esse é um daqueles posts que eu escrevi quase inteiro e deletei logo em seguida. não tava certo, sabe. na vibe que eu queria. não tava dizendo o que eu queria dizer. sendo sincera, isso resume bem os meus últimos dias. um tal de deleta e começa de novo, porque o coração não tava em paz e a mente, muito confusa.

lá no Twitter, eu perguntei o que você costuma fazer quando precisa desacelerar, porque, na verdade, eu precisava desacelerar também. a cabeça tava bem maluca, sabe? cheia de coisas e pensamentos e ideias e ela não parava quieta e eu não sabia o que fazer ou o que falar. e, nessas horas, a confusão é tão grande que você percebe que tem gente falando com você e você tá respondendo mas, na real, você não tá sabendo qual é o assunto.

sabe esses dias meio estranhos? e aí, vem na cabeça que a melhor opção é a gente dormir e acordar no dia seguinte e tentar de novo e parece que a coisa meio que se resolveu depois de algumas horas de sono e uma xícara de chá.

com todo respeito ao chá e seus poderes curativos, claro.

mas entende que a vozinha gritando que tem alguma coisa acontecendo de errado segue lá? no fundo da sua mente? colocando uma sensação nas coisas que você faz e dizendo que, talvez, tudo seja em vão mesmo e o melhor é você continuar deitada em posição fetal na sua cama e esperar o mundo passar.

e, por algumas horas, parece que isso funciona.

mas eu percebi, buscando a resposta, que só tem uma coisa que a gente pode fazer pra ter um dia bom de verdade:

mudar de ideia.

eu preciso mudar de ideia. e você também. a gente precisa acreditar que essa possibilidade existe, sabe? que dá pra gente olhar pra própria mente e perceber que tem uma mentira sendo contada ali dentro (“você não presta“, “você só faz coisa errada“, “você vai perder todos os seus trabalhos e morar debaixo da ponte“) e que a gente fica alimentando, meio que em segundo plano.

e tem horas que a sensação fica meio gritante e a gente tem certeza que o mundo inteiro tá contra a gente. só que, na sua cabeça, tem uma coisa rodando que tá alimentando toda essa loucura, sabe? e é quase como se você não tivesse percebendo.

então, muda de ideia.

‘nossa, mas como assim? como faz pra mudar de ideia?‘. bom, a gente vai junto, pra começo de conversa. é tanto costume em ficar presa na própria cabeça, que parece que esse é um trabalho que a gente tem que fazer sozinha, na calada da noite, ou enquanto a gente se tranca no banheiro do trabalho por alguns minutos enquanto chora o que tá preso na garganta.

acho que o primeiro passo, então, é lembrar que a gente não tá sozinha. que, mesmo diante de toda loucura e da vozinha que não. cala. a. boca. tem um lugar em que a gente se encontra, que é o mesmo que quer fazer as coisas com carinho, que quer cuidar de quem não tá bem, que quer tratar a si mesma com gentileza.

sabe do que eu tô falando, né?

a gente precisa olhar pra fora pra mudar de ideia. buscar aquele contato com o outro. procurar aquele desejo de ver todo mundo bem, que quer que todo mundo tenha um dia bom também, sabe?

‘ah, mas e eu? como é que eu fico nessa história?‘ então… talvez você se esqueça de você por um tempo e isso seja a melhor coisa que aconteceu no seu dia, porque esquecendo de você e lembrando dos outros você deixou de ficar sozinha com as suas ideias e se abriu pra uma coisa nova, diferente, pra ver com outros olhos e procurar a saída também.

me lembraram hoje que o relacionamento é a saída pra tudo. por isso que eu tô escrevendo esse post, me relacionando com você e esquecendo um pouco de mim. compartilhando o caminho que eu tô fazendo pra mudar de ideia e torcendo com cada celulinha do meu corpo pra você decida por isso também.

porque, no fim das contas, é uma decisão sua.

ninguém consegue fazer você mudar de ideia e você não consegue mudar a ideia de ninguém também. isso é uma decisão nossa com a gente mesma, de escolher fazer diferente e não dar atenção pro que a gente tá pensando.

e é claro que tem muito jeitos incríveis da gente buscar essa reconexão, de fazer esse pedido e tomar essa decisão. às vezes, escrever tudo o que tá na cabeça é um caminho pra entender melhor o que precisa mudar. outras horas, sentar um tempinho pra respirar fundo e tomar um café depois do almoço ajuda muito. até se fechar no banheiro pra chorar pode ser um catalizador disso. mas tudo tem que culminar num mesmo lugar.

a gente precisa mudar de ideia. 

escolhe de novo. pede por uma saída. conversa com alguém, se joga no mundão e vai se relacionar com as pessoas. fica ligado no quanto de atenção você tá dando pras coisas que não prestam na sua cabeça e faz o oposto. conta pra elas que não são verdade. cuida. sai daí de dentro.

escolhe pelo amor.

e não precisa brigar, viu? o amor não precisa de defesas, ele só é. amoroso. calmo. tranquilo. e a gente pode viver os nossos dias só com ele no coração. é só parar. escolher de novo. e escolhe de novo. escorregou? tudo bem, escolhe de novo. você pode. tá tudo bem.