cotidiano

Já comentei que a semana passada foi complicada. Mas confesso que, esses dias, estou colocando muito mais pingos nos ‘i’s do que imaginei que faria.

Na terapia, na segunda-feira, eu comentei sobre como não sabia de que maneira me colocar por completo nas coisas que eu fazia. Sabe aquela sensação de se dedicar completamente à alguma coisa, de ter certeza que está fazendo aquilo com todo o coração? Eu não sei ainda como fazer isso. Como estar presente.

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É aquela velha história, quando a pessoa passa tanto tempo desconectada de si mesma, é, de verdade, complicadíssimo voltara ter essa ligação com o seu Eu superior, com o que você é de verdade. E eu passei a minha vida inteira até agora me distraindo de mim mesma.

Imagina o baque em perceber isso, ?

Mas eu não sou a única. Todos estamos desconectados de nós mesmos, muito preocupados com o deadline, o curso, os encontros, os amigos, as contas, o salário e a inflação para prestar atenção naquela vozinha que vem lá do fundo pedindo um pouco mais de atenção, de amor, compaixão e, principalmente, de perdão.

Sempre fui uma pessoa que cobra demais de si mesma, e quando percebo que preciso mudar alguma coisa, fico obcecada, a ponto de perceber cada deslize e, claro, usá-lo contra mim. Mas deveria ser o contrário, entendem?Puxa, que bom eu eu percebi que preciso voltar a ser presente, a não me distrair como que quer seja e ter consciência do que eu estou fazendo e como estou fazendo. E não usar os meus ‘não consigo’s como mais uma arma para o constante auto-ataque.

Sinto que a minha maior dificuldade é me fazer presente (de verdade verdadeira, e não apenas no sentido de ‘estou aqui escrevendo‘) é no trabalho. Me distraio tanto, deixo a correria tirar a concentração de mim mesma, do que eu estou escrevendo em prol de uma produtividade que não me diz respeito. Afinal, eu trabalho para os outros ou para mim mesma? (dica: se você respondeu ‘para os outros‘, como eu mesma fiz há um tempo, a resposta está errada).

E olha que loucura! Eu ando tão desconectada que nem mesmo consigo exercer a profissão que eu escolhi para mim com plenitude! E se isso, que é algo que eu ‘tenho que‘ fazer todos os dias por uma questão prática – afinal, eu preciso de dinheiro para comer, por exemplo -, imagina com os projetos que eu tanto quero desenvolver?

Nada sai do papel porque eu vivo uma vida pela metade.

Lembro claramente dessa frase que disse para a minha terapeuta essa semana, enquanto discutíamos o assunto: ‘Mas eu tô pela metade em tudo!‘. Como mudar esse padrão? Como me fazer presente, me colocar de corpo e alma no que quer que seja?

Começando pequeno é claro.

Minha terapeuta me aconselhou a treinar essa minha presença nas seis horas de trabalho, mas achei isso um pouco complicado demais, porque eu tenho outras questões pendentes em relação a isso. Preferi começar com uma coisa mais leve, o café da manhã, e evoluir a partir daí. Tem tudo ver com o ‘prestar mais atenção em mim’, entendem? Perceber o que eu estou fazendo, na hora que estou fazendo e não deixar a minha mente me levar para longe, pensando em outras coisas que não tem nada a ver com o que eu estou vivendo no aqui e agora.

Alguns momentos são mais fáceis que outros. Tem horas que o meu corpo trava uma verdadeira batalha tentando me distrair. É a posição que não tá certa, eu tô sentindo fome (mas acabei de almoçar!), bate aquela dorzinha de cabeça, é a voz de alguém que tá muito aguda hoje, é o ar-condicionado que tá muito frio, é o dia que tá corrido.

E aí, quando eu chego em casa, são outras mil distrações que ele encontra: a TV da minha avó que está alta demais, a inspiração que simplesmente não vem, aqui dentro tá muito gelado, eu tô tão cansada do trabalho, ‘ai, vou ver só um episódio de série para relaxar’. E quando eu vejo são 9 horas da noite e eu não fiz nada do que gostaria de fazer porque deixei a mente me distrair e me levar para longe da minha missão: o amor. Por mim mesma e pelo outros, e que me impediu de levar esse sentimento além. ‘Puxa, que difícil que é viver,não é mesmo?‘, dizem muitos com ironia.

Na verdade, é muito fácil, a gente é que cria um milhão de empecilhos para vivermos pela metade, muito ocupados com coisas que não tem sentido algum para prestar atenção no que vale a pena mesmo. E aí chegamos ao fim da vida (quando quer que isso seja) e só o que passa pela cabeça é o arrependimento de não ter feito mais. Ou talvez ‘fazer mais‘ não seja o correto e, sim, fazer melhor. Melhor no sentido de tirar a cabeça das nuvens e prestar atenção nos mínimos detalhes do dia a dia e a alegria de viver rodeado de coisas maravilhosas que a nossa mente é muito egoísta e mesquinha para perceber.

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Escrito pelaMaki
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