cotidiano

Lendo aquele texto do Estadão que fala sobre a juventude escrava da própria carreira, me peguei pensando sobre como, apesar de nos denominarmos uma geração muito mais livre, ainda nos mantemos presos nas pequenas coisas.

Para alguns (inclusive para mim, por um tempo), o emprego dos sonhos era a meta. Eu queria um trabalho que fosse na área que eu mais gostasse (moda), na mídia que eu mais gosto (revista), com benefícios maravilhosos, como viagens esporádicas ao exterior (à trabalho e à lazer, claro), um(a) chefe maravilhoso(a) e compreensível, um ambiente de trabalho criativo, liberdade para escrever sobre o que eu quisesse…

emprego

Deu para perceber que eu não vou encontrar esse trabalho em lugar nenhum, certo? Ele não existe, nem nunca vai existir. A verdade é que eu joguei as expectativas do que seria um trabalho incrível lá no alto, e absolutamente nada do que eu fizer além disso vai corresponder à imagem na minha cabeça. Ou seja, eu sempre vou ficar frustrada.

Ouvi dizer certa vez, ou então eu li em algum lugar, que o trabalho dos sonhos é a gente que cria. E eu acredito muito nisso, em partes. Porque a verdade é que todo trabalho tem um lado bom e o lado ruim. As horas extras e a loucura do fechamento para revistas, o imediatismo da cobertura pela internet, impostos descontados do salário, lidar com pessoas de mal humor, gerar uma equipe, e assim vai.

O emprego dos sonhos é a gente cria porque mostra a nossa capacidade de amar toda e qualquer atividade que a gente faça, independente do que seja. Se for um empreendedor de primeira viagem, que nunca soube gerir uma empresa, então tem que aprender não só a fazer a parte legal, que você gosta, mas também a lidar com dinheiro, clientes, banco, contador, pagamentos, fornecedores… Com certeza, sempre vai ter uma coisa chata para fazer.

A conclusão que eu cheguei é que a busca pelo emprego dos sonhos nos tirou de visão o que importa de verdade: o momento presente, o que fazemos agora e como fazemos. Exercer qualquer atividade com amor é a melhor sensação do mundo, porque, independente da atividade em questão, você percebe que a fez com o melhor de si, prestando atenção naquele momento, sentindo o que aquilo proporciona.

Não é um hábito fácil de se adquirir. Estamos tão acostumados a dividir a raiva, o ódio, as reclamações, que sentir amor na hora de pegar a fila do banco na hora almoço pode parecer até impossível, mas tente exercitar a mente para prestar atenção no que você sente naquele momento, e transformá-lo em algo bom, ao invés de mais um empecilho na sua já complicada vida.

O emprego dos sonhos não existe porque a gente espera demais, e esquece de admirar o que já tem.

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Escrito pelaMaki
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