a gente corre muito, né? esses dias, eu tenho pensado no quanto eu ando meio cansada de tentar me manter a par de tudo o que tá acontecendo no mundo. e isso pode ser um grande problema por dois motivos:
- é impossível saber de tudo o que tá acontecendo, o tempo inteiro;
- pra quê que eu quero isso, meldels?
daí, que um tempo atrás eu tava vendo a newsletter da Ká e ela colocou ali um vídeo da Nátaly Neri (maravilhosa) falando sobre slow blogging. eu nunca tinha ouvido falar sobre isso, mas assistindo o vídeo e pesquisando sobre, percebi que, hoje eu dia, eu sou 100% uma blogueira lenta.
explico melhor. esse conceito surgiu beeeem lá atrás, quando os blogs explodiram, em 2006. um cara chamado Todd Sieling escreveu o Slow Blogging Manifesto, uma série de diretrizes pra quem não tava a fim de entrar na onda do imediatismo (que, naquela época, ainda era bem devagar comparado com hoje em dia) e prezava mais a qualidade do que a quantidade do conteúdo postado.
o blog do Todd já não tá mais ativo, mas o New York Times fez um texto sobre o assunto em 2008, explicando melhor como é:
slow blogging é uma rejeição ao imediatismo. é uma afirmação de que nem todas as coisas merecem ser escritas rapidamente.
Todd Sieling, via New York Times
algumas pessoas até comparam esse movimento à meditação. tipo, você se permite tempo de absorver as coisas, de aproveitar a sua vivência, pra então compartilhar isso com as pessoas. meio que dar tempo pra digerir o que aconteceu, o momento em que você tá e colocar mais dedicação e qualidade no que você tá escrevendo ou no vídeo que tá produzindo – que é o que a Nátaly tão brilhantemente explicou no vídeo dela.
tem um bom tempo (você bem sabe) que eu dei um passo para trás e parei com essa necessidade absurda de postar todos os dias, de ter uma obrigação de publicar no blog três vezes por semana e mais um monte de coisa. e por mais que isso tivesse super a ver com questões minhas que eu precisava resolver, rolou um verdadeiro burnout.
tanto meu comigo mesma quanto com a quantidade de informação que a gente recebe todos os dias.
e eu acho, mesmo, que a galera tá meio saturada, sabe? rola um cansaço generalizado do tanto de estímulo e coisas que a gente recebe todos os dias, e eu entendo que isso cansa. é muita coisa pra gente absorver – e, como eu comentei, é meio impossível guardar tudo também.
e tô dizendo tudo isso porque eu percebi uma vontade muito genuína de voltar a produzir conteúdo pro blog e pras minhas outras redes (oi, você já assina a newsletter?), mas fazer isso de um jeito um pouco diferente, que acaba casando totalmente com o slow blogging.
basicamente, produzir conteúdo segundo uma filosofia de slow blogging significa:
- postar quando der vontade: e não por pura necessidade de manter uma página atualizada. por mais que eu ache incrível quem consegue, ainda hoje, publicar conteúdo novo todos os dias (alô, Austin Kleon), a ideia aqui é se permitir aproveitar ao máximo as vivências que você tem e deixar a criatividade dizer quando é o momento de publicar algo novo;
- postar com propósito: agora, você não escreve só pra se “manter relevante”, mas tudo tem um propósito, um motivo, e uma reflexão mais profunda. o conteúdo é mais bem pensado e desenvolvido.
- você escrever presente: como a ideia é não postar a primeira coisa que aparece na cabeça, mas criar um conteúdo de qualidade e com carinho, é meio óbvio que escrever vira um ritual. você se coloca mais presente, mais consciente do que tá fazendo, e vê os resultados disso no conteúdo que você faz;
- você estudar mais: sabe as mil abas com textos maravilhosos que você-precisa-ler e que ficam abertas por um mês antes de você desistir daquilo e fechar tudo? então. ser adepto do slow blogging significa se dar mais tempo para ler mais, o que quer que seja, e curtir aquela leitura. tem uma coisa de ser mais seletivo com o conteúdo que você consome também, entende? o que, sendo honesta, eu acho beeem do legal – e uma coisa que eu tenho tentado fazer.
- levar o seu tempo: vai escrever? escreve com calma, respira fundo, deixa as ideias fluirem tranquilas, lembra que a escrita te ama também. não precisa correr, sabe? pra ler, a mesma coisa. dá pra fazer tudo isso com calma, sem a sensação de que você tá competindo com o relógio.
fiquei pensando, todo esse tempo desde que eu vi o vídeo da Nátaly, que a gente pode mesmo dar uma desacelerada e buscar entender melhor porquê a gente faz o que faz. eu vivo falando sobre propósito por aqui e é muito fácil a gente esquecer esse motivo numa pira de tentar acompanhar o ritmo do mundo. e, aí, a gente meio que perde de vista uma premissa bem básica: a gente não é obrigada a correr só porque tá todo mundo correndo.
blogar leva tempo. escrever um post, fazer uma foto, colocar tudo bonitinho e postar. não precisa ser feito na pressa, sabe? pelo contrário, eu tô buscando fazer tudo isso com cada vez mais carinho e cuidado e isso pode levar um tempo mesmo. e eu falo de blogs, mas vale pra tudo, viu?
tem outra coisa também. nessa busca pelo viral próprio a gente esquece que já fez um monte de coisa incrível que pode ser valorizada. tipo, você sabia que o desancorando tem 117 páginas de posts (!!!) e que eu já fiz uma série inteira só sobre bullet journal? isso pode ser valorizado e, talvez, na vontade de ficar em dia com o conteúdo que eu faço você não se dá tempo de aproveitar o que já foi feito (e eu tô me incluindo nessa, viu?).
inclusive se você quiser apoiar ainda mais o meu trabalho (e aprender coisas incríveis com isso, pode comprar o meu livro com dicas maravilhosas pra você que quer usar a escrita pra cuidar de você. pois é! ele chama PALAVRAS DE PRESENTE e é um daqueles projetos do coração.
tem uma coisa da gente sair desse ritmo doido pra apreciar e aproveitar as coisas – e isso pode ser muito legal mesmo, porque, na correria, a gente acaba esquecendo até da gente mesma. e tirar um momento pra se questionar e lembrar o porquê de tudo faz uma baita diferença no nosso nível de motivação, afinal, a gente fica resgatando o propósito o tempo inteiro, né?
um post desse tamanho pra dizer que eu tenho levado essa coisa de slow blogging meio a sério. principalmente de pensar duas vezes ao colocar o que eu sinto no “papel” e resgatar o motivo pelo qual eu escrevo em cada palavra. aquela coisa de tocar quem me lê, sabe?
o que vai sair disso tudo… bom, eu já tenho algumas ideias, vale a pena você esperar pra ver. no meio tempo, tem um monte de coisa legal que eu já fiz pra você aproveitar – só não esquece que a vida acontece em todos os lugares, fora dessa telinha também, tá bom?
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8 Comentários
Esse texto foi um bálsamo pra mim, tenho um blog e tenho muita, muita dificuldade de cumprir os 3 post que eu msm prometi- olha a loucura- me sinto pessima, como se o mundo conseguise cumprir as metas e eu nao, e nesse post eu lembrei que antes da loucura de postar sempre eu começei um blog por prazer, e isso nao deveria morrer.Obg, por escrever algo que eu precisava ler.Um bjo.
Anna, que amor! brigada por esse comentário tão delicado. é isso mesmo. faz com carinho, faz porque você gosta. tá tudo bem <3
Oi Maki
Esse post veio no momento certo pra mim. Eu tento postar em dias alternados no blog, mas semana passada desencanei e resolvi postar só o que eu senti que tava bem bom mesmo (que acabou sendo só um post, mas valeu). Eu, meio que inconscientemente, estou aderindo ao slow bloggin. Ainda tento manter minha frequência (velhos hábitos) mas, quando sinto que o post não está tão legal quanto poderia, acabo adiando ele e me dando mais tempo pra trabalhar nele e realmente sentir orgulho do que produzi. Uma cosia que costumo fazer é programar posts, porque assim eu tenho mais tempo de trabalhar em posts mais complexos, que vão exigir que eu estude mais sobre o tema e coisas assim. Enfim, aos poucos, vou aprendendo a desacelerar na blogosfera o que venho tentando desacelerar na minha vida off line.
Vidas em Preto e Branco
arrasou, Lari! e acho que tudo bem manter uma frequência, sabe? o que não dá é pra ficar nessa loucura doida de querer postar o tempo inteiro, todo tempo, se dar tempo (há!) de absorver e digerir o que acontece, né?
Que incrível, me vi inteirinha nesse post e nessa ideia de slow blogging que eu também nunca tinha ouvido falar mas, ao mesmo tempo, nunca me agradou essa ânsia desesperada de produzir e postar, postar.
Gosto muito de curtir todo processo, seja uma leitura, um filme, uma série ou a escrita.
A Isa, do E agora, Isadora?, já tinha falado um pouquinho sobre isso, sobre essa constante necessidade que a gente cria/acredita de que tudo tem que ser mais rápido, mais frequente e mais lucrativo.
Aproveitar o momento, é só esse o sentido que enxergo!
Amei, amei!
BLOG COISA E TAL
Fêh, eu gosto taaaaaanto da Isa! mesmo! ela é maravilhosa demais <3
Oie, Maki! ^^
Amei muito o seu post, ainda mais porque estou em um momento slow-tudo hahahahah Quero voltar a me conectar comigo mesma, sair desse rush que é vida adulta, mesmo quando a gente não quer. Quero voltar a escrever com calma, ler com calma, realmente absorver cada palavra lida, escrita. Nossos dias já são imensamente corridos, pra que fazer algo que nos da prazer do mesmo jeito?
Obrigada pelo post lindo <3
beijos :3
isssssso! eu concordo, Mari! não vale a pena ficar correndo ainda mais, quando a gente pode parar e fazer as coisas no nosso ritmo mesmo!