rotinas com afeto

tal qual aquele post sobre relatos pandêmicos, sinto que, hoje, precisei caçar na minha mente alguma coisa pra dizer. não que isso seja um problema, mas sabe quando você passa o dia inteiro procurando qualquer coisa que tenha chamado a sua atenção e dê aquele estalo de “isso poderia virar um post”?

observações intencionais

então, não aconteceu. por isso, decidi fazer o tipo de coisa que o meu mestre Austin Kleon faz com frequência (talvez só não assim, de forma ativa), e escrever um pouco sobre um exercício que tenho feito de observações intencionais.

acho que já falei sobre isso mais vezes do que gostaria de confirmar: prestar atenção faz parte do processo de escrita e criatividade tanto quanto qualquer outra coisa.

curiosamente – e por pura curiosidade -, decidi entrar no blog do Austin pra ver se alguma coisa me ajudava a acender a chaminha da escrita e – veja só! – o primeiríssimo post da lista, publicado no dia 28 de setembro era justamente sobre… prestar atenção.

(se isso não é prova de que estamos conectados, eu não sei o que é.)

tem um trecho do post dele que diz o seguinte:

rebobinar a sua atenção, para muitos de nós que cresceram nos dias mais selvagens da web, significa retomar maneiras antigas de estar presente.

tenho pensado muito sobre isso também porque em Sem Esforço o Greg McKeown fala sobre manter o foco em uma única coisa ao invés de várias ao mesmo tempo (o que, vamos combinar, é impossível). ele, inclusive, dá alguns exercícios pra gente experimentar e fiquei chocada ao perceber que, de fato, minha mente se desacostumou absolutamente a ler um texto do começo ao fim na internet. é quase um esforço hercúleo me manter concentrada no que tá escrito na página e ler o texto até o final.

bem curioso pra uma pessoa que se auto-intitula escritora e posta textos longuíssimos num blog, né?

mas eu tenho tentado. tenho me comprometido a tentar ler aquela legenda até o final, aquela matéria até a última palavra. a não mudar de aba enquanto leio. a rebobinar a minha atenção e procurar o que realmente me interessa, o que me trouxe aqui pra começo de conversa.

ainda não tenho respostas (e talvez nem precise ter), mas tenho uma parede cheia de post-its no meu quarto com um caminho do porquê estou aqui e no que eu tenho preferido prestar atenção. é tudo um processo. e processos, veja só, são o caminho inteiro. e, sendo o caminho inteiro, eu prefiro que sejam felizes e cheios de atenção.

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Bianca  em janeiro 26, 2022

    VOLTEI. após um longo período afastada de praticamente todos os criadores de conteúdo da internet agora estou me atualizando em tudo.
    eu confesso que tenho um problema com atenção, eu sou geralmente alheia ao que chama a atenção geral e foco em certas coisas que passam batido. e o que você falou sobre ler textos longos foi tão certeiro, acho que se eu não vou direto com a mentalidade de “agora vou ler um texto longo, um blog ou um livro” eu só NÃO CONSIGO, quero uma coisa curta e concisa. mas as vezes é só exigir demais que alguém resuma o que tem pra falar com aquele conteúdo em só duas linhas né?

  2. Emerson  em outubro 27, 2021

    Incrível reflexão!

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

  3. Lola Hurricane  em outubro 14, 2021

    Acredito que o estar presente e prestar atenção no que se faz é quase um casamento. É a sua atenção dizendo que ela renuncia todos os outros estímulos para ficar só com aquele texto ali, ou com aquele momento. Nas poucas vezes que fui capaz de tal proeza, eu me senti muito feliz e realizada. Tudo compete pela nossa atenção hoje em dia, principalmente as redes sociais onde o estímulo é rápido, porém volátil.

    Beijos! Gostei das suas fotinhas 🙂

    Lola Hurricane
    http://www.lolahurricane.blogspot.com

  4. Masha  em outubro 13, 2021

    Essa ideia de rebobinar a atenção é sensacional. Infelizmente não funciona para mim, ao menos não sem medicação, mas é uma ideia muito bacana.

    Hoje em dia se fala muito em todo mundo ter um pouco de TDAH e sobre como a tecnologia tem aumentado sintomas, a verdade é que sim, a tecnologia pode piorar os sintomas, mas não, não é todo mundo que tem “um pouco de TDAH”, porque isso de se perder em abas e mais abas é meio que o design da internet em si né, não tem nada a ver com um distúrbio do neurodesenvolvimento, auehauhe. Só é ruim pra quem não tem, pior pra quem tem.

    Adorei esse final sobre processos, porque no fim das contas é bem isso mesmo. Tudo é processo. Histórias são processos, pessoas são processos. Esse pensamento é uma das coisas que me fez me apaixonar pela minha área (psicologia), haha.

    Beijinhos!