cotidiano

Não existe sentimento mais poderoso que o amor. Nem a raiva, nem a tristeza, nem a pena, nem mesmo a depressão consegue ser mais forte do que ele. Há quem duvide, que brade pelos quatro cantos do mundo que não existe amor em SP no mundo e que tá todo mundo louco.

Diário #69 - Os dias estão cheios de amor

Que todo mundo tá louco, eu concordo. Agora que o amor não existe mais… Isso é mentira. Quem acha que nunca sentiu amor na vida, com certeza tá mentindo também. Todo mundo já sentiu amor, nem que por segundo, nem que fosse uma vezinha só.

A questão (e eu digo questão porque não quero ver isso como um ‘problema’) é que a gente se esquece. A gente se distrai. Coloca um monte de coisa na frente. Diz que só fica com um cara se ele estiver de acordo com os pré-requisitos X, Y e Z. Topa receber um abraço da mãe, mas só se for por meio segundo, porque ela sabe pisar no meu calo como ninguém e eu não tenho paciência. Amar o chefe? Cê tá é louca. Impossível amar o chefe. Isso não tem cabimento.

Tem um tempo que eu percebo que os meus dias estão cada vez mais cheios de amor. São coisas pequenas, sabe? Eu me permito sorrir quando antes queria chorar. Eu como as coisas com mais gosto. Os dias parecem mais gostosos, mesmo que esteja frio e chovendo (amo/sou). Os chás estão mais quentinhos (e não tem nada a ver com a minha mente avoada que esquece a leiteira com água no fogo). Tá tudo mais confortável.

Mesmo quando acontece alguma coisa que eu não esperava, o que a gente chamaria de ‘ruim’, eu não reajo mais da mesma forma. Eu nem consigo. Bate um desespero e já vem uma voz falando ‘ei, calma, cara’ na minha mente, me lembrando que as coisas não são assim. Que dá pra resolver até as picuinhas com amor.

Meus dias estão ficando cheios de amor. O tanto que eu permito, claro, porque eu também ainda tenho um monte de mentirinhas que anuviam a minha cabeça e cegam os meus olhos, não me deixando ver as coisas como elas são. Mas o amor tá lá, em algum lugar. Ele sempre tá lá.

Eu lembro que sempre comentava com uma amiga que ‘se tudo der errado, eu ia pra praia vender coco’. Hoje eu prefiro pensar que ‘se tudo der errado, amém’. No mínimo, o amor tá ali no meio, me pedindo pra ser visto. Eu só não olhei direito.

Essa noção de certo e errado, também… O que é certo e errado diante do amor? Por que é ‘certo’ amar algumas pessoas e ‘errado’ amar outras? Por que eu não posso amar todo mundo? Qual o problema de amar incondicionalmente?

Parece que distribuir ódio é mais fácil, mas é um esforço tão grande… Cansa. Dá dor de cabeça e deixa o coração pesado, com uma sensação de que tem alguma coisa (exatamente!) errada. Dá rugas, também, ouvi dizer. Deixa os ombros caídos, o cenho franzido e os olhos sem brilho. Poderia até render uma poesia bonita, mas na raiva parece que nada nunca fica bonito.

Eu quero aprender a me abrir. Pra viver os dias cada vez mais cheios de amor e cada vez mais longe da raiva. Até que ela vire um pontinho sem forma lááááá longe e eu já nem lembre mais o que tava ali pra começo de conversa. Posso até pensar ‘eita, não lembrava daquele pontinho ali na paisagem’, mas tenho certeza que vou dar de ombros e voltar a esquentar as mãos na minha xícara de chá, pensando apenas que, se um dia eu senti raiva, eu vou amar essa lembrança também.

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Mikao  em setembro 19, 2016

    aDOREI… VOCÊ ESCREVE MUITO BEM. adorei a frase “eu quero aprender a me abrir”.

    as vezes você já esteja aprendendo, a prova disso é esse belo texto.
    parabéns!

    • Maki  em setembro 21, 2016

      obrigada, Mikao! ♥