inspiração

Muitas coisas passaram pela minha cabeça quando eu cortei o meu cabelo curtinho. ‘Finalmente!’, ‘Não acredito que tô fazendo isso!’, ‘Até que enfim tô tirando esse peso de mim’. Mas nunca pensei que eu estava ‘deixando de ser bonita’ por causa disso.

Pelo contrário. Eu nunca me achei mais linda. Eu senti uma mudança que foi muito além do meu cabelo. Uma mudança de mentalidade. E eu me olhei no espelho pela primeira vez e vi como eu sou linda. Independente do comprimento do meu cabelo.

O cabelo curto, os rótulos e a mudança do mundo

Apaixonada com essa foto sim ou sim?

Dentre os vários elogios que eu recebi (muito, muito, muito obrigada! ♥), apenas uma pessoa fez um comentário que poderia – mas não foi – ser interpretado errado: ‘Nossa, agora você tá mais parecida com um menino’.

Isso me fez pensar. Eu sempre tive um problema com a minha imagem, porque não achava que era bonita ou feminina o suficiente. Mas agora que eu não tenho o cabelo longo e ondulado que eu sonhava ter, eu me sinto tão mais em contato com quem eu sou de verdade que isso não tem importância.

A loucura do mundo é que ela inventou rótulos. Você é menina, você é menino, você é branco, você é negro, você é judeu, árabe, brasileiro, indiano, japonês. É como se rolasse um formulário ainda no útero, onde você assinala um monte de caixinhas definindo quem você é.

É bem isso mesmo, a gente se prende em um monte de caixinhas. Nós ficamos tão ligados a esses rótulos que a gente acaba se confundindo, acreditando de verdade que eles definem quem a gente é.

Essa semana eu vi um vídeo maravilhoso, que fala exatamente sobre isso, e sobre como a gente usa essas ideias pra ficar afastado dos outros, pra criar uma barreira, uma forma da gente ser ‘diferente’ do outro:

Todas as guerras se iniciaram por causa de rótulos.

Olha que potente essa frase. Todos os conflitos começaram por causa de um rótulo. Porque você se vê diferente do outro de alguma forma.

Eu trabalho com moda, então vejo muito de perto essa necessidade de ser diferente. De ser mais criativo, de pensar no novo a cada momento, a cada segundo, a cada temporada. Mas eu também tô vendo uma mudança incrível, em que a linha entre dois dos rótulos mais poderosos, o feminino e o masculino, estão se dissipando.

E daí que eu quero usar uma camiseta masculina? E daí se um cara quer usar saia? Isso importa mesmo? Isso muda alguma coisa? E daí se eu quero ter o cabelo curto, mas aquele meu amigo prefere ter um cabelão? Qual o problema disso?

A gente usa essas ideias pra se distrair, pra olhar pra elas e falar ‘olha só, você é diferente mesmo de mim!’. E aí a gente julga. E aí a gente se sente mal, porque a gente faz isso pra ser aceito de alguma forma, mas a gente já sabe que tentar ser aceito é apenas se encher de mentiras sobre você mesmo.

Eu podia ter usado o meu cabelo pra passar mal (de novo). Podia ter pensado: ‘Pouts, será que agora eu vou ter que usar mais batom? Vou ter que usar mais saias, decotes? Será que eu vou ter que me esforçar pra fazer as pessoas entenderem que eu sou mulher? Pra ficar mais feminina?’. Mas eu não preciso de nada disso.

Eu já sou aceita exatamente como eu sou. E se eu quiser usar roupas masculinas, tá tudo bem. Isso não muda a minha essência. Aliás, a Zara – mesmo que meio torta – e a C&A tão aí pra provar que essas linhas estão cada vez mais tênues, e que daqui a pouco elas vão desaparecer. Porque quando todo mundo entender que a Vida é uma só, esses rótulos vão deixar de ter qualquer sentido.

Depois que cortei o cabelo, eu percebi que sempre me vesti de uma forma mais ‘masculina’: muita calça, camiseta, tênis… E tudo bem. Repito: isso não muda nada. Olha que libertador pensar que o que você veste ou como você corta o seu cabelo não tem efeito nenhum na Vida! (e não tem mesmo!)

Pela primeira vez eu pensei que não estava preocupada com um rótulo, e não tem porque estar mesmo, eles são só isso, rótulos, palavras que a gente aceitou como verdade. Não vou mentir, precisa de coragem pra sair dessa cilada, mas eu garanto que vale a pena.

Você já se confundiu com um rótulo?

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Escrito pelaMaki
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10 Comentários
  1. KARINE  em abril 05, 2016

    Que texto maravilhoso, Maki! Assim como esse seu cabelinho novo que tá uma graça ♥ No final o que vale é como nos sentimos em relação as coisas e não os rótulos que as pessoas teimam em ficar colocando. Quando a gente se sente bem, parece que ficamos muito mais bonitas, né? Não só aos nossos olhos, mas pra todo mundo.

    • Maki  em abril 06, 2016

      Nossa, com certeza! Quando a gente tá em contato com quem a gente é de verdade, sem esse monte de rótulo na frente, a gente fica mais bonita, mais alegre… Mais a gente mesmo! É incrível ♥

  2. Chell  em abril 01, 2016

    Maravilhoso. Eu já cortei um pouco mais cumprido que o seu, mas ainda sonho com ele mais e mais curto. É lindo! Libertador!! E não liga pros outros não. Já ouvi muita coisa por ser como sou =/muitos rótulos errados.

    • Maki  em abril 01, 2016

      Nossa, é libertador demais mesmo! E não dá pra se prender no que as pessoas falam da gente. A gente deixa de viver mesmo =/

  3. Aline  em março 31, 2016

    Maki, seu cabelo ficou LINDO e eu concordo com tudo o que você disse no texto sobre os rótulos. Mesmo porque qualquer mulher quando fala pra alguém que vai cortar o cabelo curto ouve todo tipo de argumento para não cortar. Mas pera! Tá errado! As vezes você sempre amou cabelo curto, mas não sabia ainda… São esses rótulos e julgamentos bobos que nos prendem as asas. E que nos separam de nós MESMOS e dos outros.
    O texto ficou lindo e o vídeo me fez Chorar!
    Um beijo, Maki!

    • Maki  em março 31, 2016

      Exatamente!! A gente acha que esses rótulos definem quem a gente é e deixa de fazer um bocado de coisas só por causa disso, porque acha que não vai se encaixar direito na caixinha. Não, né? Não tem nada a ver isso!
      Eu também chorei com esse vídeo. Ele é lindo demais!

  4. BIANCA  em março 31, 2016

    Amei essa postagens em níveis que você nem vai entender. Você ficou linda, de verdade, e usou essa beleza pra espalhar uma mensagem muito importante e que precisa ser dita.
    Adorei o video que separou. Alguém precisa fazer uma música usando aquelas palavras; sério.
    Amei demais.
    OBRIGADA.

    Beijos,
    Bi.

    http://www.naogostodeunicornios.com

  5. Grazy  em março 31, 2016

    Maki!!
    Não sei se lembra d meus poucos comentários, mas t acompanho há um booom tempo já. Não tenho muito tempo d parar pra comentar seus belos posts como gostaria, mas precisava t dizer q estou muito feliz por vc, pelo seu progresso e todas as coisas boas q tem acontecido com vc e por sua causa. O cabelo eh algo tão relacionado a nossa personalidade q muitos criam esses rótulos como uma forma de padronizar ou definir alguém. Mas eh libertador poder expressar o q somos, seja na roupa, no cabelo, na make, no sorriso ou no silêncio. Que nada disso defina o que somos, mas que possamos encontrar nosso lugar no mundo. E que seja pro bem, pessoal ou coletivo! Te admiro, continue sendo essa pessoa linda q vc eh. Bjs

    • Maki  em março 31, 2016

      Oi, Grazy!
      Claro que lembro ♥
      Poxa, é tão incrível ler isso, sabe? É muito bom mesmo e é isso que me motiva a encontrar esse lugar dentro de mim e continuar dividindo essa mensagem com vocês que me leem! E você tem razão, o cabelo é tão ligado à personalidade que a gente acaba acreditando que ele define quem a gente é. Se eu continuasse pensando assim, estava perdida!
      E a gente tem que compartilhar quem a gente é mesmo, de verdade verdadeira, porque isso reverbera no universo inteiro.
      Obrigada ♥ de coração!