cotidiano » inspiração

Começa devagarinho. É como o primeiro gole de uma taça de vinho, você toma e uns minutinhos depois sente aquele quentinho no estômago, aquele calorzinho que sobe pelo peito e deixa as bochechas meio rosadas.

Você acha que é vergonha, e pode até confundir a sensação um pouco com o acanhamento ou com um desconforto qualquer… Afinal, aquilo que a gente não conhece dá um pouco de medo e pode causar um certo estranhamento no começo.

Bêbado de amor

Depois, parece que a coisa evolui. Vai chegando aos poucos. Começa lá no dedinho do pé e vai subindo subindo subindo um calor que você não sabe explicar muito bem de onde vem e pra onde vai. Nessa fase, parece que a boca cria vida própria e não sorrir já não é mais uma opção. No dia seguinte, parece até rolar uma ressaca, e você olha no espelho e vê os seus olhos tão brilhantes e nítidos que percebe pela primeira vez que eles são verdes e não castanhos.

O tempo vai passando e você vê que a coisa vai perdendo a mão, e as palavras perdem completamente o sentido. Não tem como explicar o que esse sentimento é. O calor já vira uma parte de você e o sorriso estampado na sua boca poderia ser um quadro no Museu do Louvre de tão lindo.

Parece que o seu cabelo fica mais brilhante, a sua pele mais macia, a sua voz mais suave. Pensar em ficar longe disso dá vontade de chorar, mas você chora mesmo estando perto, porque o corpo é pequeno demais pra essa avalanche de sensações gostosas, pra todo esse carinho que passa a correr pelas suas veias.

E você quer tocar. O rosto, o pescoço, o cabelo, os braços e pernas e até os pés. E os lábios, ah!, os lábios! E as mãos! Você poderia segurar aquelas mãos pra sempre, porque é sempre mais fácil manter o sentimento presente quando a gente tá junto.

Você pensa seriamente em morar num abraço. Num beijo de boa noite. Num bom dia cheio de sono. E você quer mais e mais e mais e recebe uma tonelada de volta, mesmo que você não esteja olhando. Mesmo longe.

E você compartilha. Com o moço da padaria. Com o cobrador do ônibus. Com a vizinha do 34 que vive esquecendo a sacola de compras no elevador. Até com o cachorro do vizinho que parecia ter medo de você, mas de repente ficou mansinho.

Você compartilha, porque sabe que todo mundo merece ficar bêbado de amor. Meu Deus, todo mundo precisa saber que não existe destilado no mundo que te deixe assim! Nem cigarro. Nem droga. Nem beijo de balada ou amor de verão. Porque esse amor, essa sensação que é sua – minha, NOSSA – ela dura pra sempre. Ela não muda. Ela pode ficar com você 24 horas por dia, 7 dias por semana. A cada tic-tac do relógio cuco da sua tia-avó.

Dá vontade de gritar pela janela do ônibus. Pichar nos muros da cidade. De escrever poemas e sonetos como Shakespeare. De compor uma ópera, escrever um livro. De gravar na Lua, pra todo mundo ver.

Mas você só compartilha. Na forma como assina a procuração do contador. Na maneira como você ri depois de bater o dedinho do pé na quina da mesa. Até no jeito que você abre o boleto do cartão de crédito. Você topa dividir com o mundo esse amor, e ele vira uma exponencial infinita.

Você dá o tanto de amor que cada um aceita. E reabastece o tanque com quem te mostrou essa sensação primeiro. E lembra que, no fim das contas, ela sempre foi sua, você só precisava lembrar que ela tava escondida ali, embaixo de um monte de coisas que você pensava sobre você. Lustra um pouquinho, tira o pó, e ela volta a brilhar tão brilhante como sempre foi. Pronto, tá nova.

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Patty  em maio 06, 2016

    Miga, cê arrasa demais nos textos <3 Não sei lidar <3

    • Maki  em maio 09, 2016

      Nhooo ♥ brigada!

  2. Chell  em maio 06, 2016

    É bem isso, chega uma hora que nem todas as palavras do mundo fazem sentido, só o silêncio =D

    • Maki  em maio 09, 2016

      Não é? ♥