cotidiano

Eu perdi a minha dignidade. Não sei onde foi parar, se eu larguei em algum lugar por aí, se ela fugiu de mim por livre e espontânea verdade… Ou se eu a escondi no fundo da minha mente esperando que ali ela não atrapalhasse o meu plano bem traçado de me sentir mal comigo mesma.

sobre a tal dignidade

Esses dias eu estava pensando sobre dignidade e, mais do que isso, sobre ser digna. Quando foi a última vez que você se sentiu digna de alguma coisa? Eu, honestamente, não sei dizer. Pra ser sincera, talvez nunca tenha passado por isso na vida.

É aquela coisa: você tira 10 no TCC, mas acha que poderia ter feito melhor a conclusão e trocado aquele slide da apresentação que não ficou assim tão legal. Você ganha um presente, mas sabe que é só porque o seu aniversário está chegando e você não vai encontrar aquela pessoa até lá, é educado ela dar alguma coisa agora. Alguém diz que ama você, mas no fundo você tem certeza que é chata, imperfeita e insuportável quando não toma aquela xícara de café gigantesca logo depois que acorda e por isso o sentimento não deve ser tão verdadeiro assim.

Eu não me sinto digna de muitas coisas. De ganhar um salário decente. De pegar um Uber ao invés do ônibus. De comer num restaurante legal. De usar uma roupa estilosa. De sair de casa de batom vermelho. De receber um carinho. De aproveitar a companhia das pessoas que eu gosto.

Eu não me sinto digna de ser amada.

Dignidade: qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor; honra, autoridade, nobreza.

Onde foi parar a minha dignidade? O meu senso de merecimento? Provavelmente escondido em algum cantinho escuro da minha mente, com muito medo do meu autoconceito pra dar as caras assim, sem mais nem menos.

Quando foi que eu comecei a pensar tão mal de mim mesma? A achar que a minha vida estava fadada a meia dúzia de momentos medíocres que eu distorceria mesmo em memória? Quando foi que eu perdi a capacidade de aceitar tudo o que me é oferecido ao invés de pensar em loop que ‘eu não mereço isso’?

Quando foi que eu comecei a duvidar da minha própria importância?

A gente tem uma mania bem doida de achar que não merece nada. Um senso de injustiça tão profundo que é difícil dizer onde começou e onde termina e porque diabos a gente decidiu acreditar que não vale nem a bala do troco.

Toda sensação de falta que você sente é porque você está desconectado da Vida. Toda essa ideia de que a gente não merece nada, não vale nada, de que sempre tem alguma coisa faltando, é isso: é você sentindo falta de você mesma.

Sabe aquela sensação de plenitude, de gratidão eterna, de que tudo está no seu devido lugar e que não te falta nada? Então, eu também não. Mas sei que a minha meta agora é voltar pra esse lugar, é me reencontrar, é fazer as pazes comigo mesma e me apaixonar por quem eu sou, porque é só aí que eu reencontro a minha dignidade.

Sabe aquela sensação de que você é tão pequena que se sumisse do mundo ninguém nem notaria? Então, eu sei. E já sei também, a essa altura do campeonato, que essa sensação é uma mentira deslavada, de perna curta, e que está com os dias contados.

Se você sumir do mundo, o que vai ser de mim? E se eu sumir, o que vai ser de você?

A Vida que existe em mim é a mesma que existe em você e se ela é mesma, ela tem uma porrada de dádivas pra oferecer pras nós duas. Por que a gente insiste em fingir que não vê? Por que a gente acha que é mais ‘justo’ e ‘digno’ receber as coisas na base do sacrifício? As coisas não podem ser fáceis. Quem disse?

Eu mereço as dádivas divinas’. Você consegue pensar isso sem, automaticamente, soltar um ‘pffffff, até parece’ logo em seguida? Eu também não conseguia. Mas esse virou me mantra. Eu mereço as dádivas divinas. E você também, porque se eu e você somos uma coisa só, não tem porque eu ter alguma coisa e você não.

Eu sou digna das dádivas divinas. Eu sou digna de ser amada. Eu. Sou. Digna. Eu. Sou.

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Escrito pelaMaki
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10 Comentários
  1. Aline  em março 22, 2016

    Nossa estou me identificando muito com seus textos, com sua forma de pensar, está me fazendo muito bem! Obrigada!

    • Maki  em março 23, 2016

      Oi, Aline!
      Nossa, que delícia ler isso! Fico muito feliz!

  2. Jade Maranhão  em março 20, 2016

    Há quem diga que emoções e sentimentos não podem ser explicados. Mas podem.
    só que só podem ser compreendidos por quem já sentiu também.

    vem cá, me abraça. você me entende.

    • Maki  em março 21, 2016

      afe, vem cá, dá um abração ♥

  3. fernanda vaz rocha  em março 16, 2016

    Maki, como sempre: maravilhosa! <3
    apenas obrigada 🙂

    • Maki  em março 16, 2016

      Obrigada você ♥

  4. Amanda T.  em março 14, 2016

    Oooi! Tudo bem? Sou nova lá no Bloggers Out And About, e estou fazendo um tour pra conhecer o trabalho de todos vocês. Prazer!

    Flor, me vi em suas palavras. Eu tô saindo agora de uma fase bem complicada da minha vida, em que eu cheguei ao fundo do poço mesmo, e tive que recorrer aos remédios pra conseguir me reerguer. Ainda estou tentando me reencontrar, e não consigo falar que mereço as dádivas sem o “até parece” em seguida. Mas estou mais otimista. Tenho o apoio de muita gente que me ama, e estou treinando me ver como eles me vêem. Um dia eu chego lá.

    Beijinhos, te espero lá no http://amendoasefelpices.blogspot.com.br/

    • Maki  em março 15, 2016

      Oi, Amanda!
      Eu entendo totalmente o que você falou. E já me senti assim também. O mais importante é que você encontrou a força para pedir ajuda e isso já é mais do que meio caminho andado. Acredite que você consegue sair disso, porque tem uma saída!
      Beijos!

  5. Giovanna Bellotto  em março 14, 2016

    Nós merecemos, Maki!
    Obrigada <3

    • Maki  em março 14, 2016

      Merecemos mesmo ♥