já ouvi muitas pessoas falarem equivocadamente que existem livros “certos” e “errados” de ser ler. me dá um nervoso só de escrever sobre isso, porque se tem uma coisa em que eu acredito – muito – é que qualquer leitura é uma leitura válida e deve ser celebrada tanto quanto qualquer outra coisa.
“livros são uma mágica excepcionalmente portátil”
Stephen King, Sobre a Escrita
correndo o risco de soar repetitiva, o Austin Kleon fala no Roube Como Um Artista uma coisa que eu acho incrível: como a arte, independente de qual seja, começa com um roubo decente. só que pra fazer esse roubo, você precisa, primeiro, de repertório. são referências, inspirações e tudo mais que é necessário pra você ter bagagem o suficiente pra criar. ele defende o conceito que todo artista têm uma árvore genealógica artística: uma inspiração que ele estudou extensivamente, que foi inspirada por outro artista e outro artista e assim por diante.
pra construir o seu repertório, o Austin fala justamente sobre esse movimento. pega alguém que você admira e vai estudar a vida dela. estuda tudo, cada detalhe, cada trabalho, tudo. daí, pega três pessoas em que essa pessoa que você admira se inspirou e vai atrás da história delas. e assim por diante.
muita gente coloca a escrita naquele lugar complicado do fazer: é só pegar um lápis e papel e pronto (ou abrir um documento no Docs!). e por mais que, de fato, seja só isso mesmo, tem uma trava que as pessoas muitas vezes esquecem de olhar: a trava da falta de repertório.
tem uma frase do Dr. Seuss que é bem famosa e eu amo demais. diz assim:
“quanto mais você lê, mais você sabe. quanto mais você aprende, a mais lugares você pode ir”
Dr. Seuss
e essa é a coisa mais importante de todas pra quem quer começar a escrever, sabe? ler. eu sei que tá todo mundo brigando contra o tempo ultimamente, e tudo bem, mas voltando um pouco pro que eu falei ali em cima: toda leitura é uma leitura válida.
o que significa que não só de livros vive um bom repertório.
por mais que se afundar em livros seja incrível e algo que eu recomendo muito, tenta lembrar que tudo o que você lê na internet já tá colaborando pro seu repertório. e se você quer aprimorar a sua escrita, talvez você deva só colocar um pouco mais de atenção no quê você tá lendo.
no palavras de presente eu falo que não existe o “não gosto de ler”. existe o “não encontrei o que eu gosto de ler”. porque, tenha certeza, se você encontrar uma paixão (que seja games, culinária, tricô ou semiótica), vai encontrar uma bibliografia sobre isso em algum lugar. e quando o fizer, por favor, leia tudo o que puder, o quanto quiser! taí a base do seu repertório.
eu martelo muito na tecla do repertório porque, sem ele, escrever pode, sim, ficar mais complicado. ó, a leitura:
- ajuda você a construir vocabulário (importantíssimo pra quem quer escrever!);
- ensina sobre diferentes estruturas de texto e construção de narrativas (uma matéria de jornal nunca vai ser igual um conto, por exemplo);
- fortalece o seu conhecimento de regras gramaticais e fluência da língua;
- cria bagagem que, quando somada com a sua experiência, faz mágica no papel (como bem diria o Stephen King).
eu sempre fico impressionada com a capacidade das pessoas de verem escrita e leitura como duas coisas separadas, quando uma praticamente não existe sem a outra! é claro que a gente tá falando aqui de escrever de forma expressiva, de comunicar com clareza, de transmitir uma mensagem. mesmo que seja você com você mesmo.
então, como faz pra aprimorar a escrita? lendo! leia muito, leia tudo, leia o que você gosta, mas leia um pouco daquilo que você não gosta também. não se limite a ler só sobre os seus interesses e a sua bolha. sair de vez em quando também é importante pra criação de um repertório legal.
eu sempre li muito e tenho certeza que isso foi essencial pra criar um nível de intimidade com a escrita que me dá algumas liberdades (tipo não usar maiúsculas!). mas se você não lê desde sempre, se não tem esse hábito, por favor, não desanime! você pode começar agora!
e, se os livros não te atraem, tá tudo bem. começa procurando uma matéria legal sobre um tema que você gosta. já é um passo e tanto nessa direção. lembra de ir com calma e pegar leve com você nesse processo, tá bem?
ah, e se você precisa de mais um impulso para entender a importância do repertório e como usar a escrita pra cuidar de você, eu volto a falar do meu livro, que é exatamente sobre isso! ele é curtinho e muito didático pra te ajudar nessa jornada. você pode saber mais sobre ele clicando no link aqui embaixo:
PALAVRAS DE PRESENTE – 5 MANEIRAS DE USAR A ESCRITA PARA CUIDAR DE VOCÊ
agora, se você já tá investindo no seu repertório, me conta: o que você anda lendo? eu comecei essa semana Comece Pelo Porquê, do Simon Sinek, e tô amando!
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7 Comentários
Estou lendo A Arte de Fazer Acontecer, David Allen.
Dani, você tá curtindo? eu já tentei ler umas duas vezes, mas nunca consegui terminar!
Maki, que inspirador este seu espaço! Amo escrever e estou ensaindo começar um blog para compartilhar minhas experiências desde que cheguei aqui em Paris hà quase 2 anos!
Estou lendo Sociedade do Cansaço do Byung-Chul Han, muita reflexão em cada parágrafo !
menina, abre logo esse blog! (e me manda o endereço depois <3)
eu tô MALUCA pra ler esse livro, sabia? ele tem aparecido pra mim milhares de vezes, vindo de vários lugares diferentes. é um sinal, certeza!
Nossa Maki, concordo demais com você. Não acredito nisso de “leitura perdida” ou “livro errado”, acho que toda experiência literária contribui para a nossa formação (até aquelas que a gente realmente não gostou/não recomenda). Estou lendo “Sobre a Verdade”, coletânea de textos do George Orwell sobre o tema e estou gostando muito. Um beijo :*
Cá, é isso mesmo! não tem (nem nunca teve!) leitura perdida. tudo é uma forma de criar esse repertório bonitão pra gente, né?
anotei a sua recomendação aqui pra ler no futuro (minha lista tá gigante, meldels!)
um beijo!
Texto inspirador. Já dizia que quem lê pouco, pouco vê, pouco sente. A leitura tem essa capacidade de mexer com nossos sentidos e nos fazer pessoas melhores. Interessante seu recurso artístico de não usar maíusculas.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia