uma tatuagem e uma história engraçada

era 31 de outubro e o horário foi fechado às pressas. o dia era de flash day de halloween, um domingo meio chuvoso, mas eu consegui ser a primeira a ser atendida pra fazer uma tatuagem que não tinha nada a ver com o tema. tava passando um filme de terror horrível na televisão. eu tava meio nervosa, mas bem empolgada, e fiquei o tempo todo me concentrando pra não cair na sensação de ‘o que que tá acontecendo aqui, eu tô confusa só quero que desliguem essa TV‘ que tava rolando.

foi assim que eu fiz a minha tatuagem de A Bela e a Fera.

o ano era 2016 e a ideia que eu tinha, inicialmente, era fazer uma bússola. conversa vai, conversa vem, e na hora de encontrar com a artista (a incrível Scarlath Louyse), eu acabei mudando de ideia. é, acho que o momento é de fazer a minha rosa na redoma de vidro e colocar na pele tudo o que ela representa pra mim. a esperança. a beleza. o amor.

o desenho que a Scar fez, eu guardo até hoje em um dos meus bullet journals antigos, e espero colocar na parede do meu quarto em algum momento, uma lembrança dessa decisão e do trabalho maravilhoso que ela fez (e que tá na minha pele também, né?).

eu sempre vejo as minhas tatuagens como lembretes de coisas incríveis. um catavento pro tempo que eu morei na França. ‘jamais desistiremos‘ pela minha ligação com Shakespeare. ‘expecto patronum‘ é a minha proteção. mas essa flor é tipo a síntese de tudo isso.

doeu? só na hora de passar o branco, no final. a pele já tava cansada e esse último detalhe quase me fez chorar, porque tava tudo muito sensível. mas o resultado valeu a pena, é uma das coisas mais lindas que eu já vi e eu fico muito feliz dela estar assim, tão à mostra. todo mundo pode ver e admirar comigo essa beleza toda.

e é tanto detalhe lindo, sabe? tem o pontilhado, tem a rosa, tem o esfumado do vidro da redoma… tem a petalazinha caindo e tem os brilhinhos brancos. tem muito carinho, porque a Scar é muito carinhosa e detalhista, e a gente conversou um monte durante o processo e eu só fiquei lembrando ela que, apesar do filme de terror, das caveiras e pentagramas e bruxas, aquilo ali tinha um motivo muito maior.

eu não tava sozinha, também. a Bella tava comigo, e ela foi muito companheira. a gente foi juntas definir o desenho, um dia antes, porque ela também ia tatuar. ela foi comigo fazer a minha tattoo e, no dia seguinte, eu fui com ela fazer a dela. a gente aproveitou esses encontros pra tomar chá e comer bolinho, e também pra não se deixar cair nas divagações do mundo. foi um fim de semana estendido que eu lembro com muito carinho.

eu admiro muito essa tatuagem. eu faço carinho nela (sério). eu olho pra ela quando preciso de inspiração e sei que as outras pessoas fazem isso também. eu gosto de pensar que tenho alguma coisa tão bonita na minha pele que todo mundo pode curtir junto.

já foi motivo de elogio no balcão do café, pra puxar conversa no bar, até de distração num papo mais profundo. ‘é que é tão bonito, né?‘. tô me achando? sei lá, mas olha pra essa belezinha, gente, me diz se você não gostaria de ficar admirando isso o dia inteiro também?

foi a última tatuagem que eu fiz (até agora) e já tô pensando na próxima (que eu espero que saia tão linda quanto), mas até lá, eu olho pra essa flor e lembro da sua delicadeza, do carinho que ela engloba, da história que ela tem. do que ela me lembra, entende? e que lembrete mais lindão ♥

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