escrita criativa

quando eu era mais nova, desenvolvi uma mania um tanto quanto estranha: eu comecei a escrever os meus diários em japonês. acredite, longe de mim saber tudo da língua ou como, de fato, se escrevia em japonês. mas eu tinha uma apostila com alguns caracteres básicos que ganhei de uma amiga (de ascendência japonesa) e a gente brincava de aprender juntas. daí, chegava em casa, juntava as sílabas em português nos caracteres em japonês e, voilá, todo um diário escrito desse jeito absolutamente torto.

o mais curioso era que, enquanto eu fazia essa ginástica mental, outra coisa muito maluca acontecia: eu criava histórias e mais histórias na minha cabeça que dificilmente conseguia colocar no papel. às páginas, ficavam reservadas as minhas experiências como uma criança de sentimentos bastante complexos. eu sempre amei escrever, mas sempre me mantive no âmbito das minhas próprias experiências e de como colocá-las da melhor forma no papel (claramente, não era em japonês).

tô falando de tudo isso porque no final da semana passado eu recebi uma pergunta no Instagram: como eu faço pra descobrir o que eu mais gosto de escrever? e a verdade é que não existe uma resposta certa pra isso, uma receita de bolo. mas a gente pode encontrar um caminho juntos.

na literatura é bem fácil a gente encontrar um gênero que mais gosta, né? tem quem ame livros de fantasia e só lê isso. tem quem goste mais dos livros young adults, que exploram a formação do caráter e os primeiros romances adolescentes (eu mesma). tem quem curte livros de terror e suspense e quem é doido por livros técnicos. enfim, tá dando pra entender onde eu quero chegar com isso, né?

com os livros é fácil a gente encontrar uma conexão entre as nossas leituras. nem sempre elas ficam 100% claras, mas, se você observar, consegue perceber que o que você lê tem um mesmo fio condutor. tanto que livros dentro de um mesmo gênero podem ser mais legais ou menos legais, segundo o seu gosto.

eu, por exemplo, amo YA, mas também amo livros de autodesenvolvimento. o que significa que eu amo quando o escritor se coloca no texto junto com o leitor, compartilhando experiências e contando o seu ponto de vista. dá pra perceber, inclusive, a influência que isso tem na minha própria forma de escrever, porque você já deve ter reparado como eu gosto de me colocar num texto, né?

e, ao mesmo tempo que eu realmente gosto de fazer isso, também é cômodo pra mim. é um lugar comum, algo que eu conheço e sei fazer bem. e é bem fácil eu não sair disso também. me manter nesse lugar de escrita e dizer que isso é o que eu mais gosto de escrever e pronto, acabou.

eu não sei se você sabe disso, mas eu escrevi um conto, um tempo atrás. tô ensaiando pra lançar (o que eu espero fazer em breve), mas eu fiz isso. e foi uma experiência muito diferente do que eu tava acostumada, porque eu ainda fiz o que eu mais gosto de fazer – me colocar no texto -, mas de uma forma nova pra mim. e eu gostei.

o resumo dessa ópera você já deve ter entendido. não dá pra descobrir o que você mais gosta de escrever se você não experimentar diferentes gêneros. assim como você nunca vai descobrir o seu gênero literário favorito se não ler coisas diferentes do que você tá acostumado.

e, eu sei, às vezes parece difícil saber por conde começar, principalmente porque a escrita, via de regra, depende só de você. mas se você não tentar colocar no papel uma historinha que seja, uma anedota da sua família, uma sensação que você teve, até uma cena que você sonhou, vai ser mais difícil entender qual é a sua voz.

e eu sempre lembro do Austin Kleon em Roube Como um Artista, aqui, porque ele traz um ponto que é importante e esclarecedor ao mesmo tempo.

no começo, aprendemos fingindo que somos nossos heróis. aprendemos copiando.

e perceba que copiar não é o mesmo que plagiar. no segundo caso, a tentativa é de fazer o trabalho de outra pessoa ser entendido como seu. no primeiro, tem a ver com prática. é você buscar escrever como as pessoas que admira pra encontrar o que e como você mais gosta de escrever.

talvez você já tenha percebido também que tem muito – muito! – de Austin Kleon no meu trabalho.

pois é.

recentemente, estudando sobre a Patti Smith, eu descobri que ela também pensa de uma forma bem parecida ao dizer que quando quer aprender sobre escrita ela lê os escritores que admira. é o mesmo raciocínio, porque nós somos feitos das referências com as quais nos cercamos, sabe? então, para descobrir o que você mais gosta de escrever, talvez o segredo seja observar primeiro o que você mais gosta de ler e, depois, praticar.

e esse é o loop criativo que a gente mais gosta, né?

ah, e tem aquele detalhe: praticar junto com outras pessoas e seguindo um direcionamento é sempre mais fácil, né? então, fica aqui o convite pra você fazer parte do navegantes, o nosso clube de escrita. lá, você pode praticar a sua escrita com exercícios mensais e bate-papo sobre depois – e todo texto entregue recebe um feedback meu! legal, né?

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Escrito pelaMaki
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1 Comentário
  1. Emerson  em dezembro 08, 2021

    Texto inspirador! Adorei lê-lo.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia