que eu posso te passar, é esse. se você quer saber como lidar com pensamentos ruins, comece questionando se eles são reais, se é isso, se essa é a verdade sobre você. eu acho bem possível que você se surpreenda com a resposta.

e é um treino, viu? não é o tipo de coisa que você muda de uma hora pra outra, de um segundo pra outro. porque a gente passou muito tempo fazendo uma coisa e pra mudar pode ser complicado mesmo. pode ser difícil e até meio frustrante, se você cair de novo e de novo nos mesmos lugares. mas caaalma. respira fundo, tenta de novo, descondicionar o que você passou uma vida inteira fazendo não é fácil.

e tenha paciência com você, sabe? cuida de você com carinho, presta atenção no que a mente tá fazendo, onde ela tá indo e quanta energia você tá investindo em coisas que te fazem mal. mesmo que sejam só pensamentos. assim como vale a gente considerar um pouquinho mais como usa a nossa voz na internet e o que a gente tá ensinando pras pessoas, dá pra tirar uns minutos pra ver o quanto de energia ruim a gente tá depositando na gente mesma, né?

então, duvide da vozinha. questione. e lembre que pensamentos ruins não são a verdade sobre você. você é incrível. sempre foi e sempre vai ser. e nem martelo ou o que você chama de incompetência vão me fazer mudar de ideia.

frase linda dos meus professores da Coexiste, Kaw Yin e Yan YIn

como você lida com pensamentos ruins?