cotidiano

Tenho pensado muito sobre a imagem que vejo no espelho. E pensado mais ainda sobre a interpretação que tenho dela.

Sempre achei que me aceitava até que razoavelmente bem, nunca fiz sacrifícios para encontrar padrão de beleza algum, nem mesmo deixei de fazer coisas que gostava pelo bem de uma imagem que só se encontrava em capas de revistas altamente photoshopadas. Eu achava que isso significava que me conhecia bem e que sabia quem eu era.

Ledo engano.

espelhoFoto: Google Images

Conhecer a si mesmo é um trabalho que leva anos e, sim, muita ajuda. Percebi, dias desses, que realmente não me via no espelho. Eu olhava, mas não via. É a mesma diferença de ouvir e escutar. Você ouve, você vê, mas não absorve a mensagem transmitida.

Essa era (ainda é) a minha relação com o espelho. Se o meu reflexo está ali ou não, tanto faz quanto tanto fez. Eu não via. Às vezes, ainda não vejo. A distinção é tão difícil de fazer quanto parece. Aprender a se enxergar é trabalhoso e, muitas vezes, bastante doloroso. É, como disse, um processo que leva tempo e muita paciência. Tem horas que vai dar certo, outras que não e controlar a frustração é difícil. Até impossível, de vez em quando.

Mas, suspeito, esse é um caminho que muitos de nós temos que percorrer. Alguns tem mais facilidade em se aceitar (e essa é a frase chave), em se conhecer. Outros terão níveis diferentes de dificuldade e outros ainda passarão a vida inteira sem enxergar, com medo do que os espera do outro lado.

Eu decidi passar a ver. A me olhar no espelho e ficar feliz com a imagem que me encontra ali. Tem dias que eu me arrependo dessa decisão e prefiro colocar um lençol para esconder o reflexo. É menos doloroso. Mas – e isso é o mais legal de tudo – esses dias estão se tornando escassos. Passo a passo, eu encontro aquilo que gosto em mim mesma e, mais do que isso, aceito isso como parte de mim. Se eu quiser mudar… Tudo bem, isso faz parte. Mas se não, que eu esteja feliz com o jeito que sou, com quem eu sou, e que seja mais gentil comigo no processo.

É fácil enganar a si mesmo, fechar os olhos e criar, na cabeça, a imagem que queremos ver. Mas é muito difícil adaptar essa imagem à realidade. E mais difícil ainda entender que as expectativas que criamos sobre nós mesmos são altas e a maioria não será atingida, cria uma pressão grande demais e um coração partido em tantos pedacinhos que é quase impossível colá-los de volta. Quase.

Desejo a todos – e a mim mesma – a capacidade de nos olharmos de verdade no espelho.

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Escrito pelaMaki
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