teve um dia aí que eu comentei no Twitter sobre uma sensação que tava sentindo. uma coisa meio de querer parar uns 10 dias pra reorganizar a vida inteira, tirar o atraso do sono e meio que colocar tudo nos eixos. sabe como é? acho que nunca tive tantas respostas por lá e no Instagram quanto da vez que fiz essa pergunta: o que você faz quando bate aquela vontade de reoganizar tudo?
fiquei muito tocada de perceber que eu não era a única, e muita gente sentia mesma coisa. e o questionamento que ficou, mesmo, latejando na minha cabeça era: como eu faço pra mostrar pras pessoas que tem um outro jeito de lidar com isso?
pois é, acontece que eu mesma caí do cavalo legal nas últimas semanas. páginas matinais? não fiz. bullet journal? não fiz também. pulei treinos, fugi do trabalho e deixei acumular um monte de coisas. logo eu, a rainha da organização. o maior problema nem foi que as coisas saíram do eixo. a questão maior de todas é que eu me culpei, muito, por isso. por não colorir os quadradinhos no habit tracker, nem por montar um dia direitinho no meu caderno. por fazer anotações soltas em post-its que se perderam durante a semana e por só pensar em dormir e dormir e dormir todo tempo que eu pudesse (não que eu tenha feito isso). mas a ideia tava lá, martelando na minha cabeça.
daí que, nos dias que se seguiram a essa pergunta polêmica nas redes sociais, eu tive muitas interações que me deram a reposta pra essa pergunta. e por mais que a gente queira ouvir um sonoro ‘tira 15 dias de folga e fica longe das redes por um tempo‘, essa não é a solução. na verdade, nem de longe é o que resolve.
precisa rolar um perdão.
uhhh, peguei pesado, será? mas pois é, menina, é isso mesmo que tem que acontecer. eu preciso me perdoar, você precisa se perdoar, a gente precisa se perdoar. porque tanto faz se a gente segue a agenda à risca, se deixa de entregar um trabalho no dia e dorme de menos ou não. a questão é a que a gente se sente horrível por causa disso e não consegue sair desse loop de culpa. e se sente desmotivada e triste. mas o que é se sentir desmotivada e triste? culpa. é vontade de se punir, de provar pra si mesma que você não é capaz. é dar razão pra vozinha que grita atrocidades na sua cabeça.
tem que rolar um perdão. e tem que rolar um aceite. aceitar o confortável, aceitar o gostoso, aceitar que a gente merece uma vida boa, sabe? e eu sei qual é a pergunta que tá batendo na sua cabeça agora: ‘mas, Maki, o que tudo isso tem a ver com organização? eu preciso de tempo pra recuperar as energias e colocar as ideias no lugar, não pra ficar pensando em crises existenciais.‘
e eu respondo que as duas coisas tem tudo a ver. porque… sabe o que acontece? a gente tem certeza que o problema (e a gente chama de ‘problema‘ porque já acha que é algo ruim) tá fora da gente, e a gente tem que correr atrás de um jeito de ajustar isso. mas a gente se vê como tão insignificante dentro do universo, que tanto faz o que a gente faz ou deixa de fazer e ‘que se exploda o mundo eu vou mais é dormir até o meio dia no sábado e depois eu dou um jeito de compensar o trabalho atrasado’.
mas você nunca compensa, né?
e, olha, falando de experiência própria, tem horas que você precisa ouvir o seu corpo e dormir até o meio dia mesmo, porque ele sente os efeitos de todo esse esforço. e tudo bem. o que acaba com a gente é fazer isso por ataque, com contrariedade no coração, mandando um grande ‘foda-se‘ pro mundo e esperando que depois você consiga um jeito de fazer dar certo. mas aí você tenta escrever as matérias atrasadas ou os relatórios que passaram do tempo e não consegue colocar uma palavra pra fora. tenta tirar uma foto pro Instagram mas não consegue ver motivo pra isso. tem vontade de sumir por uns dias e ficar bem longe, isolada, colocando os pensamentos em ordem. mas mesmo no pouco tempo livre que você tem agora, você usa pra procrastinar ao invés de colocar a coisa em prática.
por isso tem que rolar um perdão. de você com você mesma. de você com os outros. porque aí, tá tudo bem você dormir umas horas a mais no fim de semana ou acordar cedo pra trabalhar no domingo. tudo bem você fazer fotos pro Instagram, elas são legais e as pessoas gostam. são um bálsamo pra elas também. tudo bem você ter certeza que precisa terminar o trampo ao invés de sair pra jantar com alguém. tem uma calma no coração que te diz o caminho, o que você tem que fazer.
a gente só insiste em não ouvir.
esperneia, xinga, diz que tá em ‘crise criativa‘, com ‘bloqueio‘. mas é só a sua mente ficando meio maluca e encontrando formas de colocar você pra baixo de novo, provando que o que você pensa de você é real. não é, viu?
pode tirar um tempinho pra reorganizar a agenda? claro que pode. tá liberado, sim. mas também pode só mandar essa vozinha estridente praquele lugar e voltar a fazer as coisas que você fazia antes, sem nem pensar duas vezes sobre o tempo que você ficou longe. pode acordar no dia seguinte e voltar a escrever, tudo certo. pode voltar a postar também. pode acordar no horário e ter certeza que você é importante e necessário em todos os lugares que você vai. pode olhar no espelho e falar pra você mesma:
eu me perdoo pelas minhas ilusões.
porque são ilusões. são coisas sem sentido que a gente pensa e acredita e fica reforçando sobre a gente. e aí a gente dá um nome pra isso. ‘não consigo escrever pro blog‘. ‘não consigo fazer fotos‘. ‘não tô com saco pra trabalhar‘. ixi, tem uma infinidade de nomes, isso. mas tudo começa com uma sensação nossa, lá atrás, que a gente comprou. de não se achar importante e dizer que essa vozinha, que é nossa, tem razão. e ela não tem. ela tá errada. ela mente.
e tá tudo certo com a gente.
no momento de dúvida, a gente para um segundo, toma um chá, respira fundo e fica quietinha, ouvindo e esperando aquela certeza de ‘é isso que eu tenho que fazer agora‘. não ignora. ouve. segue. e fica em paz. uma hora ou outra as coisas se ajeitam.
e vocês já devem ter percebido, mas tô falando isso pra mim também, que tomei um capote do cavalo, passei três dias rolando na lama até entender que dava pé pra levantar e que eu não tava sendo engolida por areia movediça. era só minha mente pregando peças em mim mesma, e tentando me distrair do meu propósito. ainda bem que eu lembrei.
agora é só trocar a roupa, tirar a lama do rosto, e subir de novo na sela. se eu cair, já sei que tem saída. e se eu cair, não vou mais me culpar por isso. tá tudo bem, afinal.
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12 Comentários
Oi de novo Maki! Já falei que amo seu blog? Se não falei, está dito. De verdade, você sempre parece ter as palavras certas para os momentos mais chatinhos. É coisa de outro mundo, mas seus posts são tão aconchegantes, passam uma sensação tão boa, dá para ver carinho em cada palavra escrita. Acho que todo mundo já teve essa sensação de querer dar uma pausa e colocar tudo no lugar, né? E a pior parte é se culpar por não seguir à risca uma agenda, um planejamento que na verdade devia ser algo pra ajudar. Você tem toda razão, precisa rolar um perdão.
muito! porque se não a gente fica com isso na cabeça e parece que não cala a boca! e rola uma culpa e uma sensação horrível de que a gente tá falhando de alguma forma. né? mas nãaaao! tá tudo bem. a gente pode começar de novo, dar a volta por cima e tentar outra vez, de outro jeito. tem que acalmar o coração e perdoar a si mesma de verdade!
Caraca! Tô chocada porque você descreveu exatamente o que rola comigo. E eu não tinha parado pra analisar dessa forma até agora. Me levanto e sigo o baile, mas sem entender o que aconteceu.
tem horas que a gente nem precisa entender, Elisa! é só perdoar e bola pra frente, a partir de agora vou fazer diferente hehehehe!
Maki, passei por isso por uns dias e já me perdoei diversas vezes por isso (e posso dizer que estou iniciando outra crise hoje).
Bem, muitas vezes tem a ver com a gente, do nosso grau de insatisfação, do modo que a gente lida com as coisas e principalmente com as pessoas (muito desses estados tem a ação de outra pessoa).
Graças a Deus tem saída, não é? Ficamos muito mais leves.
Abraços!
Divana, por mais que a gente ache que os outros podem influenciar no que agente sente, a questão é que isso é 100% com a gente. e é por isso que tem saída, porque a gente pode se perdoar e continuar em frente, fazendo diferente, sabe? por isso que eu nem tô mais fritando com isso e tô retomando os hábitos aos poucos! ❤️
acho que meu maior problema é conseguir achar a solução na hora, só depois é que penso no que poderia ser feito, mas as vezes consigo pensar “quer saber? só por hoje vou deixar pra lá e não fazer nada mesmo” ou “já que não posso organizar tudo, vou arrumar aquela pilha de papéis que estão na escrivaninha” e acaba sendo reconfortante, saber que é algo que vai passar.
que vai passar é certeza! mas a gente pode sempre se dar esse tempinho pra tentar ouvir a resposta, sem ficar pensando em qual é a melhor solução, sabe?
Ai Maki, obrigada por esses textos maravilhosos que me deixam sempre mais animada ♥
hahahaha fofinha <3
Esse post deixou meu dia mais feliz e leve <3 Obrigada!
aaaaa Kat! que feliz saber disso!