cotidiano

Outro dia fui pensar sobre um assunto e… E nada. A verdade é que sou uma pessoa desprovida de ideias. Sabe como é? Você senta na roda de amigos, no bar mais próximo, e percebe que não tem nada a dizer sobre o assunto do momento.

Eu não sou uma pessoa criativa. Quer dizer, existem pessoas que tem ideias mirabolantes, maravilhosas, que mudam o mundo… Já eu não. Tenho pouquíssimas ideias e, quando elas aparecem, são aqueles pensamentos repetitivos e engraçadinhos que, na verdade, servem apenas para divertir o grupo em meio à uma sessão de brainstorming.

ideias

Falando em brainstorming… Mal sei o que é isso. Me dê uma folha em branco e veja a fumaça sair pelas orelhas, uma reação imediata à pressão que é inventar qualquer coisa que ocupe aquela tela em branco. Aliás, nem me fale em telas, porque se pensar ideias aleatórias já é difícil, imagine criar uma verdadeira obra de arte.

Eu não tenho ideias. Sou uma pessoa que não tem ‘esse tipo de criatividade‘ porque, sabe como é, nem todos podem ser gênios criativos. Minha cabeça é como um céu nublado, nuvens amorfas voando de um lado para o outro, sem rumo, sem nunca dissolver em grossas gotas de chuva nem dissipar com a presença do vento forte.

Minha cabeça é vazia de ideias porque minha mente nunca teve muito tempo parar digerir direito aquilo que come. Convenhamos que a velocidade e a voracidade do mundo atual pouco espaço deixa para a boa digestão de inspirações.

Diz Austin Kleon que “você é a soma de suas influências“, mas, realmente o que é uma influência? Seriam os livros que eu engulo sem pensar muito bem onde começam e quando terminam? Os seres criativos – de verdade – que eu acompanho através de 140 caracteres? As manchetes que eu casualmente leio, sem grande profundidade, enquanto corro em direção ao ponto de ônibus todos os dias pela manhã?

Sou desprovida de ideias porque, provavelmente, nunca parei para cheirar as rosas e observar a perfeição de suas pétalas, ou para sentir o gosto daquele macarrão com presunto de parma que eu comi naquele restaurante naquele lugar que eu nem lembro mais onde é. Daquele dia lembro só do sol de inverno aquecendo com paciência o meu corpo enquanto em comia talvez o prato mais bem feito que já vi na vida.

Sou tão sem ideias que até escrever este post foi um parto. Senti, no fundo da minha mente, surgir uma luz morna, fraquinha, que entre um piscar e outro dizia ‘olha pra mim, eu sou uma ideia!‘. E eu relutei a olhar, a princípio, até que me dei conta que talvez perdesse mais uma oportunidade incrível e corri feito uma alucinada atrás da luz, que insistia em fugir de mim. Gritava ‘Ideia, volta aqui, eu preciso de você!‘, mas ela me fez sofrer até que, enfim, conseguisse segurá-la forte com as duas mãos e passá-la para este papel metafórico.

Queria ter mais ideias sobre mim, sobre você, sobre o país e sobre o mundo. Queria transformar uma folha em branco em uma mandala de mil cores daquelas que você quer enquadrar de tão bonita. Queria fazer retratos em carvão em uma praça qualquer e queria ter o tipo de criatividade que faz as pessoas falarem ‘Puxa, queria ter ideias assim!‘.

Queria ter mais ideias, mas na falta delas, coloco pensamentos aleatórios no mundo, esperando que algum deles grite que sim!, eu fui criativa, ou que, simplesmente, desanuvie esse céu multicolorido e traga de volta o olhar tecnicólor da criança que eu deixei para trás.

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Marília Galdino  em maio 11, 2018

    Tão eu… a única diferença: nunca conseguiria escrever um texto assim, principalmente sobre mim. Sou desprovida de ideias… totalmente!

  2. Nataly  em abril 14, 2015

    Me identifiquei com o post desde o primeiro parágrafo ao último. conseguiu traduzir uma coisa que martela a minha cabeça muitas vezes, a ausência de ideias.