queria falar pra você um pouco sobre “contar com as pessoas“. sei que não é comum eu definir o tema de um post assim, mas é que eu tô com o rascunho no meu bloco de notas mental tem uma semana e agora é o momento de só colocar essas palavras no papel – metaforicamente falando, é claro.
sabe, semana passada eu fui lá pra linda Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, participar de um evento incrível chamado HackTown. eu tava a trabalho. fui cobrir o festival pelo Coexiste.Info, mas parece que aqueles 4 dias me transformaram pra sempre – e deve ter sido isso mesmo que aconteceu.
porque lá eu vi potencializar uma coisa que já faz parte da minha vida e que, eu percebi, não é tão comum assim. que é o quanto eu conto com as pessoas e o quanto elas contam comigo.
tipo, lá eu vi coisas acontecendo que não são normais. vi gente trabalhando muito, muito mesmo, sem esperar nada em troca. vi ideias surgindo, outras caindo, outras ainda ganhando corpo. vi mudanças e insistências e desistências. vi compreensão e vi abertura. mas, principalmente, eu vi pessoas contando com pessoas sem nem pensar duas vezes, certas de que a confiança depositada ali era justa. justa não, devida. a confiança era devida.
eu pedia água e ela aparecia. pensava que precisava de um doce e, de repente, ele tava lá. eu pensava em comer e alguém me chamava pro almoço. eu tava a pé e alguém aparecia de carro. eu precisava de ajuda e alguém ouvia o que eu tinha pra dizer. eu falava “ei, faz um negócio assim pra mim, tô correndo aqui e não tô com tempo” e a pessoa fazia. não precisava nem pedir ‘por favor‘.
é tipo a história do Dani com o chá, se eu pensar muito sobre… bom, você já sabe.
mas as pessoas são tão confiáveis que chega a ser ridículo o tanto que a gente desconfia delas. e acho que o jeito que eu vivo é a maior prova disso. porque eu não vivo como as outras pessoas, sabe? e talvez seja o momento mesmo de compartilhar mais a minha vida pra que você entenda que existe outro jeito de viver.
teve um dia que eu tava muito cheia de coisa pra fazer e pedi pra Talita trazer um lanche pra eu comer antes da aula. ela trouxe. era pão com ovo e tava uma delícia.
(pausa: fui atrás do meu bullet journal pra ver se lembrava o que mais aconteceu na semana do pão com ovo da Talita – sei que eram 3 acontecimentos do tipo -, mas não anotei. aproveitei pra fazer mais café.)
o Renan já acordou cedo numa terça-feira pra ir comigo fazer exame de sangue. só porque eu não queria ir sozinha. eu já fui até Jundiaí na festa de casamento de uma prima da Debby, porque ela me convidou com tanto carinho que não dava pra recusar. a Elisa me ajudou com a mudança no começo do ano, porque eu não dirijo, nem tenho carro.
a Bruna já me ajudou com trabalho num dia que eu tava mega enrolada e cheia de prazos estourando na minha cabeça. a Carol também. a Roberta já foi comigo comprar roupa de cama (a Bruna também tava lá!) e esse foi um dos dias mais legais que eu já tive dentro de um shopping. o Sandes fez todo o design do livro que eu escrevi só porque ele acreditava que aquilo era importante (talvez até bem mais do que eu).
falando no Dani e em chá, ele já fez uma xícara pra mim, tarde da noite, porque era tudo o que eu tinha vontade de comer / tomar antes de dormir. o Léo já tirou mais fotos minhas na pausa do expediente do que eu posso contar, e a Gabs já aprovou o meu feed do Instagram tantas vezes quanto me disse “tá faltando você aí“.
eu poderia transformar esse post numa lista infindável de provas concretas do quanto eu posso contar com as pessoas – a Marina já foi comigo cortar o cabelo, e o Renan também já me levou até a casa da minha mãe quando ela ficou trancada pra fora de casa -, mas acho que já deu pra entender.
parece que a gente tem que andar pelo mundo sozinha, na certeza de que não pode contar com ninguém. não é verdade, sabe. mas, talvez, a gente só esteja meio cega pro que tá bem na nossa cara, e xícaras de chá, lanches, caronas e companhias pra exames de sangue já façam parte da nossa vida, a gente só não tá vendo mesmo.
sei lá, eu andei me sentindo com o coração gigantesco essa semana, depois de um evento mais gigantesco ainda onde eu nunca me senti tão junto e tão gostando das pessoas (lá, a Jaque me emprestou o desodorante e o Felipe me mandou todas as anotações de uma palestra que eu não vi, mas precisava saber sobre).
parece que “contar com as pessoas” significa que elas têm que fazer um grande gesto de amor e sacrifício em meu nome™, mas é muito mais simples (e legal) do que isso. é nas pequenas coisas, no dia a dia, no tête-à-tête no “ei, eu só queria alguém pra ir comigo até a Livraria Cultura num sábado à tarde” (esse dia com o Rozi foi incrível e me salvou), ou no “ow, você não iria comigo até em casa?” (o Nogueira vira e mexe dá dessas comigo).
viver junto das pessoas é muito mais legal do que passar a vida acreditando que eu sou sozinha. e, juro, eu já acreditei por tempo demais que era só. hoje, eu ando por aí na certeza de que se eu precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, alguém nesse meu entorno feliz vai estar disposto a me ajudar. e acho que só isso pode ser, de verdade, chamado de “viver“.
(ah, só pra terminar: tiveram ainda aquelas muitas vezes em que a Adriele topou trabalhar comigo de fim de semana e feriados em cafés espalhados pela cidade; e o dia que a Aline fez um ovo mexido delícia pra eu comer durante a aula porque não tinha jantado – nesse dia, o Diego tava junto e lembrou que eu não comia carne, porque a Aline ia colocar frango desfiado junto. chorei de emoção.)
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4 Comentários
Oi Maki, de vez enquanto (quando me surge um tempinho) eu apareço por aqui (até mesmo para acalmar a mente às vezes), e não lembro se já comentei certa vez, mas amo o modo como isso aqui é tão simples, espontâneo e tão cheio de vida. Por vezes te leio e te entendo, em outras te leio e tu me faz lembrar de enxergar além do meu preto e branco.
Não sou de esperar muito das pessoas, e é engraçado porque, apesar de não me importar em ajudar, eu não me sinto bem ao pedir porque parece que estou incomodando (que será algo desnecessário e o outro vai ser grosseiro comigo). Então é muito bom ler os teus relatos, pois me lembra de que há gente disposta a fazer o bem (e de que o comportamento do outro não é minha responsabilidade, como diz minha psic.). Você já ouviu falar num livro chamado “Portas Abertas: Três Meses na Europa sem um centavo no bolso”? A autora fala muito disso também, sobre as pessoas estarem sempre esperando o pior das outras, sendo que ainda tem muita gente boa por ai.
Ainda preciso reaprender a lidar com essa coisa de relacionamento, inclusive pensei umas três vezes se deveria mesmo escrever isso aqui. Se seria relevante ou sei lá. Mas é isso ai. Um passo de cada vez, e tamo junto!
Jessie, muito obrigado mesmo pelo seu comentário! fiquei muito feliz que você compartilhou o que sente aqui!
sabe, eu aprendi esses últimos anos que se a gente adotar uma postura de alguém confiável, com quem as pessoas podem contar, vai descobrir que as pessoas tão super dispostas a fazer isso pela gente também. é bem a prática do “faça pelos outros o que você espera que os outros façam por você”. e, mesmo que não façam, você vai perceber o quanto é incrível se colocar disponível pra quem precisa. e, quando você precisar, vai encontrar quem está disponível pra você também <3
Ai, teu texto me fez quase chorar aqui. Depois de um acontecimento que virou minha vida de cabeça pra baixo, eu passei a olhar com mais carinho as pessoas a minha volta. Assim do jeito que você escreveu, passei a prestar mais atenção nos pequenos gestos que as pessoas fazem por mim sem pedir nada em troca.
E alguma coisa mudou dentro de mim sabe? Eu passei a olhar as pessoas com quem convivo diariamente com mais carinho e decidi retribuir esse afeto de alguma forma.
Sei lá, só acho que essa energia boa de gentileza e amizade precisa fluir e eu quero fazer minha parte para que isso continue.
aaa Lari! me dá um abraço <3
é tão bom isso, né? olhar com mais carinho pras pessoas que tão do lado da gente e tentar retribuir o carinho que elas dão pra gente, né?