escrita criativa

outro dia, me fizeram essa pergunta. eu sinto insegurança na hora de revisar os meus textos? acabei estendendo pro processo de escrita como um todo. eu sinto insegurança na hora de escrever? fiquei tão pensativa sobre esse assunto que até tive a audácia de gravar!! a!! resposta!! em!! vídeo!! nos Stories pra falar sobre o assunto. eu escrevo há tanto tempo, sabe, fiz disso a minha profissão e, sim, ainda assim eu sinto insegurança na hora de escrever.

meu maior problema sempre foram os títulos. eu sinto que nunca aprendi a fazer aqueles títulos bons, sabe? que na hora fazem a pessoa pensar “quero ler isso aí agora!!!!”. também já me achei prolixa e repetitiva demais no que escrevo. já me vi muito presa a maneirismos e me percebi enjoada de usar sempre um mesmo termo num texto, aquelas bengalas que você usa quando precisa conectar um parágrafo ao outro.

tudo isso me deixava insegura, sabe, porque parece que isso interfere automaticamente na minha qualidade de escrever. de certa forma, até interfere, né? fica impresso ali, em cada palavra, essa insegurança. pelo menos, eu sinto que funciona assim.

entra aí a voz da experiência

eu aprendi a driblar isso muito bem. quando a internet ainda era um grande matagal e a gente não tinha uma dependência das redes sociais como tem hoje, escrever em blogs era exatamente como escrever no seu diário. você colocava o que tava na sua cabeça, (praticamente) ninguém lia e ficava por isso mesmo. quando eu comecei o meu primeiro blog (daqueles que tinha brilhinho seguindo o cursor) essa era a minha intenção. só desabafar de um jeito novo. apertar o botão “publicar” num parecia um problema tão grande, sabe?

daí, as coisas mudaram, eu cresci, a internet também, e eu me formei como jornalista. a questão do jornalismo é que não tem essa de insegurança quando você tá lidando com informações que são de interesse do público. ou você publica na hora, ou alguém publica antes de você e isso pode ser um grande problema. sempre foi, né? a romantização do furo jornalístico e tudo mais.

então, eu peguei costume. escreve, publica, escreve, publica, escreve, publica. porque também me especializei em escrever pra internet. então, era tudo meio assim, pá-pum. uma hora tava no word do meu computador, outra no site. não dava muito tempo de ficar pensando sobre o assunto, entende? a informação era mais importante do que a minha insegurança, e o timing também. eu não podia me dar ao luxo de perder a coragem de publicar alguma coisa.

de certa forma, isso passou pros meus textos pessoais também, porque, ao mesmo tempo que me desenvolvia na profissão, segui escrevendo pros blogs. apertar “publicar” raramente me pareceu muito assustador, por mais que eu já tenha escrito por aqui sobre coisas que eram, de fato, assustadoras pra mim. a depressão, por exemplo.

por isso, senti quase como a profissão me deu uma ferramenta e uma prática bem importante pra ignorar esse medinho a respeito do que eu escrevo, que eu somei com outras ferramentas que mantenho sempre pertinho de mim:

  • eu nunca reviso os meus textos no fim do dia: normalmente, quando o dia de trabalho tá chegando no final, eu to com a mente cansada e os olhos também. revisar textos quando eu to assim é um tiro no pé, porque as chances de não gostar de nada e querer reescrever tudo são enormes. então, se é possível, deixo pra fazer isso no dia seguinte, logo cedo, com a cabeça descansada.
  • eu sempre penso, de cara, em 3 ou 4 opções de títulos por texto: isso é pra tudo, até pra textos jornalísticos. como sei que é um ponto fraco, tento praticar muito pra encontrar um título legal e que faça jus ao que eu tô escrevendo.
  • eu leio tudo o que escrevo em voz alta: esse é o meu maior truque, eu acho. ler em voz alta é muito importante porque me ajuda a entender o ritmo do texto, se ele tá interessante ou não, se tá fazendo jus à ideia que eu quero passar e tudo mais. me ajuda a pegar no pulo trechos confusos ou repetitivos e redundantes.

e se mesmo depois de tudo isso a dúvida ainda for grande a respeito daquele texto, eu peço pra alguém próximo ler. sabe? ter uma segunda opinião às vezes é tudo o que eu preciso pra matar de vez essa vozinha chata que me diz que o texto não tá bom o bastante.

(por algum motivo, essa vozinha me soa como a Yzma de A Nova Onda do Imperador.)

tudo isso junto, eu sinto, me ajudou a criar uma caixa de ferramentas pra contornar essa insegurança na hora de escrever. e sinto que o ponto principal de tudo é: eu sempre tento falar do que eu acredito, principalmente quando nos textos pessoais. o que me gera mais insegurança é falar sobre algo que eu realmente não tenho convicção sobre. nesses casos, se for algo meu, pessoal, e não profissional, eu paro, repenso e recalculo a rota, até vendo se tenho alguma ideia que preciso rever na minha própria mente sobre o assunto. se for uma notícia, uma matéria, recorro pra regrinha de pedir uma segunda opinião, às vezes até um ajuste da pauta. conversar sempre ajuda muito nessas horas.

resumindo: sim, eu também lido com a insegurança na hora de escrever. mas me muni de uma série de ferramentas que me ajudam a escapar dela na maior parte dos dias. digo maior parte porque, inevitavelmente, acontece. e, aí, faço aquele trabaho de auto-gentileza: reconheço que isso tá acontecendo, busco entender o porquê e vou atrás da ajuda necessária pra mudar de ideia. costuma funcionar bem ❤️.

me conta como é isso pra você?

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Thai Martins  em fevereiro 09, 2022

    Maki, vou levar essas dicas no coração!
    O “publicar” sempre foi um medo pra mim, não é a toa que ainda tenho vários posts prontinhos, mas que nunca deixaram de ser rascunho.
    Acho que faltou pra mim (e talvez ainda falte) é aquela auto-gentileza que você fala no final do post.

  2. Emerson  em janeiro 26, 2022

    Texto inspirador, querida. Que bom que essa insegurança não existe mais. Para mim, escrever é terapêutico e a forma que encontrei de expressar a minha opinião, já que não gosto muito de falar, apesar que também sou jornalista.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está em Hiatus de verão de 18 de janeiro à 04 de março, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período!

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    Até mais, Emerson Garcia