em 2020, quando o apocalipse a pandemia tava começando e todo mundo tava tentando entender o que tava acontecendo com o mundo (sem muito sucesso), eu percebi que precisaria voltar a escrever no meu diário. eu sempre tive esse hábito, mas nos meses anteriores, por conta de motivos que nem me lembro agora, eu meio que perdi a prática. só que loucura do mundo tava me deixando tão ansiosa que eu sentia que precisava de uma válvula de escape, até mesmo criativa. então, lá fui eu voltar a escrever um diário à mão todas as manhãs. eu comecei pequeno, com dez minutos de escrita por dia, até que a coisa se estabeleceu de um jeito que eu comecei a automaticamente escrever mais, sem nem pensar sobre o assunto.
corta pra esse ano, com o ritual já super estabelecido eu voltei a fazer O Caminho do Artista, que pede como exercício mandatório as páginas matinais: escrever três páginas completas com tudo o que você tem na mente. dessa vez, senti de fazer o exercício direitinho, sem desculpas ou enrolações, e tem sido assim pelas últimas três semanas. eu não consigo mensurar a importância que essa escrita livre tem tido na minha vida. acho que foi uma decisões mais acertadas que eu já tomei e agradeço a minha versão do passado todos os dias por ter retomado esse ritual diário.
como ter um diário me ajudou?
eu não tô falando isso à toa, sabe. é que pensando sobre como eu queria fechar o ano aqui no blog, a história do diário ficava vindo na minha cabeça. eu sinto que ter um diário talvez seja uma das poucas metas que valem a pena ter pra um Ano Novo (ou pra um mês novo, uma semana nova, sei lá!) pelos resultados que eu vi em mim.
são eles:
- mais clareza de pensamento: com a doidera da pandemia, a minha cabeça passava o dia no 220, lendo notícias, vendo lives, trabalhando. tava muito puxado e eu percebi a necessidade de ter um lugar pra descarregar o que tava na minha cabeça e conseguir pensar com mais clareza. tava tudo muito confuso. escrever me ajudou a tirar da frente os pensamentos obsessivos que tavam me atrapalhando de concentrar no que eu realmente precisava (e queria) fazer.
- uma válvula de escape rápida: eu desabafei tanto nessas páginas, mas TANTO, que nem consigo medir o quanto. mas mais de uma vez eu escrevia não só de manhã, mas de tarde ou de noite também, quando acontecia alguma coisa que desencadeava sensações ruins, medos, inseguranças… o diário virou uma válvula de escape muito prática e fácil, que eu tenho sempre à mão e que me ajudava a descarregar o que eu tava sentindo pra poder olhar pra situação com mais clareza também.
- mais espaço pra minha criatividade crescer: quando eu comecei o projeto do diário, lá atrás, eu sentia falta também de um pouco mais de criatividade nos meus dias. parecia que eu tava tão ocupada o tempo inteiro que a criatividade perdeu totalmente o espaço, e a inspiração desapareceu. jogar o que tava na minha mente no papel liberou espaço mental pra outras coisas e, aos poucos, eu percebi que tinha mais vontade de me expressar criativamente de outras formas, sabe? acho que essa foi a maior vantagem que eu tirei dessa experiência.
mas… como começar um diário?
eu já escrevi um post inteirinho sobre isso aqui, mas eu sinto que é sempre bom lembrar que a gente não precisa de muito pra começar um diário, sabe? um caderno e uma caneta que funcione e, pronto, você tem todos os materiais necessários. já escrevi diário em caderno abandonado que tava cheio de páginas em branco, em caderno promocional que ganhei em evento, até em folhas sulfite soltas, porque meus cadernos tinham acabado e eu tinha esquecido de comprar um novo.
o que você vai escrever fica a seu critério. o que eu mais gosto é do modelo de escrita de fluxo de consciência, ou seja, você tentar colocar na página os seus pensamentos conforme surgem na sua mente, sem muito critério ou seleção. como a página não julga, você começa a perceber que até as coisas mais assustadoras que você pensa viram bem insignificantes quando passam pro papel. e as bobagens seguem sendo bobagens, simples assim.
o que fazer com os seus diários antigos?
o Austin Kleon guarda todos os diários que escreveu desde 2013, se não me engano. é bastante tempo. eu tenho todos os meus desde o ano passado e alguns mais antigos, da época quando eu comecei a fazer páginas matinais em 2016, eu acho. eu gosto de guardar porque eles são um registro da minha vida, do meu processo, do que tava acontecendo comigo naquele momento. não sei se pretendo ficar com eles guardados o resto da vida, mas, por enquanto, parece importante tê-los por perto. então, eu guardo.
daí, dá pra você fazer o seguinte com os seus:
- guardar, como eu, pra ter um registro dos seus anos e meses e semanas e dias.
- usar como referência pra ideias e projetos futuros (eu já tirei muita ideia de post dos meus diários antigos e já tive muitas ideias de projetos pelos meus diários – o navegantes foi um deles!).
- jogar fora: claro, você pode descartar os seus diários quando terminados também, bem no estilo “joguei na página e tirei da minha vida pra sempre”. esse é um processo bem catártico e imagino que queimar os seus diários finalizados seja ainda mais catártico. mas vamos evitar essa opção por motivos óbvios, ok?
eu lembrei que no documentário da Taylor Swift, ela começa mostrando diários antigos em que escrevia as suas letras de músicas e o que tava acontecendo na vida dela. isso me deixou feliz porque ela percebeu o quanto ela andou de lá pra cá e, às vezes, eu sinto que a gente perde a perspectiva da própria vida, sabe? ter esses registros nos ajudam a ver o quanto evoluímos ao longo dos anos.
enfim, se tem uma conclusão que você pode tirar desse post, a conclusão é: escreva um diário. à mão. com papel e caneta. eu garanto que vai ser bom.
e se você quiser uma ajuda pra começar, o livro palavras de presente tem um monte de dicas de como destravar a sua escrita e começar a praticar um pouco mais. tô falando dele porque essa vai ser a última oportunidade de comprar o livro pelo valor original de R$ 15. a partir de 1o de janeiro, o preço vai aumentar, acompanhando os gastos fixos e a valorização do meu trabalho. eu sei que, pra muita gente, isso não é o ideal (às vezes, nem pra mim). mas é necessário. de qualquer maneira, eu sou muito grata pelo seu apoio ao meu trabalho, mesmo que seja “apenas” lendo esse post até aqui.
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5 Comentários
eu escrevia diários quando era adolescente, todo ano novo minha maior alegria era ganhar um diário. nunca vou esquecer a emoção que era ter um diário com chave, por mais que ele pudesse ser aberto com uma tampa de caneta… pouco tempo tirei um tempinho pra reler e é tão divertido! tem coisas que nem eu lembro mais o que são… eu usava códigos que nem lembro mais… escrevia sobre meninos que não faço a minima ideia de quem são, mas isso é o mais legal
ano passado voltei com essa prática, mas abandonei ao longo do tempo, conforme o ano foi passando. esse ano quero voltar com tudo. escrever não só sobre o meu dia e inseguranças, mas sobre tudo!
beijossss
Carol Justo | Justo Eu?!
amei muito esse post, Maki! escrever mais foi umas das coisas que mais me ajudou nesse ano e espero continuar fazendo isso também no próximo <3
Oi Maki! Eu senti essa necessidade de escrever diários com a pandemia também. Já escrevia, mas parei quando cheguei mais ou menos nos 20 anos, com a terapia e tendo mais espaço pra falar da vida entre amigos, a necessidade de escrever se perdeu um pouco. Na pandemia isso mudou completamente porque fiquei sem minha rede de apoio, e o diário ajudou bastante. Comecei, coincidentemente, a percorrer o caminho do artista também esse ano, e estou gostando muito das páginas matinais. Gostando mais que do diário até. No diário eu escrevia muito sobre pensamentos e sentimentos, coisas que aconteceram, e de certa forma isso me pesava. Gosto mais de escrever as páginas matinais porque coloco qualquer coisa, sem muita cobrança. Já gastei páginas das páginas matinais falando de como minhas calopsitas estavam gritando muito, coisa que não colocaria em um diário hahahah
Agora, sobre guardar, eu não decidi o que fazer com as páginas matinais ainda, mas jogo fora os diários antigos, principalmente os de adolescência e de períodos difíceis da vida. Às vezes eu pegava para reler e me fazia mal. Mas acho que pra quem consegue ler tudo com distanciamento, é uma forma boa de ver a própria evolução, como você disse. Pra mim só servia pra reabrir feridas que estavam cicatrizando, então faço como algo temporário, que só dura enquanto está ali. Bom pra praticar o desapego rs
Bjs!!
que post maravilhoso, maki! me identifiquei totalmente <3 por aqui, escrever é uma terapia e desde o ano passado tenho mantido cadernos por perto. ficava com receios de colocar palavras ali (mas não sei o motivo desses receios). depois que me entreguei às páginas me sinto bem melhor quanto a uns sentimentos. escrever coloca a minha vida diante de mim, sem filtro algum.
Esvaziar a mente é muito bom. Eu esvazio lendo blogs e escrevendo. Realmente é uma terapia.
Boa semana e Feliz Natal!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia