rotinas com afeto

eu acordei por seis dias com a luz do sol. isso não é nada místico, nem desconhecido, mas pra mim foi uma novidade. acordar com o sol forte batendo no quarto ao invés do despertador gritando na minha orelha. acredite, eu sou o tipo de pessoa que coloca o despertador pra tocar até nas férias, então você imagina a loucura que foi perceber que eu consigo acordar num horário ok mesmo sem o bichinho cantando logo cedo. eu acordei com a luz do sol, gente. e foi lindo.

sair da rotina

passei a semana passada inteira numa viagem deliciosa, sobre a qual eu não me canso de falar. e refletindo sobre o que fazer pro post dessa semana do blog, eu pensei que seria importante falar sobre acordar com a luz do sol e não com o despertador. porque, na verdade, a questão não é acordar, mas sair da rotina. e, não, eu não tenho o costume de sair da rotina. nem um pouco. muito pelo contrário, me sinto extremamente apegada às minhas estruturas, certa de que elas são preciosíssimas.

a primeira coisa que eu aprendi é que o mundo não acaba quando a gente sai da rotina. e eu sei que parece bobagem pensar que “o planeta vai implodir” quando a gente deixa de fazer alguma coisa, mas é que eu me apaguei mesmo à rotina como uma forma de manter a cabeça no lugar. desde muito tempo atrás, principalmente na pandemia.

quando a gente fica só num único espaço físico, convivendo com as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas, sair um passinho da linha parece uma coisa gigantesca, e dá até um pouco de medo. sei lá, eu evitei fazer isso por muito tempo. algumas vezes conscientemente, outras, sem nem perceber. vou me manter aqui no meu quadradinho seguro e esperar a tempestade passar (não tava chovendo).

então, viajar e me ver catapultada pra fora da minha rotina, tão milimetricamente calculada, foi uma coisa maravilhosa. foi bonito. eu não lembro se alguma vez na vida acordei só porque o sol tá batendo no meu rosto, e não porque eu to atrasada pra alguma coisa, nervosa porque eu vou ser a última a acordar ou preocupada com outra bobagem qualquer. não teve isso. teve sono. e sol. e a vontade de levantar.

tô falando um monte de acordar com o sol, mas nesses seis dias longe de São Paulo eu sai da rotina muitas vezes. não comi minha saladinha de folhas verde-escuras obrigatória no almoço. aliás, não almocei pontualmente ao meio dia – teve um dia que comi eram quase quatro da tarde (o horror!) -, nem jantei às sete da noite. não lavei o cabelo todos os dias, e tomei menos café do que o costume. comi muito mais coisas gostosas também. um bolinho aqui, um chocolatinho ali, um tiramussù maravilho acolá.

também não tô contando tudo isso pra fazer inveja em ninguém, mas porque a segunda coisa que eu aprendi é que sair da rotina é necessário e alimenta a criatividade. eu não sei dizer o efeito que passar esses dias em contato com a natureza, sem horário pra muita coisa, só aproveitando o tempo livre que eu tinha, vai ter na minha inspiração. mas já me sinto muito renovada e motivada a fazer o que eu preciso. o que é lindo, considerando o tamanho do bloqueio criativo que eu tive há alguns meses.

percebi que sair da rotina é importante porque me traz novas referências e experiências que vão influenciar o que eu faço dali pra frente. conversei com outras pessoas, vi outras coisas, tive vivências diferentes do que eu tava acostumada, sai do comum, do que eu conheço e isso é lindo. não é como se eu não tivesse viajado no último ano (passei uns dias foras no Ano Novo), mas dessa vez foi diferente. parece que foi mais consciente, sabe? mais presente. sei lá.

a lembrança desses dias fora da rotina vão comigo onde eu for, e eu percebi o quanto é bom e gostoso e divertido deixar um pouco as estruturas de lado pra viver coisas totalmente diferentes. o quanto é importante, sabe? o quanto é bom. o quanto é bonito a gente abrir os olhos pra outras coisas. aliás, se fechar os olhos com força e prestar atenção ainda consigo ouvir o som da água das cachoeiras que visitei, e isso acalma o meu coração e me lembra que existe um mundo além das quatro paredes que conheço.

a terceira coisa que eu aprendi é que voltar pra rotina é ainda mais gostoso do que sair dela. na verdade, voltar vira gostoso só porque eu saí da rotina. ter os meus horários bonitinhos, seguir as refeições segundo a nutricionista passou, (tentar) acordar com o despertador e dormir antes das 23h, observar a vista da minha janela e abraçar o meu cachorro. tudo isso é tão gostoso quanto essa quebra que me alimenta de coisas novas e bonitas. me alimenta também. ter as coisas em ordem é ótimo, mas bagunçar de vez em quando é muito bom e me faz valorizar ainda mais a estrutura que eu tenho.

sei lá, dormir na minha cama, tomar as minhas 3 xícaras de café diárias, almoçar meio dia, jantar às sete, dormir às onze… parece só um mecanismo meio maçante e igual todos os dias (alô, dia da marmota!), mas tem a sua beleza tanto quanto qualquer outra coisa. é bonito sair. mas é bonito voltar. e é bonito manter.

acho que essa é mais uma daquelas reflexões que não tem muito uma conclusão. mas eu queria contar pra você que ter uma rotina é bom, mas sair da rotina é melhor ainda. quando foi a última vez que você fez algo totalmente diferente do programa? e o que você aprendeu com isso? que experiência bonita viveu? tudo o que a gente vive alimenta a nossa criatividade, mas eu sinto que o alimento vem mesmo dos momentos que a gente se permite entrar em contato com o diferente, com o que a gente não conhece, e deixa o mundo contar o que quer saber de você.

bonito, né? também acho.

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Escrito pelaMaki
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5 Comentários
  1. Claudia Hi  em agosto 09, 2021

    Aww que bom que conseguiu dar uma viajada Maki! Nessa pandemia anda sendo raridade. Mas pra ser sincera, das vezes que consegui sair, eu me senti mal. Como se eu estivesse fazendo algo errado e acabei não aproveitando muito…

    Mas o que você comentou sobre voltar a rotina é muito verdade. A gente aprecia muito mais esses momento conhecidos rs Acho que é a parte que mais gosto. haha

  2. Bianca  em agosto 05, 2021

    primeiramente gostaria de dizer que amei acompanhar os registros da sua viagem, sabe aquela sensação de paz e serenidade e “hm, é assim que as coisas deveriam ser”? foi isso que senti.
    sobre rotina, eu já reparei que eu gosto de ter uma com meus pequenos hábitos e rituais mas ao mesmo tempo ter liberdade dentro do dia para viver minhas horas conforme minha vontade e energia. é claro que eu tenho toda essa liberdade enquanto sou vestibulanda. vamos ver como será essa relação com rotina quando estiver cursando a graduação. outra das minhas observações é que eu gosto de sair da rotina e fazer algo inesperado quando sou eu assumindo o controle daquilo sabe? e não imposto por outra pessoa ou condição. acho que a última vez que fiz isso foi ontem quando parei pra ver uma série adolescente com tramas meramente duvidáveis simplesmente pois estava com vontade e me diverti muito assistindo aquele conteúdo de gosto duvidável.

  3. Ana  em agosto 04, 2021

    Inspirador! ♥️✨

    • Maki  em agosto 07, 2021

      amo você ♥︎

  4. aline amorim  em agosto 04, 2021

    eu acho bem legal sair da rotina as vezes… acordar em um horário diferente, comer algo especial no meio da semana, almoçar sanduíche…