porque ter uma voz na internet é tão legal

eu nunca fiquei pensando muito sobre criar um blog. todas as vezes que eu abri um novo (e foram muitas), eu pensava só que tinham coisas que eu gostaria de falar e, se alguém lesse, seria incrível. claro que rolou uma época em que eu caí na falácia do ‘vamos todos ser ricos com a internet‘, e tentei criar um blog só pra ~ficar famosa~ e ~ganhar presentes~, mas o desancorando meio que nasceu dessa minha primeira necessidade: eu queria conversar com as pessoas e encontrei um lugar pra fazer exatamente isso.

pois bem. o mundo online (e até o offline também), hoje em dia vive em cima da ideia dos ~influenciadores~. essas pessoas mágicas que tem um poder sobrenatural de unir milhares de outras em um mesmo perfil e fazem disso uma carreira. daí, todo mundo quer um influencer pra falar coisas, fazer propagandas, pra vender produto…

mas eu acho que ninguém percebeu que, em tempos de internet, todo mundo é influencer.

há algum tempo a Lominha fez uma thread no Twittter falando sobre como ser influenciador tem pouco a ver com a quantidade de seguidores, e, sim, com ter uma voz que pode ser ouvida por alguém. eu fiquei muito com isso na cabeça, porque é fácil a gente achar que o que a gente fala não importa, por não ter milhares de pessoas acompanhando a nossa rotina matinal e nossas caras de sono no ônibus.

Ser um influenciador significa que você tem uma voz na internet. e isso é tão, tão importante. porque têm pessoas que te acompanham, que leem o que você fala e ficam ali, de radar ligado, esperando você dar uma bola fora (ou dentro). e ter uma voz significa, sim, ter uma certa dose de responsabilidade nas costas, porque a gente bem sabe que a internet não perdoa ninguém (eu sei exatamente como é isso).

o problema é que a maioria das pessoas decidiu usar a sua voz pra alimentar uma roda de raiva que só vai girar mais com o tempo. a gente usa a internet pra ‘desabafar‘ e descarregar os estresses do dia a dia, mas aí abre o Facebook e vê tanto ódio gratuito que fica difícil acreditar que o mundo tem saída. aliás, hoje mesmo eu vi um TED incrível em que o palestrante falava que o maior erro da internet é ter mantido tudo como público, porque isso gerou uma cultura autodestrutiva que a gente bem conhece – afinal, somos nós que estamos vendo o efeito disso no mundo, né?

se tudo deveria ser pago ou não, eu não sei. eu só sei que ter uma voz na internet é algo poderoso. porque as pessoas te leem. elas te seguem por um motivo e continuam te seguindo por um motivo (mesmo que esse motivo seja polêmico). a gente não sabe, mas é vigiado 24 horas por dia por todas as pessoas com quem a gente cruza pelo caminho (e isso vale também pro offline, viu?).

daí, se a gente usa essa nossa voz com raiva, com ódio, o que as pessoas vão pensar disso? se você ataca e se defende (porque, no fundo, é tudo a mesma coisa), se você alimenta as intrigas e fica apertando o F5 pra ver se mais alguém comentou alguma coisa polêmica naquele tópico X, o que você está ensinando pros outros?

não é fácil ter uma voz na internet, viu? porque as pessoas são cruéis, quando querem. elas estão sempre prontas pra devolver qualquer comentário com dez pedras nas mãos porque foram ensinadas a isso. elas não sabem fazer diferente. quantos anos na história da humanidade as pessoas tão alimentando a raiva alheia? acho que a gente não consegue chegar num número, viu… não dá pra contar nas mãos.

acho que tudo pode ser resumido em uma única pergunta:

que tipo de mensagem você quer passar pro mundo?

o desancorando pode ter começado como um desabafo pessoal sobre coisas que eu sentia, mas hoje eu sei que todo mundo que entra aqui, que me segue no Instagram ou no Twitter, aprende alguma coisa. e eu prefiro muito mais que elas saiam daqui com uma lição de amor debaixo do braço do que uma raiva. aliás, se tem uma coisa que eu estou cada dia mais eliminando permanentemente da minha vida é a raiva.

eu firmei um compromisso de ensinar as pessoas sobre o amor.

como isso vai ser feito? eu não sei. eu não determino mais como as coisas são feitas, sabe? eu sinto e faço, na linguagem que vem na cabeça, do jeitinho que acaba sendo publicado pra você. mas eu prometo que daqui nunca vai sair um ataque, uma ameaça ou palavras de desesperança.

quando a gente faz um post, qualquer que seja, em qualquer plataforma, a gente automaticamente se torna um influenciador. porque alguém vai ver. alguém vai ler aquilo e tomar pra si. vai achar que tem a ver com ela, que é um ataque pessoal ou que tem alguma coisa errada. ela vai ler e vai se sentir meio esquisita e aí vai levar essa esquisitice toda pra ouro lugar. é um ciclo sem fim, sabe?

tipo, o que você quer oferecer pro mundo? é isso que fica impresso em cada palavra que você escreve, em cada tuíte que faz, em cada foto que sobre no Stories. ter uma voz na internet é legal porque é uma oportunidade de você ensinar coisas incríveis pras pessoas. é uma chance de ir na contramão do mundo e mostrar coisas legais ao invés da visão pessimista de todos os dias. é achar que tem saída ao invés de ‘vamos todos dar as mãos e chorar porque a coisa não tem jeito e tá todo mundo perdido‘.

que mensagem você quer ser pro mundo? mais uma mensagem de raiva e conflito? mais alguém xingando muito no Twitter e falando mal dos outros (e também dos que falaram mal de você?) ou será que a gente vai ajudar a criar uma internet positiva, cheia de coisas legais e pessoas que se apoiam just because?

eu não sei vocês, mas eu acho bem legal ter essa voz aqui. tem dias que é difícil, sabe? que parece que a maldade que o mundo acha que tem vai me engolir e eu vou ficar trancada pra sempre num quarto sem portas ou janelas. mas aí eu lembro que posso mudar o propósito disso, e que posso ajudar as pessoas presas nas tais salinhas sem janelas a ver que tem uma passagem não tão secreta por onde elas podem sair.

o que você faz com a sua voz na internet?