cotidiano

A ideia de tomar antidepressivos sempre me assustou. Eu sabia que estava mal e sabia que precisava de ajuda, mas nunca pensei que chegaria ao ponto de precisar de medicamentos. Para mim, esse nível sempre pareceu o mais extremo, algo do tipo ‘não consigo sair do poço sozinha‘.

Quando minha terapeuta falou sobre o assunto pela primeira vez, fiquei assustada e recusei ir a um psiquiatra. Mas chegou um momento em que foi inevitável. Meu humor variava muito em um único dia e isso me fazia sofrer demais, além de atrapalhar o meu rendimento na terapia. Eu não evoluía.

remédios-para-depressão

Então, meses depois de começar o tratamento terapêutico, fui ao psiquiatra e ele me passou o diagnóstico final (transtorno depressivo) e um medicamento que deveria ser tomado em uma dose de adaptação por 5 dias e depois em uma dose pequena por 6 meses, no mínimo. Naquele dia, chorei muito. Eu finalmente entendia como estava mal e como eu não podia mais adiar e evitar qualquer tratamento que me ajudasse a melhorar. Sozinha eu realmente não conseguiria sair dessa.

Também entendi outra coisa, que o meu psiquiatra fez questão de deixar bem clara: só o remédio para depressão não iria me curar. Ele é apenas uma muleta que ajudaria – e ajudou – com as minhas variações de humor. O resto seria por minha conta.

Muita gente coloca na cabeça que o remédio é a salvação, porque os efeitos são bem visíveis (para mim, pelo menos, eles foram), ou que eles são o demônio, porque viciam e alteram o peso. Por isso mesmo, é importante seguir o receituário a risca e continuar com o tratamento via medicamento mesmo quando você acha que está muito melhor, pois parar abruptamente tem tantos efeitos colaterais quanto tomar a tal pílula branca. Meu psiquiatra explicou que interromper o consumo do remédio aumenta em mais de 50% as chances de os sintomas da depressão voltarem, e a mesma coisa acontece se eu parar com menos de um ano de ingestão. Mas de nada adianta você se encher de medicamentos, se não mudar a sua forma de pensar e se não se cuidar.

Por isso mesmo, eu, por exemplo, continuo indo semanalmente à terapia, e percebo a cada dia como esse acompanhamento é importante. Aliás, tenho para mim que a terapia é algo que todo mundo deveria fazer, por ser uma forma de autoconhecimento, mas isso é mesmo uma questão de escolha e não de obrigação.

Além disso, fui atrás de outras formas de ajuda e comecei a frequentara Coexiste, minha maior base de apoio e mudança da mente no momento, e passei a falar abertamente sobre o assunto aqui no blog.

Ah, e depois de relutar (e de muita insistência da minha terapeuta), eu finalmente comecei a fazer exercícios, que dizem ser críticos para a melhora do quadro depressivo. Segundo alguns estudos, a prática de exercícios aeróbicos de três a cinco vezes por semana é essencial para uma melhora completa, e em casos mais leves, só a rotina de exercícios é capaz de melhorar – e muito – os sintomas de uma depressão. Outros comentam também sobre a relevância da ioga para o tratamento (era o meu plano inicial, começar a ioga, mas adotei a academia por conta do orçamento). A questão é que ambos exercícios ajudam com os níveis de serotonina no organismo, que regula o sono e o humor. A ioga ainda vai além, controlando a respiração.

Eu já tive muito medo de tomar remédio. Hoje vejo que ele é, de verdade, só uma muleta, um impulso para me levar à meta final. E, com certeza, ele não será eterno. Meu objetivo é tomá-lo apenas pelo período indicado de 1 ano (já passei dos 5 meses, uhul!) e manter a mudança com a transformação da mente, do meu modo de pensar.

O essencial de tudo isso é saber que para tomar um remédio desse tipo (que tem um receituário especial e só pode ser vendido com retenção da receita – ou seja, você ganha duas vias: uma fica na farmácia e a outra você guarda) e parar saber o que é melhor para você é preciso um acompanhamento profissional. A minha terapeuta foi a minha melhor amiga no começo desse processo e agora eu aprendi a necessidade de abranger o leque para uma recuperação total!

E força, porque o remédio é só um lado da moeda!

 

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Silvara Araújo  em julho 21, 2015

    Maki, que texto importante! Já faz algum tempo que percebi que sofro com ansiedade, mas recentemente passei por uns momentos ruins e fiquei me questionando se sofro de depressão. Chorava o tempo todo e me via como a pior pessoa do mundo, até as coisas boas que aconteciam comigo eu achava que logo, logo daria um jeito de estragar, sabe? Horrível. Até hoje não consegui ir a um psiquiatra, nunca consigo marcar consulta e acabo desistindo 🙁 o diagnóstico do transtorno é feito na hora? Queria muito saber mais sobre. Um beijo e te desejo muita força!

    • Maki  em julho 21, 2015

      Oi, Silvara, tudo bom? Que bom ver o seu comentário por aqui.
      Então, eu não posso, de maneira alguma, dizer o que é melhor para você. Mas a minha sugestão seria que fosse à um psicólogo antes. Faça algumas consultas e se ele achar que é necessário, aí sim vá à um psiquiatra de indicação dele (não sei se é isso que você fez/faz). Foi o que eu fiz e acho que foi a melhor coisa. Apesar de ter demorado para começar a tomar o remédio, eu já estava fazendo o acompanhamento terapêutico e isso é meio caminho andado. O meu diagnóstico veio na hora porque a minha terapeuta conversou com o meu psiquiatra antes da 1ª consulta, ou seja, o psiquiatra estava bem a par do meu caso e sabia quais sintomas buscar. Mas não desiste não! Saúde mental é importantíssimo e você precisa cuidar disso para ficar com você mesma e poder aproveitar a vida da maneira como ela merece ser aproveitada!
      Um beijo e forças pra você também!