algumas newsletters atrás eu mandei na caixinha de links incríveis uma thread do Lipinho falando sobre como ser mais criativo. na verdade, era mais um desabafo/conselho dele sobre criatividade, que eu achei super válido trazer pra cá.
tem um motivo, claro: eu vivo pensando sobre isso, e acho que criatividade é um dos meus assuntos preferidos pra pesquisar e estudar. não tô imune ao tal do bloqueio, vocês bem sabem, mas acho que de uns tempos pra cá comecei a me relacionar de forma diferente com ele – e, confesso, ver a criação de conteúdo pelo viés do slow blogging ajudou bastante.
mas tem uma informação que vive na minha cabeça e que tem total relação com isso. é assim:
“a tecnologia que ajuda o usuário a encontrar mais conteúdo relevante na internet está criando uma ‘bolha’ em torno das pessoas”.
via Link, do Estadão
não tô falando que a tecnologia é a grande vilã da criatividade (longe disso), mas tem uma coisa da gente só ficar em contato com as coisas que a gente conhece, que são seguras pra gente e que fazem parte da nossa zona de conforto (e de conformismo também).
parece que sair disso, conhecer coisas diferentes do que a gente pensa e aprova é um grande problema, é errado e, mais do que isso, totalmente condenável. se eu quero ler sobre o que as pessoas que pensam o contrário de mim estão dizendo, isso é sinal que eu tô indo pelo meu caminho e logo mais vou virar “o inimigo”.
ou seja lá o que as pessoas dizem sobre isso.
mas o ponto é: o Lipinho comentou na thread dele sobre a importância de manter a nossa fonte de inspiração divergente – que tenha diferentes focos, que venha de lugares variados e que, principalmente, saia um pouco daquilo que a gente conhece.
isso ficou mesmo na minha cabeça, porque eu percebi como eu tava num loop de consumir sempre as mesmas coisas, vendo as mesmas pessoas falando os mesmos assuntos e não tava me abrindo pra compreender quem pensa diferente de mim.
porque tem um negócio de que se eu entendo quem pensa diferente de mim, eu posso querer mudar de ideia sobre as coisas que eu penso e a gente bem sabe o quanto a gente é apegado às próprias opiniões, né?
o mais legal disso tudo é que a partir do momento que eu topei, que eu dei uma chance para deixar as minhas opiniões de lado, o meu lugar comum pra trás, e me coloquei a disposição pra entender o que tava rolando fora de mim, eu me senti mais criativa, com mais vontade de compartilhar coisas.
meio conversa de maluco, mas juro que foi assim mesmo.
e, sim, consumir coisas diferentes do que você tá acostumado é um caminho pra isso (mas, né, sem cair no desespero de querer saber de tudo o que tá rolando o tempo inteiro). é uma linha tênue entre querer entender uma coisa que você não conhece e querer saber todas as coisas que todo mundo tá falando ao mesmo tempo.
por exemplo: eu me dei tempo de ler e entender uma thread do Twitter (no caso, a do Lipinho mesmo!) e ver como isso funcionava no meu dia a dia, a minha relação com o que ele tava falando. e fiz o mesmo com outros conteúdos também.
tipo, tem alguns jeitos de você praticar isso:
- lendo um livro de um assunto que você não conhece (eu, por exemplo, tô lendo um sobre finanças – e amando!);
- assistir um documentário sobre um tema diferente;
- ler uma revista contrária à sua opinião / visão de mundo;
- conversar com alguém (mesmo) de quem você sempre discorda;
- tentar entender mesmo o que aquela pessoa que você admira escreveu.
o que eu andei sacando sobre criatividade é que ela tem pouco a ver com o resultado do que a gente faz (tipo, um texto ou um quadro) e tudo a ver com o processo – e esse processo só funciona, só deslancha, se tiver relacionamento no meio.
‘nossa, mas como assim, Maki?’
simples: toda busca por real compreensão é uma busca por relacionamento. todas as coisas têm uma fonte, alguém que escreveu, que pintou, que falou, que gravou… tem alguém ali do outro lado que se expressou de um jeito, e a gente entra em contato com isso, a coisa expressada – mas, às vezes, esquece que aquilo veio de algum lugar.
e a gente só desencadeia essa criatividade toda, essa vontade de compartilhar, quando entra em contato com quem fez aquela coisa lá, porque a gente lembra que, ei, a gente também tem alguém aqui dentro que com a capacidade de se expressar.
e aí a coisa anda, sabe?
sei lá. eu talvez tenha pensado demais sobre isso, mas ficou na minha mente o quanto a gente fica fechadinha em caixinhas que se dizem muito diferentonas, mas que falam e fazem sempre as mesmas coisas. e abrir a mente é o que desperta esse novo lado criativo, mas a gente só consegue abrir a mente se buscar compreensão, e a gente só compreende se procurar se relacionar com as pessoas…
bom, vocês já sabem onde isso vai dar.
se esse post tem um objetivo? talvez seja um apelo pra gente se relacionar mais com as pessoas, independentemente da forma como as ideias delas se apresentem pra gente, pra gente mesma entrar em contato com a criatividade. talvez seja só mais uma dessas divagações que eu tanto amo colocar por aqui (e eu ando me sentindo criativa, então, voilá!).
mas o fato é: a gente tem que parar de ter medo de entender o que a gente chama de “diferente”, porque, no fundo, pode ser que não seja tão diferente assim. eu não sou refém das coisas que eu penso, nem do que os outros falam e pensam também.
mas isso já é assunto pra outro post.
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6 Comentários
Boa tarde Maki, fazia um tempo que não voltava aqui pra te acompanhar, e você continua escrevendo coisas ótimas, ainda bem, inspiradora como sempre, acho que esse papo de se relacionar com pessoas e compreender opiniões diferentes da sua faz todo sentida pra essa fase da minha vida agora, obrigada por me fazer pensar nisso. Obrigada por estar aqui. um grande abraço.
brigada você por estar aqui, Tali <3
Oi Maki
Menina, é bem isso mesmo. Tudo que a gente usa on line percebe como reagimos as coisas e mostra somente opiniões condizentes com as nossas, coisas que já temos o hábito de pesquisar sobre e isso vai fechando a gente em uma bolha. Meu pai vive falando que apareceu pra ele no face ou sei lá onde coisas que super concordam com a opinião política dele, ai eu expliquei pra ele que é o algorítimo que faz isso, mas ele ficou agradecido pelo algorítimo, já que se aparecer ideias contrárias, a chance dele ficar estressado o restante do dia é grande. Enfim, a gente tem que sair um pouco da bolha, olhar pras coisas de formas diferentes.
Vidas em Preto e Branco
com certeza, Lari. não pra gente ficar só na nossa bolha e achar que está sendo empático, que tá entendendo o que tá acontecendo com o outro, com o mundo. porque não é bem assim.
Provavelmente é a quinta vez que leio esse post porque tô que nem música, que a gente volta da metade por que não absorveu direito, e me pego voltando sempre da parte em que você fala sobre entender de verdade o que as pessoas escrevem ou falam, e nossa, como esse post entrou em mim. Ando tão desanimada com as coisas que andam acontecendo na minha vida que no começo do ano decidi entrar de novo na blogosfera e fiz um único post até agora, pelo fato de nada estar me inspirando. Agora que realmente absorvi o seu post como deviria, talvez volte a postar no blog, veremos como vão ficar as coisas daqui pra frente, já que só depende de mim mesma.
Joana, eu espero, de coração, que você se sinta mais inspirada. mesmo! você tem coisas incríveis pra entregar pro mundo (mesmo que não seja no formato de um post de blog).