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Queria começar dizendo que eu já duvidei de você. Houve vezes em que eu achei que já tinha amado e que o meu amor era dos mais puros e fortes do mundo todo. Fiz juras de amor de madrugada, chorei de ciúmes, quase arranquei os cabelos de raiva e dei beijos de boa noite o suficiente para comprovar a minha tese.

carta aberta para o amor

Já senti o peito doer, senti frio na barriga e as pernas ficaram bambas. Já me senti histérica e eufórica, tudo num espaço de tempo de alguns segundos, porque tinha certeza absoluta que eu estava em contato com você. Já senti o coração pular uma batida ao ver a tal pessoa amada. Já sorri de orelha a orelha por sua causa, já fiz coisas que não queria, já disse ‘não’ quando queria dizer ‘sim’, já comi menos e bebi mais. Já deixei de dormir. Tudo por sua causa.

Eu achava que você era lindo. Que as suas dores eram necessárias, que sofrer por você era uma das coisas mais nobres que um ser humano poderia fazer na vida. Eu sonhava com um grande amor, com véu e grinalda e um casamento hipster no campo. Ele de coturno e suspensório e eu de All Star branco e um vestido à la Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito.

Já li milhares de histórias de amor, assisti infinitos filmes e séries sobre você, já ouvi mais músicas do que é possível contar. Tudo pensando em você, entrando em contato com você, coletando o máximo de informações possíveis sobre você. Pra saber como agir quando a minha metade da laranja aparecesse, sabe?

Mas… a mais feliz e mais triste realização que eu tive na vida foi perceber que tudo isso era mentira. Que, na verdade, eu nunca te conheci.

Amor, eu te maldisse tantas vezes. Chorei até os olhos incharem e a testa doer. Perdi o sono por conta da mensagem que não chegava, esperei ligações que jamais viriam, fui contra o que eu acreditava porque achava que você era isso. Que amor era barganha, era troca.

Mal sabia eu que ficar bêbada de amor estava longe de ser todo esse sofrimento.

Amor, eu já desisti de você. Já achei que você não era pra mim e que eu morreria sozinha. Já me odiei por acordar todas as manhãs sem ter um amor para chamar de meu e já quis tanto ser beijada que cheguei a níveis patéticos pra sentir só um pouquinho de você.

Mas, como Ted Mosby certa vez, eu desisti. Desisti de você e desacreditei que você existia. Era mais fácil pensar que era tudo uma ilusão e viver nas criações da minha cabeça. O mundo é cruel demais e o amor sempre vai perder pra maldade humana. A esperança morreu, afinal.

Então, você pode imaginar o alívio que foi saber que eu jamais amei de verdade. Não como eu estou aprendendo agora. Amor, eu sei que disse muitas coisas feias sobre você no passado, que esperei demais de você e do seu poder de cura.

Mas eu estava vendo errado. Eu estava vendo tudo errado. Eu achava que o amor era exclusivo de uma pessoa só, que só um alguém merecia todo esse sentimento incrível que você deveria ser. Eu achei que se não encontrasse esse alguém, eu morreria sozinha, desolada e, o pior de tudo, sem amor.

Eu cheguei a acreditar que morreria sem amar.

Eu nunca estive tão feliz em estar errada. Hoje, eu começo a entender que você é muito mais do que qualquer imaginação que eu tive com um dos integrantes do McFly. Mais do qualquer fanfiction de Harry Potter que eu já li. Mais do que qualquer página de Anna e o Beijo francês. Mais do que qualquer namoro/rolo/ficante que eu já tive.

Amor, você é tudo o que existe. E se você é tudo o que existe, qualquer coisa que está longe de você não é real. Então, todo o sofrimento que eu senti era só uma ideia doida da minha cabeça, uma brincadeira de criança. E é isso mesmo, brincadeira de criança, porque, na verdade, longe de você somos todos crianças que tem certeza que se perderam do pai.

E não é que é isso mesmo? A gente acha que se perdeu porque criou esse monte de ideias sobre o que você é e quem te merece e não te merece. A gente seleciona, divide, subtrai, soma, como se você pudesse ser entendido como um problema de matemática ultrapassado. Quem encontrar o X primeiro tira 10 na prova da vida. A gente teve a pachorra de dizer que você acaba um dia.

Amor, eu também te neguei por muito tempo. E, confesso, foi difícil te sentir pela primeira vez. Lindo, primoroso, mas difícil. Eu achava que não te merecia, que você era areia demais pro meu caminhãozinho. Mas negar você era negar a mim mesma e negar a mim mesma era ficar mais longe de quem eu sou de verdade, era mentir cada vez mais, e continuar acreditando nas fantasias da minha mente.

Amor, hoje eu posso dizer que eu amo. E que eu sou amada. Meu Deus, como eu sou amada. Como eu amo! E como eu quero amar cada vez mais. Porque o que você é de verdade a gente só quer compartilhar mais e mais. Nunca limitar, nunca excluir. A gente só quer dividir com o próximo porque todo mundo merece sentir a magnitude que é o amor.

Amor, eu já te odiei. E esse ódio nada mais era do que medo de você. Te esqueci e me esqueci por tanto tempo que achei que você iria me machucar, achei que me decepcionaria acreditando em você. Mas saber que você existe é tudo o que eu preciso pra saber que eu existo também e que eu sou você. E se eu sou você, eu amo, eu sou amada e eu só tenho isso pra entregar pras pessoas.

Hoje eu não posso mais dizer que sei o que é estar sozinha, porque se estou sentindo você eu sempre estou em companhia. Eu não sei mais o que é tristeza, nem o que é sofrimento e quando essas ideias pequenas vem me atormentar, eu logo lembro da sensação de grandeza que tenho quando estou com você.

Amor, pega na minha mão e não solta nunca mais. Na verdade, deixa que eu pego na sua. E eu prometo não soltar. Vou segurar forte, até os dedos ficarem brancos, mas é só porque eu te amo muito e sei que, mesmo não segurando apertando, eu nunca vou te machucar.

Eu sei que não tem necessidade de pedir desculpas por tudo o que eu pensei de você. Mas um ‘obrigada’ é mais do que bem-vindo. Tudo o que eu vivi antes me trouxe até você e por isso eu sou eternamente grata.

Amor, vamos ficar juntos, tá? Deita comigo de noite e acorda comigo todas as manhãs. Trabalha comigo, me ajuda a digitar os textos que eu preciso, me ensina a cozinhar direito o risoto de salmão que eu tanto gosto, esquenta pra mim uma xícara de chá. E me mostra cada vez mais como o meu coração vai dominar o mundo e como nós todos juntos vamos provar que Deus existe. E aí? Bom, aí é só alegria.

Então: obrigada. Eu te amo. E obrigada. E eu te amo.

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Maria Tereza  em junho 20, 2016

    lINDO E VERDADEIRO. oBRIGADA.

    • Maki  em junho 20, 2016

      De nada ♥