cotidiano

ginástica

teve um dia que eu tava no meio do meu treino (aquele físico, sabe?) e pensei bem assim: ‘ei, eu gosto muito disso. é divertido!‘. e é mesmo. treinar é muito divertido. movimentar o corpinho é legal e eu amo demais colocar a minha roupa de ginástica e fazer 3 séries de 15 repetições de afundo com 30 segundos de intervalo.

eu sei, talvez não esteja totalmente sã.

ou talvez eu esteja apenas vendo as coisas de uma forma diferente. tipo com a proteína e com o que eu me alimento todos os dias. tinha uma época em que eu detestava fazer ginástica e qualquer tipo de exercício físico, e sempre lutei contra o sedentarismo. era uma luta mesmo. eu reclamava na minha cabeça o tempo inteiro que tava sedentária, que passava o dia sentada numa cadeira e não tinha fôlego pra correr atrás do ônibus quando chegava atrasada no ponto.

eu amo dançar. o balé era uma das minhas maiores paixões, mas um acidente de carro milhares de anos atrás e uma falta de coragem de continuar na dança depois de adulta me afastou das sapatilhas – fora que não ajudava a falta de vontade de levantar da cama todos os dias, sabe? era meio difícil pensar em dançar quando arrumar a cama era uma tarefa impossível.

eu lembro de ter vergonha de me olhar no espelho. e fazia os exercícios olhando pro outro lado porque eu não aguenta ver o meu reflexo. eu achava feio, estranho. esquisito. mas aí eu topei treinar de um lugar diferente, de um jeito que eu não conhecia (e ainda não conheço) e de seguir orientação de alguém que sabia mais do que eu sobre esse assunto. e, olha só menina, que coisa doida, é muito legal treinar.

o maior susto que eu tomei, nos últimos vezes, foi correr atrás do ônibus (de verdade) e não perder o fôlego ou querer morrer com a dor no baço no meio do caminho. A segunda foi pular até bater o joelho na cadeira na frente no show do Coldplay (cantando ao mesmo tempo), sem ficar com a respiração presa na garganta e a sensação que eu ia desmaiar se cantasse mais um verso.

ginástica

a gente subestima o que significa ter um corpo em forma, né? não tem nada a ver com padrão de beleza (oi?), com ficar bonita, com ter um corpo legal pra usar biquíni (de novo: oi?), mas de aproveitar os momentos bons, sabe? na verdade, de aproveitar todos os momentos sem aquela sensação de que o seu corpo não vai segurar essa barra que é gostar de você.

tipo, sabe essa coisa de achar que você não é capaz de fazer as coisas? tem a ver com isso também. eu sempre me achei uma pessoa fraca, que eu não tinha capacidade de fazer certas coisas por causa de toda essa fragilidade. tem uma coisa de ser frágil, quebrantável, temporária. melhor não forçar, se não quebra e aí eu fico sem. entende o que eu tô querendo dizer?

mas aí, a gente percebe que dá pra olhar pra essa coisa que a gente chama de corpo do mesmo jeito que a gente olha pra um carro. é uma ferramenta, e pra funcionar bem a gente tem que cuidar. então, a gente se alimenta daquilo que faz bem e ajuda o corpo a ficar saudável. a gente faz um exercício pra ajudar a ficar em forma e pronto pro que precisar. a gente lava com carinho, passa uns cremes pra ficar com a lataria brilhante e gostosinho de olhar (e passar a mão de vez em quando). é carinho, sabe? exercício físico é carinho.

daí a gente compra um tênis bonito e shorts fofinho pra levar a ferramenta pra treinar salto e roscas diretas infinitas com pesos que mudam a casa série pra dar um choque no músculo e fazer ele acordar. e a gente fica presente, presta atenção na contração, solta o ar na hora de puxar, inspira quando estica. presta atenção na postura, não força a lombar e tira o foco do trapézio. não mexe o resto do corpo na hora de contrair, o foco é no bíceps e você não é uma gangorra. devagar e com carinho, sem forçar o corpo.

eu normalmente vou dormir sentido que fui atropelada por um caminhão. e acordo com o corpo tão dolorido que eu viro o próprio Horário lavando o cabelo no banho, depois de acordar. mas é uma sensação boa. é sensação de vida. oi, tem um músculo aqui, olha como ele funciona! e você vê o corpo ficando forte e tem vontade de fazer coisas que nunca fez antes, tipo usar shorts no verão ou correr no parque. porque você entende que pode. você pode, boba, para de falar que essas coisas não são pra você. tá permitido cuidar do corpo com carinho e querer que ele fique tão forte quanto você já é, viu?

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Escrito pelaMaki
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8 Comentários
  1. Renata  em fevereiro 08, 2018

    Adorei teu texto! Não gosto de academia nem exercícios certinhos, controlados, mas gosto de me exercitar. Jogo basquete, pedalo, corro e ando com a ideia de aprender longboard. Andava de skate e roller quando mais nova e acho vou voltar! Talvez eu aprenda também slack line e futebol, quem sabe. Seu post me animou a tentar!

    • Maki  em fevereiro 11, 2018

      menina, você é super esportiva! que divertido ♥ tomara que você consegui fazer tudo!

  2. Bruna Baez  em dezembro 18, 2017

    Até vou pra academia hoje, depois desse post! Sério, estou parada há um mês, sempre inicio e paro e por causa desse post me deu vontade de treinar até chegar nesse nível de entender o carinho e o presente que estou me dando com isso! Beijos, obrigada pelo texto.

    • Maki  em dezembro 29, 2017

      brigada você pelo comentário, Bruna ♥

  3. Yngrid  em dezembro 15, 2017

    Que texto maravilhoso, faz umas 2 semanas que conheci o blog estou amando cada pedacinho dele.
    Eu estou em um dilema, de fazer exercícios ou ficar parada me entupindo de porcarias e continuar acima do peso e com a pressão nas alturas… Ler esse texto foi como uma vitamina para os meus ânimos. Obrigada pelo texto Maki, e que você continue escrevendo coisas inspiradoras para nós.

    • Maki  em dezembro 15, 2017

      ahhh, Yngrid… brigada por esse comentário lindo, mesmo ♥ e força! você pode se cuidar com carinho e ficar bem, sempre!

  4. Carol Justo  em dezembro 14, 2017

    Ai, que post mais lindo. Sério mesmo.
    Eu amo fazer academia, não curto muito fazer os exercicios em si, mas eu amo o ambiente da academia, a disposição que eu sinto quando pratico atividade física regularmente, a sensação boa de correr e não se sentir mal. Cuidar do corpo trás tantos beneficios que a aparência se torna o menos importante

    Carol Justo | pink is not rose

    • Maki  em dezembro 15, 2017

      é verdade, Carol. o melhor é a sensação de cuidado que a gente coloca, sabe? daí fica até divertido, né?