eu vou contar uma coisa pra você: lá em abril, quando eu decidi fazer BEDA, eu cheguei no fim do mês 100% esgotada. além desse projeto, eu coloquei na cabeça de fazer um desafio no Instagram de bullet journal, o #30diasdebujo, e por mais que, no fim das contas, eu tenha certeza no meu coração que dei o meu máximo e fiz conteúdos incríveis, eu cheguei no começo de maio sem qualquer vontade de escrever ou postar fotos.
eis aí a GRANDE CRISE CRIATIVA DE 2018™.
de lá pra cá, muita coisa mudou e vocês bem sabem que eu tenho falado bastante sobre esse assunto por aqui. e quando, há algumas semanas, eu topei fazer o baeda com a Melzinha e a Loma, eu coloquei na minha cabeça que não ia ficar nesse nível de exaustão mental e desgaste. daí, que eu caí nesse vídeo incrível do Camilo Coutinho (muso do Youtube) e em mais um monte de outros falando sobre o desgaste dos criadores de conteúdo, que acabaram também me inspirando a escrever esse post sobre depressão (depois de um tempo sem falar sobre esse assunto, né?).
correndo o risco de soar muito repetitiva (de novo), cá estou tomando uma xícara de chá e ouvindo o álbum Red da Taylor Swift (o melhor, na minha opinião), pensando sobre como a gente se sobrecarrega com essa coisa de produzir conteúdo pra internet. eu tenho refletido bastante sobre isso e o meu papel nesse meio, principalmente porque eu já entendi que vai ser impossível eu estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
eu tenho uns três trabalhos fixos que me ocupam boa parte do dia, faço aulas à noite na Coexiste, alguns plantões de final de semana, e ainda tem o blog e o Instagram. é muita coisa, e tentar colocar mais algum elemento nessa mistura, agora, pode ser uma receita para o desastre. verdade, sempre dá pra encontrar “um tempinho” pra fazer mais alguma coisa, mas não vale a pena se eu sinto que tô fazendo as coisas me sacrificando. tipo, se eu acho que tô abrindo mão de alguma coisa pra fazer outra, sabe? porque isso envolve uma sensação perda (alguns diriam até FOMO), e eu ando recusando isso com um veemente “not today, satan“.
explico.
tem uma ideia na nossa mente, que eu já me peguei pensando muito, que a gente tem sempre que fazer mais e melhor e mais e melhor e mais e melhor, como se isso fosse, de alguma maneira, o segredo pra nossa felicidade. e, no fim do dia, a gente meio que acredita mesmo que esse “mais e melhor” vai deixar a gente mais feliz, lá no futuro, depois do casamento decorado com passarinhos mágicos e flores que dançam que a gente vê nos filmes da Disney.
mas um sábio falou uma vez que o caminho tem que ter a mesma sensação do final. se a minha meta é ser feliz, então eu tenho que sentir isso agora. e, vamos combinar, me sacrificar para fazer coisas, me desgastar, ficar cansada, sem paciência e fazer tudo por fazer não tem nada de feliz.
teve que rolar uma virada de chave, entende?
como eu posso fazer as coisas com a sensação do fim do caminho? tenho buscado essa resposta no meu coração, e meio que comecei a colocar isso em prática da forma que me parece mais natural. primeiro: eu não sou obrigada a postar todo dia, como diz o Camilo. segundo: tudo bem se eu levar o meu tempo pra fazer o que precisa ser feito, sabe?
enquanto esse post é escrito (na segunda à noite), eu lembrei que de manhã olhei pra zona em que tava o meu quarto (restos de um fim de semana de plantão + comida chinesa no sábado à noite + Bienal do Livro + aula na Coe no domingo) e me peguei pensando que eu não aguentava mais a bagunça. levei um tempo pra arrumar tudo direitinho, mesmo com o relógio correndo e a hora de ir pro trabalho ficando mais apertada.
eis que chego em casa à noite… E EU COMECEI A RIR. sério. que alegria que foi ver o quarto arrumado, gente. me deu um quentinho no coração, sabe? e uma coisa tão simples. nem levou tanto tempo assim. mas eu não fiz correndo. eu fiz com calma, prestando atenção, lembrando de como é gostoso chegar em casa pra um quarto arrumado. e é mesmo.
corta a cena, eu tô aqui escrevendo mais um dos meus textões e pensando nisso. em escrever com calma, deixando as palavras fluírem. se sair, maravilha. se não sair. ok, também. ontem eu tinha que ter postado um texto que não foi pro ar por falta de tempo e acabei priorizando o post do cafés de #essepê porque seria mais fácil de editar (há controvérsias, porque são muitas fotos). sei lá, sabe… essa pressão tá só na nossa cabeça. e foi essencial, pra mim, perceber que eu não tenho compromisso nenhum com a internet.
outro dia, eu caí num vídeo simplesmente maravilhoso em que o Jaron Lenier explicou como a gente precisa refazer a internet, porque essa coisa de tudo ser gratuito o tempo inteiro criou uma aversão ao conteúdo pago e que valoriza o trabalho de quem faz (vulgo, essa que vos escreve) e todo esse sistema falho colocou uma marreta na nossa cabeça que causa uma ansiedade e uma fobia social em busca de mais likes e relevância online. eu bato palmas de pé toda vez que vejo esse vídeo.
e é isso, entende? nessa corrida por ser relevante, a gente tá sacrificando cada vez mais da gente mesma, deixando de lado o nosso carinho em prol dos números, buscando fazer mais e melhor e esquecendo de ser feliz no meio do caminho.
‘mas como a gente faz pra reverter isso, maki?’
primeiro, respira fundo, jovem gafanhoto. inspira, expira. de novo. mais uma vez. toma um gole de chá. pronto. agora, vamos à algumas coisinhas que me ajudaram nesses tempos:
- desabafar e pedir ajuda. acho que essa foi a melhor coisa que eu fiz. falei com a Mel e a Loma, com os meus professores na Coe sobre o que eu tava sentindo, conversei com a Isa, troquei ideias e isso me ajudou a ter um pouco mais de clareza, um pouco mais de visão, sobre o que significa produzir conteúdo pra internet hoje.
- aceitei que não vou fazer tudo o tempo inteiro. a gente já conversou bem sobre isso, né? então, por enquanto, eu sou dos textos e das newsletters. sou do Instagram e do Twitter. e é com isso que eu consigo me comprometer. se comprometa com o que você consegue fazer, tá bom? não precisa fazer mais do que você aguenta.
- prestei atenção nas coisas. eu comecei a olhar muito bem o que eu sinto quando faço tudo. se eu quero entregar valor pras pessoas, uma coisa legal e verdadeira, é isso que eu tenho que estar sentindo enquanto escrevo, e não raiva e frustração. vai ter o efeito contrário, entende?
- tirei tempo para me inspirar. pois é. taí uma coisa que eu tava esquecendo de fazer. nas últimas semanas, procurei mais tempo pra ler coisas diferentes, voltar a ver vídeos, sair um pouco da cabeça de ‘meu-deus-do-céu-eu-vou-desaparecer-se-não-postar-no-Instagram‘ e ver o que tá rolando por aí e como isso me inspira.
- escolhi fazer coisas que eu gosto de fazer. textão? gosto. foto de cafés e chás? gosto. escrever do coração? gosto. falar de coisas que me inspiram? gosto também. pronto, é isso mesmo. o que vier além disso, é lucro.
- comecei a ouvir mais. acho que essa, talvez, seja a coisa mais preciosa de todas. a gente fica tanto tempo colocando informações pra fora que esquece de ouvir o que as pessoas tão dizendo e o que elas estão precisando, entende? fica quietinho um segundo e ouve. elas vão te contar tudo.
e tudo isso meio que culminou num grande ensinamento, que vai muito além da produção de conteúdo, da internet, dos blogs e de toda essa bagunça e burnout dos criadores de conteúdo, que é:
o meu valor não depende das coisas que eu faço.
e ponto final. “eu tenho valor” foi uma frase que apareceu no meu bujo da semana passada, e que tem se repetido incansavelmente na minha mente nos últimos dias. eu tenho valor enquanto faço chá. eu tenho valor enquanto escrevo um texto. eu tenho valor enquanto troco de roupa. eu tenho valor enquanto pago as compras no caixa do mercado. até quando tô rolando o feed do Instagram. eu tenho valor. e ele vai muito além das palavras que eu digito ou do conteúdo que eu jogo na internet.
a partir desse lugar, desse “eu tenho valor“, eu vou tocando o meu dia, colocando um pouquinho disso em tudo e lembrando as pessoas (eu espero) que elas têm valor também. porque… a verdade é que sei lá eu até quando a internet vai durar, e os blogs e o Youtube e as redes sociais vão existir. o meu valor não depende disso. e o seu também não.
sejamos mais gentis com nós mesmos e o tipo de energia que a gente joga online. que tal?
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18 Comentários
Eu tava lendo e pensando: temos que ser mais gentis com a gente, e você terminou falando isso! rsss que lindo!
A gente tem mania de querer ser sempre 100% produtivo, mas isso cansa. Ficar “de boas” também faz parte pra gente se manter bem e produtivo =D
olha só! transmissão de pensamento <3
Salvei esse post nos favoritos porque estava precisando (muito) ler essas palavras. Obrigada, Maki!
aaaa Taty <3 <3 <3
Amei seu blog <3
Seu post, sem dúvidas contribuiu com meu dia, vou carregar a frase “eu tenho valor” para vida <3
No inicio da semana, me peguei pensando sobre como gostava de criar conteúdo para o blog – como uma válvula de escape para o mundo real (rs), e dei um jeito de encontrar "um tempinho" para algo que gosto, pela primeira vez não estou com o sentimento de estar sacrificando algo por isso. Agora sem essa obsessão de "tenho que postar", apenas curtindo os momentos <3
Beijos.
essa frase é maravilhosa, né? eu levo muito no coração também!
eu gosto do mar e vou tentar usar uma analogia meio estranhas, mas lá vai. existe uma onda bem grandona, produzida pelas pessoas – vamos chamá-las de placas tectônicas. então, as placas tectônicas se movem e aí vem essa onda enorme que leva a gente, por mais que sejamos ótimos nadadores e sobrevivamos a elas, a gente sempre se move um pouco do curso ou se deixa levar por ele.
e as placas se moveram na internet e acabaram gerando uma onda gigante, esta pode ser a correria maluca em quero-todos-os-seguidores-do-mundo, ou a eterna busca pelo-feed-perfeito ou sei lá o que.
não digo que isso não é importante, só que não é só isso. bem como voce já explicou em vários textos e nesse. produzir conteúdo de qualidade é diferente de produzir qualquer coisa só pq tenho que postar. e não é necessário postar todos os dias, estar em todos os lugares de todos os jeitos. por exemplo: vc postou esse texto e vai me fazer pensar por mt tempo. um texto fez uma baita diferença.
quando fui criar meu bloguinho, meu principal objetivo foi: vou produzir aquilo que quero consumir e vou consumir aquilo que quero produzir. mas, aí a onda me arrastou e tô meio ressaqueada ainda rs
gostei do seu texto, principalmente por ter sido sincera. e me abriu os olhos para muita coisas… uma delas foi: tá tudo bem voce ter seu tempo.
acabei de formar e ainda não estou empregada. para mim estava sendo o fim do mundo, mas ai eu pensei: cara, minha colação foi há duas semanas, tenho 21 anos e…. CALMA. legal como seus textos ajudam a gente em outras áreas.
acho que o comentário ficou grande demais, beijo, tchau! hahaha
com amor, Eva.
Eva, eu amei o seu comentário! (e a analogia!)
e é bem isso… a gente acha que tem que correr, e apressar, dar um jeito de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. mas caaaaalma. tá tudo bem você levar o seu tempo pra fazer as coisas, sabe? fica tranquila <3
Que delicia de texto, estava pensando sobre isso hoje. Eu andei me cobrando demais, na minha cabeça só vinha a ideia de que eu precisava ser ativa no instagram porque o algoritmo pede isso e tudo mais, mas não é assim que as coisas funcionam, então me acalmei e estou fazendo tudo no meu tempo e do meu jeito, não adianta postar só por postar, sinto que não é aquilo que eu quero passar. Enfim, amo seu blog e amo todos os seus textos. <3
isso, Leticia! faz as coisas no seu tempo, com calma… não tem porque correr, sabe?
Oi, Maki! Nossa, me identifiquei muito com essa sua reflexão. Eu ainda sou nova na ‘blogosfera’ (essa palavra ainda existe? rs), mas uma coisa que eu sempre tento manter em mente é a ideia de curtir o processo, para que escrever e produzir um conteúdo seja tão delicioso quanto colocar ele no mundo. Inclusive por isso eu não me interesso por iniciativas no estilo do BEDA, embora eu admire quem abraça a ideia. Eu acho que muita qualidade se perde quanto a gente faz as coisas pela obrigação de fazer todos os dias, sabe? E junto com ela também se vai a nossa paz de espírito e o prazer de fazer as coisas. Pelo menos essa é a minha percepção, e é o que eu noto que sinto quanto me pressiono a produzir apenas “porque sim”. Enfim. Adoro o jeito que você escreve, é aconchegante demais. Grande beijo <3
Carol, super entendo o que você tá falando. acho que a gente tem que fazer o que deixa nosso coração feliz mesmo, mesmo que seja postar todo dia. a questão, acho, é um posicionamento nosso mesmo. eu tô postando todo dia porque é algo que eu quero mesmo fazer e que eu sei que vai ajudar as pessoas, ou porque eu quero alguma coisa com isso? (que seja entrar na hype, né?) tudo parte de propósito, né?
Obrigado por esse texto. ♥
❤️ brigada você!
Até salvei o post para reler mais tarde, viu?
Vários pontos nele me tocaram, vou citar dois: aceitar que não vou fazer tudo o tempo inteiro (um desafio e tanto pra mim) e fazer as coisas que gosto. Sabe, eu tava até pensando no quanto temo não estar sendo autêntica na vida (e online), então fico oscilando entre “amo a internet” e “quero desaparecer da internet” quase o tempo todo. Mas é um aprendizado constante, não é? Tenho buscado mais conteúdo que faz bem ao meu coração, que se afinam com a vida que quero levar, e tem os dias de silêncio também, que ensinam tanto. 🙂
Abraços! 🤗
leia quantas vezes precisar, Evana ❤️
Oi Maki! Já gosto dos seus textões ! ♥ Apesar de eu não comentar muito por aqui. Rs’ As partes que mais me chamaram a atenção foi quando tu disse que devemos nos comprometer com o que conseguimos fazer e a parte que temos valor sim. ♥ Xero
sim! muitas vezes, a gente nem pensa nisso, né?