não sei como esse texto parou no meu feed – ou se eu saí atrás dele no Google depois de ver alguma referência sobre – mas eu li e reli várias vezes Do You Take Yourself Seriously? da Sarah Cooper. fiquei com frases dele na cabeça. guardei o link na minha pasta de inspirações e pensei ‘meu Deus, esse texto sou eu todinha‘.
eu não sei explicar muito bem, mas a identificação foi instantânea. acho que todo mundo já se sentiu assim uma vez ou outra – fora, claro, as pessoas que se levam a sério. eu, no caso, nunca fiz parte desse grupo seleto. chame de síndrome de vítima, de introversão, timidez, baixa autoestima ou o que seja. eu sempre tive muito clara na minha cabeça a ideia de que nada do que eu fazia era bom o suficiente.
se eu tinha uma ideia, a vontade de colocá-la num potinho e esconde-la embaixo de um colchão era automática. deixa ela ali, pra ninguém ver. melhor do que ter que lidar com as críticas depois. e eu já sei que nem é uma ideia tão bom assim. então, fica aí bem quietinha. não solta um pio e vamos fingir que você nunca existiu.
mas ela sempre esteve lá. aquela ideia. ela ficava marinando no fundo do meu cérebro gritando baixinho ‘ei, dá atenção pra mim, eu sou legal!‘ e você continuava ignorando. até que aparecia alguém mais confiante que você e colocava a mesma ideia em prática com metade do esforço que você teria.
maldita. por que ela conseguiu e eu não? onde foi que eu errei? essa ideia é minha! tudo bem, ela tem mais recursos. mais fãs, mais curtidas, mais apoio. mais equipamento. e, vamos combinar, ela fez melhor também. mas ainda assim, essa ideia era minha.
se apenas eu tivesse uma confiança como a dela.
mas não é assim que as coisas funcionam, sabe? confiança não é mágica que aparece de um dia para o outro em pílulas cor-de-rosa para você tomar e sair por aí fazendo a pose da Mulher Maravilha e escrevendo roteiros para grandes séries de televisão (posso ou não ter sido altamente influenciada por Shonda Rhimes nesse parágrafo). é algo construído.
a gente passa tanto tempo pensando mal de si mesma que parece um pecado aprender a confiar no que a gente faz. parece errado, sujo. parece que não pode e que uma hora ou outra vão descobrir que a gente é uma fraude e que não merece os louros pelo nosso trabalho duro.
isso começa muito antes de tirar um projeto do papel e é muito maior do que isso também. é entender que a gente é importante, indispensável (porque é mesmo). que a gente tem uma função no mundo e que tudo o que a gente colocar aqui vai ter um efeito. é lembrar de fazer as coisas com carinho pelos outros e por nós mesmos, porque é bom e é melhor do que ficar soltando raiva em comentários no Facebook. porque é mais próximo do que a gente é de verdade, sabe?
é saber que tudo o que a gente faz importa porque é um lembrete pra quem também se esqueceu. é confiar que a pessoa vai se lembrar. que ela é importante, que ela é boa, que ela não precisa se comparar com ninguém e que tá tudo bem com ela. é um ciclo, sabe?
a gente confia no que é de verdade, faz uma coisa legal que lembra as pessoas disso também e confia mais. e faz mais. e confia mais e faz mais e confia mais e…
… e assim por diante. mas tudo começa com você. lembrando de quem você é. da sua importância e da sua existência. e que ela é muito maior do que qualquer comparação meia boca que você possa fazer com o sucesso dos outros.
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16 Comentários
ADOREI O TEXTO! OBRIGADA POR ISSO.
💓💓💓
nossa miga, essa parte das ideias me lembrou muito o livro ‘a grande magia’, que a liz fala que quando a gente tem uma ideia ótima, mas deixa ela de lado, ela vai pra cabeça de outra pessoa hahaha amei demais o post! me falta muita confiança nas coisas que faço, no meu trabalho, e sei que preciso mudar isso pra poder criar mais coisas e consequentemente, ter mais confiança.
sim! aliás, preciso muito ler esse livro. falam que é incrível. e eu acredito muito nisso mesmo. a ideia que não vem pra gente vai pra alguém. é trabalhar a confiança e o se levar a sério, né.
Muito legal esse texto e muito importante pra mim.
o que você está falando tem muito mesmo no mundo é uma coisa meio que comum as pessoas acharem que atrapalham e isso e aquilo e que não são importantes.
sabe uma pessoa que me lembra muito você (estou sem ponto de interrogação no teclado, ou não sei usar o teclado rs) a Roberta Martinele que apresenta o Som a Pino ao meio dia na rádio eldorado fm, escreve pro Estado de São Paulo e grava o programa Cultura Livre.
olha, não conheço muito o trabalho dela, vou dar uma pesquisada ♥
Eu estava pensando sobre isso esses dias… Lembrando o quantos projetos não saíram do papel por medo de dar errado e quantos eu “matei” quando começaram a dar certo simplesmente por medo de que aquilo fosse passageiro… Eu amo criar conteúdo, adoro dividir minhas paixões com os outros, mas sempre arrumo um motivo pra desistir… Vamos ver se eu tomo vergonha dessa vez e passo a me levar a sério!
Muito obrigado pelo texto, ficou muito massa e ajudou bastante a refletir sobre esse ponto!
pouts, eu você e mais metade do mundo passa por isso, né? se te contasse o número de livros que eu comecei e abandonei você vai achar que eu tô mentindo. eu também amo criar conteúdo, mas sempre me pego criando essas armadilhas pra falar mal de mim e do que eu faço. num pode né? ler esse texto da Sarah foi tipo um tapa na cara pra lembrar de verdade do porque eu faço o que faço e onde vou com isso – e levar a sério!:)
As palavras que eu precisava ler hoje ><
Às vezes meu namorado conversa comigo sobre isso porque parece que essa "síndrome" é mais forte que a gente, mas NÃO É..
beijo
não é mesmo <3 a melhor coisa que vocês podem fazer é não dar atenção pra essa vozinha besta que diz que vocês não são bons o suficiente
Olá Maki,
Conheci esse lugar maravilhoso escrito por você ontem, pesquisando sobre Bullet Journal; e é até engraçado, porque eu não costumo procurar blogs novos ou outras fontes das quais já têm minha confiança (ex: Vida Organizada para organização; e faço isso por estar engajada com minimalismo e com auto-controle), porém tive que buscar mais referências além do criador do BuJo e da Thais Godinho e isso foi ótimo, pois conheci seu blog e estou muito grata <3.
Esse texto, inclusive, veio em ótima hora; já não consigo nem lembrar quantos fakes eu criei por ter a vontade de escrever em algum lugar, mas não querer expôr meu nome por medo de retaliação ou que as pessoas me conheçam e descubram que não gostam tanto assim das minhas opiniões… enfim, sempre fui chamada de nomes terríveis e, quando achei algumas pessoas das quais eu gostava, comecei a suprimir partes de mim para ser "aceita" ou algo assim.
Esse texto + outros parâmetros da minha vida me deram outro fôlego e um novo começo. Obrigada! <3
Mileni, brigada você pelo comentário tão sincero! sei bem desse medo que você sentiu, mas eu sempre ganhei perspectiva quando pensei que as outras pessoas sentem a mesmíssima coisa, elas só representam isso de formas diferentes (por exemplo, sendo babacas na internet). mas a gente tem que aprender mesmo a confiar em si mesma e reconhecer a nossa importância, sabe? ♥
Hoe, Maki flor! Tudo bem? 🙂
Menina, como é triste essa síndrome do impostor, né? Sofro demais com a poda que seus efeitos me fazem; parece que nada que sai da cabeça (ou das mãos, ou dos pés, ou da boca, ou do corpo) é bom o suficiente, que só vai trazer constrangimento, por mínimo que seja, e que o esforço não vale a pena…
Até falar sobre isso, seja escrevendo esse comentário ou quem sabe usando meu próprio blog para isso (o que ainda não consegui fazer), exige um certo esforço emocional, porque sempre penso que meus problemas são muito ridículos de pequenos para ficar lamuriando e, por isso, talvez quem lesse poderia minimizar o que sinto – outra coisa que não valeria o esforço para se passar.
Eu não conheço muitos blogs, mas foram poucos os autores que vi se abrindo sobre isso e o seu relato foi o mais “vulnerável” – e acho que foi por essa razão que finalmente consegui comentar num post sobre o assunto. De certo modo, ainda que racionalmente falando, pareça um problema pequeno, dá um pouco de conforto saber que outras pessoas também estão tentando enfrentar, a sua maneira, essa mesma dificuldade. :’)
Provavelmente, vou ficar processando seu post na cabeça nos próximos dias, mas saiba que sua mensagem ajudou e está ajudando aqui uma destinatária. Obrigada ♥
Beijos (e desculpe o textão), flor~
ah sim! eu sempre lembro de um vídeo do Neil Gaiman que eu AMO (chama ‘make good art’) em que ele fala sobre isso. parece que é um crime a gente confiar na gente, que é errado e que alguém vai descobrir e mandar a gente pra prisão por ter as ideias que têm. nada a ver. são só ideias. a questão é muito mais profunda, é a gente não se achar importante, sabe? mas isso é menttttiiiiiiira! a gente é muito importante e tem, sim, espaço pra todo mundo.
o seu comentário é uma prova disso! brigada pelo textão <3
Comecei a ler e pensei, essa sou eu também. Deixei o link desse texto qui pra eu ler e quem sabe me descobrir também.
Nessa época de Facebook/Instagram/Whatever a gente sempre acha que tá pra trás, que todo mundo dá certo menos a gente… eu queria poder sair dessas mídias, mas trabalho com isso e gosto da interação saudável com as pessoas. Temos é que descobrir como não deixar essas coisas nos afetarem.
o segredo é esse mesmo, porque tem um lugar seu que consegue transitar por essas coisas todas sem se prender nesse ciclo de comparação sabe? pra mim, sempre volta pra história do propósito. se você sabe mesmo o que tá fazendo e porquê, então tudo isso fica mais fácil