cotidiano

Eu descobri esse meu carinho por moda até que bem cedo, mas não do jeito que as pessoas imaginam. Na verdade, eu costumava ser contra qualquer tipo de tendência, detestava as roupas que a minha mãe me mandava usar, mas gostava de me vestir de uma forma diferente, que de certa forma fizesse com que eu me destacasse (mesmo que, contraditoriamente, eu quisesse me esconder na multidão na maior parte do tempo).

No entanto, uma coisa que sempre foi constante é: nunca existiram muitas estampas no meu guarda-roupa. Nem muita cor. Preto sempre foi uma das minhas cores preferidas, assim como o branco e o cinza. Basicamente, são as cores que eu usei na maior parte desses meus 27 anos de vida.

Diz minha terapeuta que isso é um sinal claro de luto. Na época, achava que era o meu lado revoltado e pseudo-punk falando mais alto, mas, agora, talvez tenha que concordar com ela.

quimono

De qualquer maneira, nos últimos tempos, vejam só, tenho fome de cores. Olho o meu guarda-roupa monocromático e tenho vontade de jogar tudo fora e começar do zero. Engraçado que nunca achei que fosse uma pessoa de estampas até abusar da minha boa vontade e comprar um quimono inteirinho estampado, tão colorido que até destoa ali, no meu armário pequeno, porém quase de um tom só.

Usei o tal quimono pela primeira vez dia desses e parecia que o mundo inteiro estava me olhando. Me senti exposta, sem que, exatamente, alguém tivesse notado a diferença. Talvez a diferença já estivesse em mim mesma e não exatamente na peça de roupa, mas, e juro pra vocês, senti que podia dominar o mundo usando aquele quimono colorido.

Mal comprei e já sei que essa vai ser a minha peça de roupa preferida dos próximos tempos. A primeira verdadeiramente colorida que eu já tive, entre outras em tons de vinho e azul escuro e bege, que eu jurava serem coloridas, mas que na verdade eram só um disfarce, um medo verdadeiro de que as pessoas olhassem a minha roupa colorida e falassem alguma coisa. Como um batom vermelho ao contrário. Mas acho que é mais fácil colocar um pouco de cor num lugar só do corpo, ali num ponto que dá para disfarçar e tirar a qualquer momento, do que em uma peça de roupa que não tem como trocar durante o dia. Coloca, corre porta fora e pronto. ali, exposto pra todo mundo ver.

Confesso que, ao contrário do que eu imaginei, gostei bastante da sensação. E já quero me sentir assim de novo amanhã. Sinto que esse quimono vai andar sozinho até o final do verão…

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Escrito pelaMaki
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