cotidiano

‘You light the spark in my bonfire heart’. Você acende a chama do meu coração-fogueira. Esse é uma linha de uma música do James Blunt que eu adoto, Bonfire Heart. E, curiosamente, ela ficou muito na cabeça e me fez pensar que, de verdade, o coração é uma fogueira.

Esquecendo totalmente a referência ao mês de junho e às festas juninas, pensei em quão curioso é o funcionamento do coração. A gente acredita que, de tempos em tempos, aquela pessoa com a faísca certa vai fazê-lo explodir em chamas, vermelhas e muito quentes, cheias de vida, que parecem que vão queimar por anos e anos.

fogueira

E, às vezes, ela queima mesmo, forte e imponente. Hipnotizante. É impossível não olhar para ela. As chamas vermelhas e amarelas, de vez em quando com um toque de azul, tão quente e aconchegante que desejar ter uma igual vira um verdadeiro sonho de consumo, ainda mais quando você vê a situação de fora. Quando duas fogueiras assim se juntam, não tem como não invejar.

Outras vezes, a fogueira começa lenta e devagar, com chamas tímidas, que parecem não querer muito da vida, até que, de repente, ganham uma força tão grande que é impossível mantê-las sob controle, e elas logo se espalham relva afora, comendo a grama seca com tanta voracidade que é como se o mundo fosse pequeno demais para elas.

Às vezes a chama acende logo de cara. Mesmo a menor faísca faz com que ela cresça com imponência… Mas aquela faísca não é suficiente para manter o fogo aceso por muito tempo, e ele se esvai aos poucos, até que não sobre muito além de cinzas e fumaça saindo dos restos de chamuscados de madeira.

Também existe sempre a eventual tempestade. Que apaga as chamas com tanta velocidade quanto elas cresceram, um verdadeiro balde de água fria da natureza, as gotas grandes e geladas acabando com qualquer resquício de que um dia ali ouve qualquer sinal de calor.

E vez o outra, existe aquela fogueira que acende com frequência, cresce sempre de maneira saudável, mas por motivos um tanto quanto desconhecidos ela vai apagando aos poucos até sumir por completo. A madeira apodrece, umedece, e parece que nunca vai conseguir se transformar em qualquer coisa além de musgo de pântano.

E, às vezes, é isso que acontece. Ela fica ali, esquecida. E mesmo a maior das faíscas não consegue acabar com a sensação de abandono, nem esquentar a madeira o suficiente para transformá-la em fogo. Ela fica ali, envolta em escuridão para o que parece ser uma eternidade.

Outras vezes, uma pequena faísca é o suficiente para fazê-la voltar a vida, simplesmente porque ela tinha esquecido que essa sensação de quente queimação existia. E as chamas, pouco a pouco, se transformam na mais linda declaração de amor que o ser humano já viu.

Pessoas como nós não precisam de muito. Só de alguém para acender o nosso coração-fogueira. E que transforme a pequena chama que insiste em se manter acesa em um verdadeiro incêndio.

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Escrito pelaMaki
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